Rio - Patrícia Acioli, juíza assassinada no dia 11 de agosto, recebeu uma homenagem póstuma da Nação, através da presidenta Dilma Rousseff, por haver se destacado no combate às violações dos direitos humanos, na categoria enfrentamento à violência.
Justa homenagem, embora tardia. Há anos Patrícia lutava tenazmente no combate à violência, com dedicação e coragem, mas isso não foi reconhecido a tempo, sequer por seus companheiros de toga. Muitas vezes lutou sozinha por convicção própria e vocação. Mas, assim como tantos outros juízes de primeiro grau, não teve seus méritos reconhecidos porque não constava dos favoritos, que através de métodos como o compadrio e parentesco recebem o reconhecimento do poder.
Ainda há muitas Patrícias e Patrícios vivos na Magistratura, mas por não participarem das procissões de louvação com beija-mão e lava-pés aos que decidem, não são contemplados em vida com um reconhecimento meritório. Apenas para citar alguns, reconhecendo estar sendo injusto com muitos, a juíza Telma Fraga faz um trabalho exemplar de resgate da cidadania recuperando presos condenados e ajudando-os na reinserção social através do trabalho e da valorização de seus talentos, sem qualquer apoio ou reconhecimento oficial.
A juíza Adriana Ramos há anos se dedica ao combate à violência familiar, e, graças à sua tenacidade, contatos pessoais e coragem, conquistou muitos espaços e a criação das varas de violência doméstica, realizando inúmeros seminários no País sobre o tema.
Muitos ainda são os magistrados que anonimamente constroem uma justiça social graças ao seu esforço pessoal e têm um reconhecimento externo muito maior do que o interno. Ser livre é poder olhar para nós mesmos e vermos o que podemos melhorar. Ser livre é poder doarmos de nós um pouco do que sabemos ao nosso próximo. O poder só se justifica se for para servir.
Siro Darlan é desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
e membro da Associação Juízes para a Democracia
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