Sou professora em uma escola que atende alunos com deficiência visual plena ou parcial, e, sinceramente, não há inclusão de fato destes alunos. Para começar, todas as salas são no segundo andar do prédio, cujo acesso é feito por escadas. Em segundo lugar, as salas são lotadas, fator que segundo os próprios alunos atrapalha muito sua compreensão da matéria. Em terceiro, a escola não conta com os recursos adequados para atender estes alunos- a impressora em braile há muito tempo está quebrada; não há livros em braile na biblioteca.
Sendo assim, me chamou a atençção o texto de Ricardo de Azevedo que transcrevo abaixo, não só pela situação da escola onde trabalho, mas também pela situação do Educandário São José Operário que, em Campos dos Goytacazes, procura atender os portadores de deficiência visual.
Ricardo de Azevedo Soares: Educação realmente inclusiva
Fonte: Jornal O Dia
Rio - Mais uma vez o Instituto Benjamin Constant (IBC) e o Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines) são ameaçados em seus funcionamentos plenos. Há ameaça real por acabar com as atividades escolares nestas duas instituições seculares. Desde a década de 60, isso acontece. Mas o momento atual é o mais crítico. Há um projeto de lei, o 8.035, o Plano Nacional de Educação, que prevê metas e diretrizes para a educação nos próximos 10 anos. E dentre as metas, a 4, desconsidera por completo a educação especializada de qualidade. Assim, está posta de modo claro e objetivo a real pretensão do governo de acabar com escolas como o IBC e o Ines.
Declarações da diretora de Políticas de Educação Especial do MEC, Martinha Clarete Dutra, de que em 2012 não haveria mais matrículas nessas escolas fizeram com que disparasse a mobilização dos segmentos de cegos e surdos para evitar que algo fosse implementado. Os pseudodefensores da Educação Inclusiva atribuem a pecha ao IBC e ao Ines de instituições segregadoras e formadoras de guetos. Defendem que crianças com deficiência estudem como quaisquer outras ditas normais, em escolas da rede regular de ensino.
Ora, sabemos que nossos professores, em geral, infelizmente não têm formação para a educação de crianças com deficiência. As escolas não são preparadas, via de regra, para tal atendimento. Como fazer e bem uma educação inclusiva de qualidade e de maneira responsável nessas condições?
Se fizermos as coisas de modo irresponsável, corremos sério risco de acabarmos com gerações de pessoas com deficiência. Crianças e mais crianças não terão formação necessária para enfrentar o mercado de trabalho e ser cidadãos plenos. Ninguém em sã consciência pode ser contra a educação inclusiva, até porque entendemos que já é feita pelo Benjamin Constant há 156 anos.
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