sexta-feira, 4 de março de 2011

Bônus com ônus

Mais uma caso de violência que beira o absurdo (ou nele já está). Lavínia é assassinada cruelmente pela amante do pai, e a opinião pública se espanta, se revolta, mas logo vem o carnaval...
Nesta estória toda apenas um detalhe tem escapado da análise do caso feita pela imprensa, mas este detalhe é bastante significativo,e, portanto, tem muito a dizer.
Em nossa cultura machista, as pessoas de todas as classes costumam ver como algo "aceitável" um pai de família ter uma amante (ou até mais de uma), desde que as "filiais" se comportem como a "mula sem cabeça" (ou mulher de padre, no repertório popular: existem, todos sabem, mas fingem não ver quando passa, ou se evidenciam). O escândalo vem quando esta figura secundária passa para a boca de cena, escandaliza, ou... assassina.
Culpada? Sim, é claro, cometeu um assassinato de uma criatura indefesa, em nome de dinheiro. Mas, e o outro assassino?
Sim, eu classifico o pai da criança como "a outra mão" que permitiu que o crime fosse feito. Se este pai não se amasiasse com tal criatura, sua filha estaria agora em casa, tranquilamente, com sua família.
Este pai quis, como todos os chefes de família com suas amantes, o bônus sem ônus, o prazer sem responsabilidade. Esqueceu que não há nada neste mundo que não traga consequências. Pena que quem as pagou foi sua filha e sua família.

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