domingo, 12 de agosto de 2012

Frei Betto: Busca da felicidade

O Dia


Rio -  Um grupo de amigos conversava sobre o maior bem que um ser humano pode obter e todos buscam, até mesmo ao praticarem o mal: a felicidade. O que é uma pessoa feliz? O que faz alguém feliz? “Como se observa — ponderou um dos amigos —, há quem considere a felicidade um estado de espírito e quem a atribua à posse de algo — poder, riqueza, saúde, bem-estar.

Concordamos que, na sociedade neoliberal em que vivemos, o ideal de felicidade está centrado no consumismo. O que não significa que, de fato, ela resulte da posse de bens materiais ou da soma de prazeres.

Um dos amigos observou que o Cristianismo, frente ao sofrimento humano, foi sábio ao deslocar a completa felicidade da Terra para o Céu, embora admitindo que aqui nesta vida se possa ter momentos de felicidade. Outro observou que o Céu cristão é apenas uma metáfora da plenitude amorosa. E que Deus é amor e não há nada melhor do que amar e sentir-se amado.

Foi então que o mais velho entre nós ponderou: “O que faz uma pessoa feliz não é a posse de um bem ou uma vida confortável. É sobretudo o projeto de vida que ela assume.” Todo projeto — conjugal, profissional, artístico, científico, político, religioso — supõe uma trajetória cheia de dificuldades e desafios. Mas é apaixonante. E é a paixão ou, se quiserem, o amor, que adensa a nossa subjetividade. E todo projeto supõe vínculos comunitários. Se o sonho é pessoal, o projeto é coletivo.

Demos razão a ele. Viver por um projeto, uma causa, uma missão, um ideal ou mesmo uma utopia, é o que imprime sentido à vida. E uma vida plena de sentido é, ainda que afetada por dores e sofrimentos, o que nos imprime felicidade.

Frei Betto é escritor, autor do romance ‘Minas do ouro’

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