quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sete de Setembro Para Quem?

      Desde que aqui pisaram, muita insatisfação trouxeram: de quem vinha, mas queria voltar; de quem vinha na espera da riqueza; de quem vinha pela força do degredo; e daqueles pela desesperança.
      Os negros, estes vieram pela força. Destino de roças e de bateias, maioria fazendo-se minoria, reis sequiosos de passado, quilombos de liberdade.
      A palavra do Cristo, de mansidão fez-se força, e os deuses da natureza foram mortos ou exilados para o escuro das matas.
      Na bandeira, o verde e amarelo dos Brangança. Nas Minas Gerais
                “melhor negócio que Judas
                Fazes tu, Joaquim Silvério:
                Que ele traiu Jesus Cristo,
                Tu trais um simples Alferes.
                Recebeu trinta dinheiros...
                - e tu muitas coisas pedes (...)”1
      Mas os negros da revolta baiana não mereceram poema...

      No Rio de Janeiro, encanto e desencanto da corte portuguesa.
      -Tu ficas, Pedro, e garante a coroa
      Antes que algum esperto o faça.
      Nossa, como uma monarquia manteve-se em meio a tantas Repúblicas?
     
      O tempo, senhor de tudo, passou, e o desejo de manutenção virou desejo de mudança. O descendente Bragança não era mais necessário. Tivemos República até a maioridade, e um imperador fotógrafo meio cego para a realidade: o que fazer com o Brasil?
      Mais uma vez o povo ficou no canto do retrato. A República fez-se num golpe, e muitos generais revezaram-se no poder, com breves momentos civis. Presenciamos ditaduras e democracias, acordos e desacordos, e muitos estrangeiros com mando ainda no Brasil.
      Mas, se é sete de setembro, porque o grito do Ipiranga passou tão despercebido neste pequeno texto?
      Não conhecemos ainda a independência:
      • Somos dependentes para pensar;
      • Somos dependentes para votar;
      • Somos dependentes para morar e comer;
      • Quando lutamos somos reprimidos, seja pela força, pelas leis ou pela corrupção.

                “Nas favelas, no senado
                Sujeira pra todo lado.
                Ninguém respeita a constituição
                Mas todos acreditam no futuro da Nação.
                Que país é este?
                Que país é este?”2

      Espantoso é saber que uma realidade da década de 1980 ainda esteja tão presente...
      Façamos, no futuro, setes de setembro diferentes.
Silvia Costa da Silva

1- Cancioneiro da Inconfidência- Cecília Meireles;
2- Que País é Este?- Renato Russo

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