sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

22 de dezembro de 1988: O assassinato do seringueiro Chico Mendes

Fonte: Jornal do Brasil,  Lucyanne Mano

      "Se descesse um enviado dos Céus e me garantisse que minha morte iria fortalecer nossa luta, até que valeria a pena. Mas a experiência nos ensina o contrário. Então eu quero viver. Ato público e enterro numeroso não salvarão a Amazônia. Quero viver."
      Foi o que disse Francisco Alves Mendes, Chico Mendes, nascido nos seringais, filho de seringueiros e seringueiro ele próprio, por destino e vocação. O ecologista e presidente do Sindicato os Trabalhadores Rurais de Xapuri (AC) foi morto a tiro de espingarda na sua fazenda, a 300 quilômetros de Rio Branco, quando saía de casa para ir ao banheiro no quintal.
      Chico, foi o mais importante ativista ambiental brasileiro. Sua luta pela preservação da Amazônia foi a causa do assassinato. Já vinha sendo ameaçado de morte e não tinha mais vida pessoal. Não dormia dois dias seguidos na mesma casa, além da proteção permanente de dois PMs, cortesia do governo do Acre.
      Mas o desejo de rever a mulher e os três filhos falou mais forte que as preocupações de segurança. Naquele dia, antes de jantar, resolveu tomar um banho, e os PMs ficaram dentro da casa. Os assassinos Darly e Alvarinho Alves cumpriram a promessa. O líder seringueiro já circulava nos meios ligados à ecologia no exterior, sempre denunciando o desmatamento da Amazônia.

União dos Povos da Floresta

      Chico Mendes ficou internacionalmente conhecido ao ser condecorado pela ONU, no dia 5 de junho de 1987, data em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente. Foi líder do movimento que busca unir os interesses dos índios e seringueiros em defesa da floresta graças à criação de reservas extrativistas.

O assassinato de Chico Mendes. Jornal do Brasil: Sábado, 24 de dezembro de 1988.
 
      Seu velório transcorreu sob tensão e perplexidade. Para que não morra sua luta em defesa da Amazônia e dos povos da floresta, foi criado o Comitê Chico Mendes, formado no Acre por 24 entidades não-governamentais, sindicais e de estudantes.

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