domingo, 11 de novembro de 2012

Frei Betto: País de contrastes

O Dia


Rio -  O Brasil é um país de contrastes. Com população de 192 milhões de habitantes (dos quais 30 milhões na zona rural, onde predomina o latifúndio com grandes extensões de terras improdutivas), apenas 6,6 milhões de brasileiros se encontram na universidade. E dos 92 milhões de trabalhadores, quase a metade não tem carteira assinada.

Temos a maior área fundiária da América Latina e nunca se fez aqui uma reforma agrária. Somos o principal exportador de carne e temos a segunda maior frota de helicópteros das Américas, e convivemos com a miséria de 16 milhões de habitantes (dos quais 71% são negros e pardos).
As marcas de 350 anos de escravidão no Brasil ainda são visíveis no fato de a maioria da população negra ser pobre e, com frequência, discriminada.

Embora 65% da renda nacional se concentrem em mãos de apenas 10% da população, o país experimenta sensíveis melhoras. Graças aos programas sociais dos governos Lula e Dilma, 30 milhões de pessoas deixaram a miséria.

No entanto, 4 milhões de menores de 14 anos de idade ainda se encontram fora da escola e submetidos a trabalhos indignos. Cinco milhões de agricultores sem-terra se abrigam em precários acampamentos à beira de estradas ou habitam assentamentos com baixo índice de produtividade. Dos domicílios, 47,5% carecem de saneamento básico. Isso abrange um universo de 27 milhões de moradias nas quais vivem 105 milhões de pessoas. Há cerca de 25 mil pessoas submetidas ao trabalho escravo, sobretudo nos estados da Amazônia.

Embora a situação social do Brasil tenha melhorado substancialmente na última década, falta ao governo implementar reformas estruturais, como a agrária, a tributária e a política.

Frei Betto é escritor, autor do romance “Minas do ouro”

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