Quem nasceu em Campos ou mora aqui há algum tempo com certeza já ouviu esta expressão que serve de título à nossa postagem. E, infelizmente, corresponde à nossa realidade.
Basta uma caminhada pela cidade para perceber a total falta de preocupação com a preservação do patrimônio histórico. Campos poderia, tranquilamente, ser como Ouro Preto, com seu centro histórico totalmente preservado. Já teve, não tem mais. É caminho sem volta.
Alguém aí lembra do famoso orfeão Santa Cecília? Do saudoso Conservatório de Música de Campos? Do orfeão Juca Chagas? E dos mais recentes festivais de inverno? E das bandas da cidade, resistindo bravamente algumas: operários campistas, Guarani, dentre outras. E o prédio da Lira de Apolo, na praça do Santíssimo Salvador? E por falar nisto, tiveram coragem de botar abaixo o prédio da antiga Santa Casa na mencionada praça, assim como puseram abaixo o prédio do antigo teatro Trianon, sem saudosismo, muito mais bonito que o atual teatro (fora seu valor histórico). Das soires no antigo teatro, então, aí mesmo você nunca deve ter ouvido falar.
E carnaval? Os corsos, os desfiles; todos manifestações espontâneas populares, substituídas pelo dito "carnaval oficial".
Pois eu não acredito que quem precisa de ajuda, principalmente estando a frente de uma ONG com projeto social sério ( e não muitas destas ONGs que de "não governamentais" não têm nada) negue a ajuda oferecida. Por que esta súbita mudança de foco? Por que não mudamos de foco, apenas de matiz no assunto.
Em Campos temos, há 18 anos, uma ONG chamada "Orquestrando a Vida", que presta um serviço sério e de qualidade, dando formação profissional à crianças de áreas carentes do nosso município. Muitos de seus ex alunos hoje são músicos profissionais, vivendo da arte. São anos de muita luta, com projeto envolvendo escolas públicas (projeto este que durou uns três anos, e que parou por falta de apoio dos nossos administradores públicos), com as orquestras, com os festivais de inverno que contavam com professores e alunos brasileiros e estrangeiros. Parte deste trabalho já caiu na conta do "já teve", e agora a ONG também corre este risco.
Argumenta o secretário de cultura do município, em email enviado ao blogueiro Roberto Moraes que "Sempre estivemos abertos ao diálogo com o artista Jonny William, diretor da belíssima Orquestra Sinfônica que leva o nome de Mariucia Iacovino. Ano passado tentamos fazer uma parceria com elae, via Trianon, no valor de 240 mil para dar sustentabilidade ao seu projeto com as crianças da periferia. Ele não quis e nem deu explicações. Apesar de nossas inúmeras tentativas, ele não diz o que quer e nos faz sentir uma culpa que absolutamente não nos cabe. Puro charme que enfatiza (mais) o brilho de seus olhos verdes."
Que me perdoe o ilustre secretário, mas, como afirmei acima, não acredito que uma pessoa responsável por um trabalho com esta envergadura recusaria ajuda. Além do mais, sugiro ao secretário que faça como a prefeitura de Niterói, com seu Projeto Aprendiz: abraçar a causa, por sua importância, independente de tudo. Afinal, a prefeitura é do povo, e o povo quer a continuação do projeto da ONG Orquestrando a Vida.
Hoje contamos com todos na praça do Santíssimo Salvador, às 17 HORAS, para o (esperamos que não) último concerto das orquestras da ONG.
Hoje contamos com todos na praça do Santíssimo Salvador, às 17 HORAS, para o (esperamos que não) último concerto das orquestras da ONG.
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