No próximo ano teremos eleições municipais. Porém, está a cada dia que passa mais difícil escolher um candidato que mereça o nosso voto.
Dá nojo assistir às propagandas partidárias obrigatórias e seus velhos discursos de que as prioridades do governo serão a educação, a saúde e a segurança pública. Já repararam que estas são, justamente, as áreas mais carentes de atenção do poder público?
Irei me concentrar na minha área de atuação: a educação. Vivemos nas escolas públicas uma realidade, no mínimo, esquizofrênica. Por um lado há uma pressão intensa para que os alunos sejam aprovados. Os alunos têm, hoje, 4 recuperações ao ano, fora bimestres com trabalhos variados e pouca matéria sendo dada. Preguiça do professor? Não, houve uma redução significativa das cargas horárias de várias disciplinas (um exemplo: o aluno tinha 4 aulas semanais de História. Hoje, dependendo do ano que está cursando, tem apenas 2 aulas semanais). Do outro lado, o governo exige, através das avaliações periódicas, bom desempenho do aluno. Como assim?
Solução? Claro que há. O que não há é vontade política para tal. Nas escolas há professores mal remunerados, que têm que trabalhar em vários empregos para dar conta das despesas de suas famílias. E ninguém viaja para resort de luxo no nordeste, ninguém anda de helicóptero ou avião. É despesa banal do dia-a-dia mesmo, colégio, saúde, moradia. Afinal, se você não pagar um plano de saúde para a sua família vai acabar morrendo em uma eterna peregrinação pelos hospitais públicos, como a televisão tem mostrado exaustivamente nos últimos dias.
Noto em meus alunos um verdadeiro descrédito em relação à educação. Se eles soubessem o futuro negro do nosso país, não estariam tão “na boa”. Senão, vejamos o que a História tem à nos ensinar: não há mão-de-obra qualificada no Brasil em quantidade suficiente para atender à demanda. E isso você apura conversando com qualquer pessoa do setor das indústrias. Enquanto isto, a Europa está em crise, com este tipo de mão-de-obra sobrando por falta de emprego.
Durante muitos anos os europeus vêm protestando, em uma visão equivocada sobre a sua realidade, contra a presença imigrante em seus países, “roubando” seus empregos. Porém, imigrantes na Europa destinam-se à parte do mercado de trabalho que os europeus em geral não ocupam: o da mão-de-obra não qualificada.
Daqui a alguns anos (mas não muitos) serão os brasileiros que estarão protestando por este motivo, ou seja, a ocupação do mercado de trabalho por imigrantes. Porém, a parte ocupada será justamente a melhor, ou seja, a da mão-de-obra qualificada, a dos melhores salários. Para os nativos sobrarão os subempregos, e a junção da ignorância com a necessidade irá (e já nos dá exemplos) gerar movimentos sociais explosivos. Será que iniciativas populistas de bolsas isso e aquilo darão conta desta realidade? Afinal, norte-americanos e europeus são extremamente avessos ao Estado do bem-estar social. Serão os estrangeiros naturalizados os futuros eleitores. Por enquanto agradar a turba ignara faz sentido para a maioria da classe política. No futuro não fará mais.
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