Rio - A Organização Mundial da Saúde está desenhando um cenário em que a humanidade ainda desconhece e para o qual suas políticas multilaterais de água limpa, vacinação, esgotamento sanitário e controle de endemias e epidemias foram contributivas. Neste aspecto, o cenário é alentador, pois revela que os seres humanos estão vivendo mais, como consequência da melhoria da qualidade de vida nos países ricos e pobres.
Nos últimos 50 anos, a população brasileira passou de 70 milhões, em 1960, para 190,7 milhões, em 2010, quase triplicando. O crescimento do número de idosos, no entanto, foi ainda maior. Em 1960, 3,3 milhões de brasileiros tinham 60 anos ou mais e representavam 4,7% da população. Em 2000, 14,5 milhões, ou 8,5% do total, estavam nessa faixa etária. Em 2010, o crescimento foi ainda mais expressivo, com 20,5 milhões com 60 anos ou mais, representando 8% da população.
No âmbito da Organização Internacional do Trabalho, o que se pensa é incorporar mais e mais idosos, mesmo aposentados, no mercado, o que chamou de upsizing, para lhes dar ocupação e ajudar a financiar o seu projeto final de vida. O ponto de partida é ampliar para 70 ou 75anos a idade mínima para aposentadoria e adotar mecanismos restritivos nas pensões. Esta alternativa europeia não alcança a África, Ásia e Américas.
Na América Latina, o proselitismo, o assistencialismo, o clientelismo e o populismo desfiguraram a Previdência Social contributiva e fortaleceram a Assistência Social. Por aqui a bomba-relógio da demografia vai produzindo pessoas que vão precisar de proteção social e que não têm condições de contribuir para se aposentar.
Paulo César Régis de Souza é presidente da Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
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