Desde que aqui pisaram, muita insatisfação trouxeram: de quem vinha, mas queria voltar; de quem vinha na espera da riqueza; de quem vinha pela força do degredo; e daqueles pela desesperança.
Os negros, estes vieram pela força. Destino de roças e de bateias, maioria fazendo-se minoria, reis sequiosos de passado, quilombos de liberdade.
A palavra do Cristo, de mansidão fez-se força, e os deuses da natureza foram mortos ou exilados para o escuro das matas.
Na bandeira, o verde e amarelo dos Brangança. Nas Minas Gerais
“melhor negócio que Judas
Fazes tu, Joaquim Silvério:
Que ele traiu Jesus Cristo,
Tu trais um simples Alferes.
Recebeu trinta dinheiros...
- e tu muitas coisas pedes (...)”1
Mas os negros da revolta baiana não mereceram poema...
No Rio de Janeiro, encanto e desencanto da corte portuguesa.
-Tu ficas, Pedro, e garante a coroa
Antes que algum esperto o faça.
Nossa, como uma monarquia manteve-se em meio a tantas Repúblicas?
O tempo, senhor de tudo, passou, e o desejo de manutenção virou desejo de mudança. O descendente Bragança não era mais necessário. Tivemos República até a maioridade, e um imperador fotógrafo meio cego para a realidade: o que fazer com o Brasil?
Mais uma vez o povo ficou no canto do retrato. A República fez-se num golpe, e muitos generais revezaram-se no poder, com breves momentos civis. Presenciamos ditaduras e democracias, acordos e desacordos, e muitos estrangeiros com mando ainda no Brasil.
Mas, se é sete de setembro, porque o grito do Ipiranga passou tão despercebido neste pequeno texto?
Não conhecemos ainda a independência:
• Somos dependentes para pensar;
• Somos dependentes para votar;
• Somos dependentes para morar e comer;
• Quando lutamos somos reprimidos, seja pela força, pelas leis ou pela corrupção.
“Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado.
Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da Nação.
Que país é este?
Que país é este?”2
Espantoso é saber que uma realidade da década de 1980 ainda esteja tão presente...
Façamos, no futuro, setes de setembro diferentes.
Silvia Costa da Silva
1- Cancioneiro da Inconfidência- Cecília Meireles;
2- Que País é Este?- Renato Russo
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