sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Retrocesso

Após três anos de ausência minha esperança era, após o período, retornar com notícias melhores, pessoas melhores, cenário melhor. Doce ilusão. Nunca vi um período tão pobre no Brasil, e infelizmente não falo apenas do setor econômico.
Eu, sinceramente, não sei se o que houve foi a derrubada das barreiras que represavam a falta de educação, o racismo, o machismo; ou se parcela do povo brasileiro mudou para pior.
O que vemos são pessoas incapazes do diálogo, com a certeza de que a opinião individual é a única válida; homens convictos de que matar uma mulher que se nega a ele é extremamente válido. Os que não chegam a tanto espancam e ameaçam para a manutenção de suas vontades. De qualquer modo, violência é violência.
Ser diferente virou também motivo para a ereção dos tribunais populares: gordos, deficientes, homossexuais, transexuais, negros, todos são vistos como o alvo fácil da vez. E o pior que tudo isso em um país no qual boa parte da população se afirma cristã. Não consigo localizar em nenhuma parte dos evangelhos pregação cristã para a morte de gays, discriminação de negros, destruição de locais religiosos de culto diferente do do agressor, para a pena de morte de bandidos (destaque-se os negros e pobres, pois ninguém fala em pena de morte para os bandidos de colarinho brancos, para os filhos da elite).
Sendo assim, contraditoriamente, não me causa espanto ouvir pessoas que se dizem cristãs, ouvir pessoas que são, teoricamente esclarecidas, declarando seu voto em Bolsonaro, ou pedindo o retorno da ditadura. A opção pelo viés autoritário é a opção dos preguiçosos, daqueles que não querem se dar ao trabalho de lutar pelos seus direitos, lutar contra a corrupção, analisar a política de forma profunda antes de fazer suas escolhas. O segredo é o seguinte: se voltar a ditadura e as coisas não derem certo,a culpa não é minha, mas do governo. Afinal, é uma ditadura. Se Bolsonaro for eleito, idem, afinal, não tenham dúvida, será um governo autoritário. Ninguém assume nada, assim como os que bateram panelas não assumiram o baticum, assim como os que fizeram campanha para Aécio "nunca a fizeram".
Ah, você então é petralha. Nem petralha nem coxinha. Enquanto os bobos perdem tempo nessa batalha patrocinada pela mídia, os políticos "deitam e rolam". Perde-se tempo, e mais uma vez ninguém analisa profundamente a situação.
Agora, se a eleição do ano que vem se polarizar, use a cabeça. Vote no candidato com histórico favorável ao trabalhador ( a não ser que você seja banqueiro, empresário ou coisa que o valha).

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