tag:blogger.com,1999:blog-25126368104490483642023-11-16T13:06:22.327-03:00RefletiaçãoBlog destinado à postagem de debates e comentários sobre temas atuais, e à postagem de textos interessantes.Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.comBlogger556125tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-12288499551985349672018-01-25T08:22:00.002-02:002018-01-25T08:22:35.659-02:00Vigiar, Sorrir e Punir: As ilusões líquidas da Sociedade do Espetáculo<span style="background-color: white; color: #ababab; font-family: "OpenSans Regular"; font-size: 14px;">Por: Erick Morais</span><br />
<span style="background-color: white; color: #ababab; font-family: "OpenSans Regular"; font-size: 14px;">Fonte: Genialmente Louco</span><br />
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #434343; font-family: "OpenSans Regular"; font-size: 14px; line-height: 1.33em; margin-bottom: 10px; padding: 0px 10px; text-align: justify;">
As transformações tecnológicas ocorridas nas últimas décadas promoveram mudanças substanciais na forma como organizamos a vida em sociedade. Cada vez mais ligados à rede, o conceito entre o real e o virtual se modificou, de tal maneira que hoje muitos consideram que não há uma diferença entre uma coisa e outra, havendo apenas uma conexão e extensão entre ambas realidades, em uma espécie de realidade físico-virtual.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #434343; font-family: "OpenSans Regular"; font-size: 14px; line-height: 1.33em; margin-bottom: 10px; padding: 0px 10px; text-align: justify;">
Apesar de muitas das características da modernidade líquida não serem exclusivas da contemporaneidade, é evidente que essas características se apresentam hoje com muito mais força e nitidez, haja vista as transformações tecnológicas inerentes à construção do mundo líquido moderno. Algumas delas aparecem no episódio “Queda Livre” da terceira temporada da série “Black Mirror” (na série inteira, inclusive). Nele, somos apresentados a uma sociedade em que todas as ações das pessoas são avaliadas pelas outras em uma espécie de rede social. As avaliações percorrem notas que variam entre zero e cinco estrelas, de modo a construir o score/nota que cada pessoa possui.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #434343; font-family: "OpenSans Regular"; font-size: 14px; line-height: 1.33em; margin-bottom: 10px; padding: 0px 10px; text-align: justify;">
Dessa forma, as pessoas que possuem notas altas são bem vistas socialmente, além de gozarem de privilégios e acessos a bens e serviços que os sujeitos que possuem notas baixas não têm. Ou seja, cria-se imensas redes de poder, controle, vigilância e punição, a partir das notas que as pessoas recebem pelas suas atitudes, que são invariavelmente analisadas por um sem número de indivíduos, não necessariamente interligado às suas realidades.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #434343; font-family: "OpenSans Regular"; font-size: 14px; line-height: 1.33em; margin-bottom: 10px; padding: 0px 10px; text-align: justify;">
A fim de possuir notas altas e ter acesso àquilo que é vendido pela sociedade como os requintes do prazer e da felicidade, as pessoas agem de modo totalmente superficial umas com as outras, chegando, por vezes, a beirar o ridículo e o nonsense. Aqueles que, por outro lado, buscam viver de forma autêntica e natural, sem se “preocupar” o tempo inteiro com opiniões alheias ou em causar boas impressões, são mal avaliados e vistos como perdedores, sujeitos marginalizados e excluídos de uma série de coisas em função das suas notas baixas.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #434343; font-family: "OpenSans Regular"; font-size: 14px; line-height: 1.33em; margin-bottom: 10px; padding: 0px 10px; text-align: justify;">
A sociedade apresentada em “Black Mirror”, assim, se assemelha muito à nossa sociedade, à maneira como utilizamos as tecnologias e estruturamos nossas vidas. Como disse, muitas das características do mundo contemporâneo não são exclusivas dele, entretanto, ganharam maior dimensão em consequência dos aparatos tecnológicos desenvolvidos nas últimas décadas. Isso não quer dizer que o problema esteja propriamente nas tecnologias, mas no uso e na significação que nós as damos.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #434343; font-family: "OpenSans Regular"; font-size: 14px; line-height: 1.33em; margin-bottom: 10px; padding: 0px 10px; text-align: justify;">
Querer, em alguma medida, aceitação social, ser uma pessoa querida, bem vista, bem “analisada” socialmente, é algo natural, que faz parte do processo de sociabilidade do ser humano. No entanto, isso deve acontecer com naturalidade e respeitando a subjetividade de cada um. A partir do momento em que ser aceito socialmente significa aderir a uma padronização comportamental, deixamos de ter algo que faz parte da natureza humana (a sociabilidade), para desenvolver uma patologia social, uma vez que uma sociedade de autômatos completamente iguais, não é uma sociedade de pessoas humanas.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #434343; font-family: "OpenSans Regular"; font-size: 14px; line-height: 1.33em; margin-bottom: 10px; padding: 0px 10px; text-align: justify;">
O grande problema é que estamos gradativamente mais próximos de um estado patológico do que de uma sociedade realmente integrada, com os tecidos sociais fortalecidos. A integração existe de forma aparente por meio do uso e prosseguimento de protocolos determinados. Assim como no episódio da série, todas as nossas condutas são automaticamente avaliadas, como se todos estivessem verdadeiramente preocupados com as nossas vidas. Para os que seguem os protocolos, o resultado é sempre positivo, com aprovações, muitos likes e tapinhas nas costas. Para os que não seguem, nada pode ser feito.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #434343; font-family: "OpenSans Regular"; font-size: 14px; line-height: 1.33em; margin-bottom: 10px; padding: 0px 10px; text-align: justify;">
Esse fenômeno da sociedade do espetáculo, em que o ter e o aparecer prevalecem sobre o ser, foi reforçado pelo desenvolvimento das tecnologias e das redes sociais, que, como disse Bauman, instalaram microfones nos confessionários e transformaram tudo em público ou potencialmente público. Dessa forma, tudo aquilo que fazemos ou temos deve passar pelo crivo da aprovação pública da rede, como se o nível de avaliação externa representasse necessariamente a verdade sobre o que somos.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #434343; font-family: "OpenSans Regular"; font-size: 14px; line-height: 1.33em; margin-bottom: 10px; padding: 0px 10px; text-align: justify;">
Essa necessidade de aprovação constante revela quão narcísicos estamos, ao mesmo tempo em que também revela nossa condição frágil, fluída, volátil, líquida, como a dos nossos tempos. Além disso, essa estrutura demonstra o modo condicionado das nossas vidas, no qual dizemos e fazemos muito mais os que os olhares vigilantes aprovarão, do que o que realmente queremos. É a evidência da sociedade disciplinar que nos constitui, em que tudo é vigiado e punido, lembrando Foucault, apesar do véu de liberdade com que nos encobrem.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #434343; font-family: "OpenSans Regular"; font-size: 14px; line-height: 1.33em; margin-bottom: 10px; padding: 0px 10px; text-align: justify;">
Embora, deva dizer mais uma vez que não há um problema propriamente em desejar algum tipo de aprovação social, em buscar integrar-se à sociedade, é preciso saber que isso não significa se despersonalizar e se converter em uma mera cópia. Bem como, não significa criar um simulacro de si e dos outros, para que se possa viver em uma bolha completamente artificial. Viver em rede, em comunidade, é muito mais do que seguir regras e protocolos que, no fim, atendem apenas a interesses individuais. É muito mais do que ganhar likes por ações falsas, receber sorrisos amarelos de pessoas superficiais, ter uma vida que não passa de uma caricatura malfeita de revista de fofoca e, sobretudo, ser uma pessoa cheia de dentes por fora e de correntes por dentro.</div>
Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-14331056647797556592018-01-12T07:46:00.003-02:002018-01-12T07:46:46.955-02:00Sistema neoliberal coloca trabalhadores uns contra os outros, diz Noam Chomsky<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Do Opera Mundi</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
“O neoliberalismo vem colocando os trabalhadores do mundo em competição uns contra os outros, mas permitindo a liberdade do capital e, de fato, um alto grau de proteção para o capital”, afirmou o linguista, filósofo e historiador de 88 anos.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Professor emérito do MIT (Massachusets Institute of Technology) e crítico constante do governo de Donald Trump, Chomsky afirmou que “estamos nos dirigindo a um precipício e o pior desses precipícios é condicionado pelos sistemas de mercado”. Para o intelectual, “a mudança neoliberal moveu as decisões da esfera pública ao mercado”.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Chomsky ainda criticou o partido político de Trump afirmando que os republicanos têm se dedicado a destruir a vida humana: “a posição da ala selvagem do capitalismo norte-americano, o Partido Republicano, é realmente impressionante, eles estão realmente correndo em direção a um precipício”, disse o intelectual, questionando se “houve realmente uma organização na história que se dedicou em destruir a vida humana?”.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
“Se você é um crítico da política [dos EUA], você é antiamericano”, disse o acadêmico sobre como são vistos aqueles que se opõem ao governo no país. “Além dos EUA, eu não conheço nenhum outro país não-totalitário, não-autoritário, onde esse conceito exista”, afirmou Chomsky, que se considera socialista.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Além de se posicionar contra medidas tomadas pelo governo de Donald Trump, o intelectual se diz preocupado com as mudanças climáticas e com a saída dos EUA do Acordo de Paris. "Os EUA estão correndo em direção ao precipício, enquanto o mundo está tentando fazer alguma coisa contra o aquecimento global", afirmou</div>
Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-76442794167794890292018-01-11T08:37:00.003-02:002018-01-11T08:37:56.198-02:00A burocratização do trabalho docente, ou, da cafetinagem acadêmicaCaros Amigos<br />
<h1 class="article-title" itemprop="name" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: "Roboto Slab", Cambria, Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 41.12px; font-weight: 400; line-height: 1.25; margin: 0px 0px 12px;">
<div style="box-sizing: border-box; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Por Jean de Menezes</strong></div>
<div style="box-sizing: border-box; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
A formação humana é um processo social. Educação não é mercadoria.</div>
<div style="box-sizing: border-box; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Duas afirmações clássicas, nos lábios e na pena daqueles que resistem diante da lógica da fábrica que não opera no mesmo sentido.</div>
<div style="box-sizing: border-box; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Na sociedade capitalista há uma forte preocupação com a informação, e, a educação é tratada como mercadoria, e mais, pode-se escolher o modelo que desejar, pois se vende de tudo um pouco.</div>
<div style="box-sizing: border-box; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Encontramos escolas, universidades de todas as cores, projetos de todos os tipos, professores e plataformas eletrônicas para as interações sociais mais sofisticadas! Nem precisa sair de casa, pois “temos” delivery. Nosso leitor poderia indagar: “mas assim mesmo não são relações sociais?”</div>
<div style="box-sizing: border-box; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
É verdade que isso tudo representam relações sociais, mas trata-se de relações coisificadas, fetichizadas e estranhas.</div>
<div style="box-sizing: border-box; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
A burocratização do trabalho docente atinge patamares estratosféricos. Cada vez mais o professor deixa de lado a sua função educativa para realizar os afazeres burocráticos. Não queremos dizer com isso que os registros, dos mais diversos, tipos não são importantes no trabalho docente, mas a centralidade burocrática secundariza aquilo que deveria ser o central: a formação humana.</div>
<div style="box-sizing: border-box; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
A chamada reestruturação produtiva não se limitou às fábricas, o trabalho predominantemente intelectual também está sujeito a esta reestruturação da produção e no caso das ciências humanas chega atingir o ridículo.</div>
<div style="box-sizing: border-box; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Em todas as grandes áreas do conhecimento de acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) o trabalho intelectual deve apresentar uma produção em tempo determinado e procurar ultrapassar, se possível (bater as metas), a quantidade planejada. Quanto mais se produzir, maior será a qualificação, por exemplo, de um programa junto a CAPES.</div>
<div style="box-sizing: border-box; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
É verdade que uma atividade deve ser planejada, ter seu cronograma, e procurar estabelecer o tempo para o seu desenvolvimento. Todavia, esta deveria ser uma prerrogativa daqueles que pesquisa, do pesquisador, do intelectual. Entretanto, não é assim que funciona.</div>
<div style="box-sizing: border-box; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
A lógica de produção do conhecimento segue a mesma da indústria metalúrgica no que tange ao reprodutivismo. Os operários, neste caso o docente, deve produzir de acordo com as metas impostas por terceiros a todo vapor. Outra questão central, aqui, é quem determina o tempo de produção para o trabalhador intelectual.</div>
<div style="box-sizing: border-box; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
O tempo da produção do conhecimento e da formação humana não é o mesmo tempo mecânico do relógio. A dimensão temporal é outra diante da produção do conhecimento.</div>
<div style="box-sizing: border-box; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Se considerarmos que a produção do conhecimento é uma relação social complexa, temos a inviabilidade de afirmarmos: “você tem um semestre para apresentar um artigo científico!”</div>
<div style="box-sizing: border-box; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Por quê?</div>
<div style="box-sizing: border-box; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Porque uma relação social exige interlocuções, apreciações, leituras em larga escala, verificações de hipóteses, reformulações, negações, reconsiderações, traduções, problematizações.</div>
<div style="box-sizing: border-box; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Mas como resolver nos marcos da atualidade que vivemos esta equação? Não há resolução eficaz, ao menos estruturalmente, de imediato. Então o que fazemos?</div>
</h1>
Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-48379831537674319362018-01-09T19:11:00.003-02:002018-01-09T19:11:35.067-02:00Isenção do Imposto de Renda<div style="text-align: justify;">
Como sabemos "informação é poder", e muitas informações não são amplamente divulgadas porque não é do interesse de alguns que o sejam.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sendo assim, aqui vai uma informação importante sobre a <u><b>LEI 7713/88</b></u>, que dispões, dentre outras coisas, sobre doenças que dão o direito à isenção do imposto de renda.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em seu artigo 6, item XIV, a lei elenca os casos:</div>
<div style="text-align: justify;">
a) AIDS.</div>
<div style="text-align: justify;">
b) Alienação mental.</div>
<div style="text-align: justify;">
c) Cardiopatia grave.</div>
<div style="text-align: justify;">
d) Cegueira (inclusive monocular).</div>
<div style="text-align: justify;">
e) Contaminação por radiação.</div>
<div style="text-align: justify;">
f) Doença de Paget em estados avançados (osteite deformante).</div>
<div style="text-align: justify;">
g) Doença de Parkinson.</div>
<div style="text-align: justify;">
h) Esclerose múltipla.</div>
<div style="text-align: justify;">
i) Espondiloartrose anquilosante.</div>
<div style="text-align: justify;">
j) Fibrose cística(Mucoviscidose).</div>
<div style="text-align: justify;">
k) Hanseníase.</div>
<div style="text-align: justify;">
l) Nefropatia grave.</div>
<div style="text-align: justify;">
m) Hepatopatia grave.</div>
<div style="text-align: justify;">
n) Neoplasia maligna.</div>
<div style="text-align: justify;">
o) Paralisia irreversível e incapacitante.</div>
<div style="text-align: justify;">
p) Tuberculose ativa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O laudo deverá ser emitido, preferencialmente, pelo serviço médico oficial da fonte pagadora.</div>
<br />
<br />Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-22529233705463946532018-01-09T19:00:00.000-02:002018-01-09T19:00:36.539-02:00“Reforma” trabalhista: a quem serve a lógica de ameaçar trabalhadores?Valdete Souto Severo<div>
Juíza do trabalho</div>
<div>
Justificando</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">A ilegítima <a href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm" rel="noopener" style="background-color: transparent; color: #8f1917; text-decoration-line: none; transition: all 0.3s linear;" target="_blank">Lei 13.467/17</a> da reforma trabalhista, que tramitou a portas fechadas, em velocidade recorde e sem o cumprimento da promessa de Temer, de que faria vetos ao texto aprovado, está gerando inúmeros efeitos deletérios. Despedidas coletivas, alterações contratuais lesivas e ameaças no ambiente de trabalho tem sido relatadas. Um desses efeitos devastadores da “reforma” é o ambiente hostil em que se tem transformado algumas salas de audiências trabalhistas.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Mesmo sendo exceção, o número de relatos de situações de assédio, em que reclamantes são insistentemente “convidados” a desistir de suas pretensões, assusta. Mesmo antes do dia 11 de novembro, e portanto quando a Lei 13.467/17 sequer estava vigendo, já havia relatos nesse sentido. O uso do argumento perverso de que o trabalhador ou a trabalhadora terão de pagar o perito, caso não reste configurada insalubridade ou doença laboral, como motivo para que desistam do pedido antes mesmo da inspeção, é um dos exemplos mais citados.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Em nosso ordenamento jurídico, apenas o perito pode examinar o local de trabalho ou a pessoa que se crê atingida por uma doença profissional. Sequer o juiz pode declarar a existência da situação lesiva, sem o parecer técnico. O art. 195 da CLT exige a realização de prova pericial. Sua produção, portanto, sequer decorre de escolha ou requerimento da parte; é dever do juiz determiná-la. A perícia é o único meio de prova capaz de demonstrar se há ou não situação de risco ou dano no ambiente de trabalho.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Como então atribuir ao trabalhador ou trabalhadora cuja impossibilidade de suportar os custos da demanda é reconhecida pelo Estado, o ônus de pagar honorários ao perito? É importante ressaltar esse detalhe: a “reforma” atribui ao trabalhador <strong><em>beneficiário da gratuidade da justiça</em></strong> esse encargo.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Com a reforma trabalhista, a Justiça do Trabalho passa a ser o único ramo do Poder Judiciário em que a parte precisa ter a certeza do direito, antes mesmo de propor a ação, sob pena de ser punida, como se litigasse de má-fé. Tivesse o trabalhador, a certeza da condição perigosa ou insalubre, teria que dispor de meios para exigir seu cumprimento independentemente da intervenção estatal. Se ajuíza demanda, é exatamente porque não possui tal certeza.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Atribuir ao beneficiário da gratuidade da justiça o ônus de pagar honorários de perito é punição. Para quem duvida, basta ler o relatório do Deputado Rogério Marinho. Ele diz textualmente que <em>“na medida em que a parte tenha conhecimento de que terá que arcar com os custos da perícia, é de se esperar que a utilização sem critério desse instituto diminua sensivelmente”</em>.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">O pressuposto aqui é claro: ou o trabalhador sabe que há insalubridade ou não deve pleiteá-la. Ele ainda afirma em seu relatório que “o objetivo dessa alteração é o de restringir os pedidos de perícia”, a fim de“contribuir para a diminuição no número de ações trabalhistas”.</span></div>
<blockquote style="background-color: white; clear: both; font-family: "Roboto Slab", Arial; font-size: 2.2rem; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; height: auto; line-height: normal; margin: 40px 0px; overflow: hidden; padding: 0px 40px; position: relative;">
<div style="color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Essa institucionalização da má-fé do trabalhador como regra, resultado de uma certa fúria revanchista contra o excesso de demandas trabalhistas, promove evidente inversão de valores.</span></div>
</blockquote>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Houvesse tal certeza, teria o empregador de ser compelido a respeitar imediatamente o direito, sem a necessidade do ajuizamento de demanda trabalhista e de todo o custo e o desperdício de tempo que isso implica. Portanto, seria mais lógico supor que o reconhecimento de uma situação insalubre ou perigosa de trabalho, através de perícia judicial, gerasse de imediato a imposição de condenação por dano social ao empregador, já que é ele que está tornando necessário o uso da máquina judiciária, por se negar a reconhecer um direito evidente.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Entretanto, sequer se cogita tal possibilidade. Mesmo quando, na chamada audiência inicial, a empresa “reconhece” a situação insalubre a fim de evitar perícia, não se defende a possibilidade de penalizar o empregador que, afinal de contas, sabia estar lesando direitos fundamentais e negou-se a cumprir suas obrigações, esperando passivamente o uso do Poder Judiciário Trabalhista.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Impor aos trabalhadores todo o peso que os aplicadores do Direito do Trabalho suportam pelo excesso de demandas é negar o óbvio: se existem muitas demandas trabalhistas, não é porque o direito fundamental à gratuidade da justiça vinha sendo respeitado. Ao contrário, é exatamente porque sonegar direitos trabalhistas no Brasil é um ótimo negócio.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">O caso da situação nociva de trabalho é emblemático: muitos empregadores fazem o cálculo do custo e descobrem que melhor do que tornar salubre o ambiente de trabalho é aguardar pelas demandas trabalhistas, que serão ajuizadas apenas depois da perda do emprego (em face do medo razoável da inconstitucional despedida imotivada), precisarão de averiguação pericial e contarão com os “bons ofícios” dos juízes para promover conciliações que certamente não implicarão o ressarcimento integral do dano imposto.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Caso nada disso funcione, o valor devido será calculado sobre o salário mínimo e pago, após vários anos de tramitação processual, com juros de 1% ao mês. Basta aplicar os valores sonegados no mercado financeiro, contar com o fato de que vários trabalhadores não ajuizarão demandas trabalhistas e utilizar todos os recursos que a Justiça do Trabalho generosamente oferece, para que o lucro obtido sobre a saúde humana seja certo. Quem, portanto, movimenta indevidamente a máquina judiciária?</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">A previsão de sucumbência recíproca, uma lógica avessa à prática de cúmulo objetivo de demandas que ocorre na Justiça do Trabalho, também tem sido argumento de assédio em audiência. Interessante é que sequer a literalidade do texto “reformado” autoriza a ameaça aos trabalhadores e trabalhadoras. Note-se que o art. 791-A da CLT refere que serão devidos honorários de sucumbência “sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, <em>não sendo possível mensurá-lo</em>, sobre o valor atualizado da causa”.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Ou seja, existem apenas duas hipóteses legais que autorizam fixação de honorários de sucumbência no processo do trabalho, para aqueles que entenderem aplicável o texto da Lei 13.467/17. A primeira é a fixação sobre o valor da liquidação, mais uma prova, aliás, de que as sentenças seguirão sendo liquidadas e as iniciais, portanto, tal como diz o § 1° do art. 840 da CLT com a redação que lhe foi dada pela “reforma”, devem apenas fazer constar indicação do valor do pedido – e não liquidá-lo. A segunda é a fixação sobre o proveito econômico. A parte final do dispositivo refere-se à circunstância em que não é possível mensurar o proveito econômico.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Portanto, é preciso que ele exista. Um proveito econômico só não poderá ser mensurado quando existir. Se não há proveito, nada há que possa ser ou não mensurado. A hipótese mais recorrente é aquela da condenação em obrigação de fazer, como a determinação judicial de reinserção em plano de saúde.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Há proveito econômico que não pode ser mensurado e, em tal caso, a sucumbência, pela literalidade do art. 791-A, deverá ser fixada sobre o valor da causa. Por consequência, não há autorização legal para fixação de honorários de sucumbência quando houver improcedência. É que na improcedência não há proveito econômico nem valor a ser liquidado.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">De tudo isso se conclui que a aplicação dessas regras exigirá dos juízes e juízas um grande esforço hermenêutico. Isso porque a Constituição estabelece o direito fundamental à assistência jurídica <strong>integral</strong> e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos (art. 5°, LXXIV). E integral, segundo o dicionário, é aquilo que não sofre diminuição ou restrição; é <strong>total</strong>, <strong>completo</strong>. Logo, a assistência judiciária gratuita só será integral quando for total, completa. É até estranho ter que dizer o óbvio, mas é assim.</span></div>
<blockquote style="background-color: white; clear: both; font-family: "Roboto Slab", Arial; font-size: 2.2rem; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; height: auto; line-height: normal; margin: 40px 0px; overflow: hidden; padding: 0px 40px; position: relative;">
<div style="color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Em tempos de exceção, como o que vivemos atualmente no Brasil, o óbvio precisa ser dito.</span></div>
</blockquote>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">É evidente que nada disso altera a principal discussão deste texto: ainda que houvesse previsão legal para a fixação de honorários de sucumbência a serem suportados pelo trabalhador ou trabalhadora, nos casos de improcedência (o que não há), ou que fosse possível exigir pagamento de honorários de perito do beneficiário da justiça gratuita sem ferir de morte a Constituição, não se sustentaria o discurso ameaçador que busca forçar a parte a desistir da causa, sob o argumento de que haverá a tal condenação. Portanto, mesmo reconhecendo a possibilidade de aplicação desses dispositivos, nada justifica sejam eles utilizados como argumento de terror durante audiências trabalhistas.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">O clima de ameaça compromete a possibilidade de convívio saudável entre os atores do processo. Juízes, juízas, advogados e advogadas exercem funções que se complementam. Profissões que não existiriam, uma sem a outra. E a audiência é talvez o momento mais importante do processo, em que não apenas esses atores estabelecem o diálogo direto, mas também as partes, pela primeira vez, tomam contato com o Poder Judiciário e ficam frente a frente uma da outra, em situação de paridade.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Se para os juízes e advogados as audiências se multiplicam no dia ou na semana, para as partes muitas vezes ela é única. Via de regra, os trabalhadores e trabalhadoras apostam muito alto em suas demandas, pois ali deduzem pretensões econômicas, mas também afetos, mágoas, diálogos interrompidos. Evidentemente, não sabem se convencerão o Estado de que tem razão em suas pretensões, mas ainda assim querem produzir a prova necessária, querem ser ouvidos e respeitados. E o ordenamento jurídico lhes garante isso, afinal de contas existe um direito fundamental à tutela jurisdicional.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Não há dúvida de que atualmente a Justiça do Trabalho, como o Poder Judiciário em geral, sente o peso que o excesso de demandas e a pressão pelo cumprimento de metas impõe à estrutura judiciária. E, em nosso caso, há um ingrediente especial: somos a Justiça dos ex-empregados. Grande parte das trabalhadoras e dos trabalhadores que propõem demandas trabalhistas já perderam o posto de trabalho.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">A urgência no provimento de suas pretensões é evidente e promove um constante conflito interno em quem advoga ou julga. Estamos sempre correndo contra o tempo, porque sabemos que é a parte autora que o suporta e, tratando-se como regra de direitos alimentares, esse ônus por vezes compromete a possibilidade de existência digna.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Todos nós, portanto, perseguimos o mesmo ideal de reduzir a necessidade de recurso à Justiça do Trabalho para garantir pagamento de saldo de salário, adicional de insalubridade ou indenização por doença laboral e, assim, permitir que as demandas sejam julgadas em tempo razoável. Promover assédio contra trabalhadores e trabalhadoras, impondo a renúncia prévia do direito à discussão judicial de determinada pretensão não contribui, porém, para diminuir o número de litígios, exatamente porque não enfrenta a causa desse problema.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Se realmente quisermos diminuir o número de demandas trabalhistas, precisamos reconhecer ao processo toda a gravidade que ele possui: cada pretensão reconhecida pelo Poder Judiciário representa uma agressão à ordem jurídica, um desrespeito que compromete o convívio saudável e que, portanto, precisa ser exemplarmente coibido, a fim de que não se repita. O raciocínio, portanto, deveria ser contrário àquele estimulado pela “reforma”.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Promover constrangimentos ou ameaças a quem busca a tutela jurisdicional não contribui para fortalecer o respeito à ordem jurídica, objetivo final de todos aqueles que lidam com o processo. Pelo contrário, assim agindo, negamos nossa razão de existência. É quem descumpre direitos fundamentais que deveria ser constrangido a não mais fazê-lo, através de punições exemplares, como condenação pela prática de <em>dumping social</em>, fixação de valores significativos para indenizações extrapatrimoniais ou cumprimento imediato das decisões de primeiro grau.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">A lógica de assediar trabalhadores serve apenas para esvaziar – por dentro – a funcionalidade da Justiça do Trabalho. Os relatos insistentes de ameaças a trabalhadores e testemunhas, durante as audiências, é um péssimo indicativo de que estamos perdendo o parâmetro de convívio saudável durante a prática processual. E o resultado disso é o aumento do estresse, da litigiosidade e do conflito entre advogados e juízes. Mesmo constituindo exceção, em relação as audiências realizadas todos os dias Brasil afora, é preciso atenção e, sobretudo, uma reflexão: a quem serve a disseminação desse embate?</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Os advogados e as advogadas são essenciais à administração da justiça, como afirma a Constituição de 1988. São os profissionais responsáveis por propor discussões judiciais, em defesa de direitos que permitam um convívio minimamente saudável em uma sociedade que é já tão desigual e perversa, em vários aspectos. É deles a função de construir teses jurídicas, narrar fatos e produzir provas que nos instigarão a refletir, repensar e fortalecer ou abandonar as primeiras impressões provocadas pela “reforma” trabalhista.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Os advogados e advogadas trabalhistas darão a tônica da resistência contra o desmanche e, sobretudo, contra o discurso de extinção da Justiça do Trabalho, que vem se fortalecendo nos bastidores de um poder ilegítimo que não dá sinais de arrefecimento. </span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Juízes, juízas, advogadas e advogados somos, portanto, partes de um mesmo enredo que, na atual estrutura de Estado, muitas vezes se constitui concretamente como o único caminho para alterar a realidade da vida de tantas pessoas. Nosso cansaço e nossa angústia com a invencível demanda de trabalho não devem legitimar a criação de ambiente assediador exatamente ali onde o assédio precisa ser combatido.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">A “reforma” e todo o discurso de extinção da Justiça do Trabalho nos convoca à união, à soma de esforços para que sigamos sendo o ramo do Poder Judiciário já reconhecido como o mais eficiente e eficaz.</span></div>
<blockquote style="background-color: white; clear: both; font-family: "Roboto Slab", Arial; font-size: 2.2rem; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; height: auto; line-height: normal; margin: 40px 0px; overflow: hidden; padding: 0px 40px; position: relative;">
<div style="color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<strong><span style="color: black;">2018 será um ano exigente.</span></strong></div>
</blockquote>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;">Mais do que nunca é preciso reconhecer os limites e desafios de nossas diferentes funções, sua complementariedade, e a necessidade de respeito às prerrogativas de todos aqueles que atuam no processo. Demandas improcedentes são parte do sistema e, inclusive, justificam a necessidade de instrução e julgamento das lides trabalhistas. Como regra, não são resultado de má-fé, mas apenas do exercício regular do direito fundamental à tutela jurisdicional. Gratuidade da justiça é integral ou é nada. E os atores do processo são, todos eles – sem nenhuma exceção – dignos de respeito.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #58595b; font-family: Merriweather, sans; font-size: 16px; line-height: 27.2px; margin-bottom: 10px; text-align: justify; word-wrap: break-word;">
<span style="color: black;"><em><strong>Valdete Souto Severo </strong>é Doutora em Direito do Trabalho pela USP/SP; Diretora e Professora da FEMARGS Fundação Escola da Magistratura do Trabalho RS; Juíza do Trabalho; Membro da Associação Juízes para a Democracia AJD.</em></span></div>
</div>
Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-38090278319724789382018-01-08T08:11:00.002-02:002018-01-08T08:11:47.766-02:00Marcia Tiburi: A política do terror<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Revista Caros Amigos</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Por Aray Nabuco, Lais Modelli e Nina Fideles</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
As pessoas estão todas morrendo de medo, e quem morre de medo se despreocupa da democracia, fica a mercê do seu inimigo.” Assim, Marcia Tiburi, graduada em filosofia e artes, e doutora em filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, define nossos tempos.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
A estratégia, executada pelo arranjo “mafioso” entre mídia, Judiciário, Legislativo e empresários, pela derrocada da presidente afastada Dilma Rousseff, continua dando seus pequenos golpes diariamente e arrancando aplausos de uma população que, segundo ela, tem seus afetos e ações manipulados. Ao mesmo tempo em que a esquerda, hoje muito mais plural e ampla que nos tempos idos, não dispõe de muitas armas. Para Marcia, a luta por hegemonia é desmedida porque “a direita chega e simplesmente decreta, implanta, e faz o jogo da política da terra arrasada”.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
O cenário não é animador, segundo a filósofa, porém, resta aos intelectuais, professores, jornalistas, esquerda, uma tarefa ética em relação à política, “em um contexto que fomos todos nós esvaziados de nós mesmos”.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Aray Nabuco – Marcia, só pra gente começar a nossa conversa, eu vou perguntar sobre a sua concepção desse governo em exercício. Você acha que a gente está entrando no império do macho, ou voltando de alguma maneira a ele?</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Marcia Tiburi - Sem dúvida há um lastro, vamos chamar assim, um pano de fundo patriarcal, machista e sexista nesse governo. Como designar, como chamar esse governo sem ser agressivo e não dizer do golpe? É um governo golpista, eu acho que talvez seja impossível que esse governo perca esse adjetivo enquanto ele durar. A gente pode inserir esse governo dentro do mais arcaico machismo, que é o machismo estrutural do qual a sociedade padece, mas, ao mesmo tempo, existe um fenômeno de superfície que é muito curioso também. E esse fenômeno de superfície é a imagem, a cara, a fachada deste governo. E isso precisamos analisar também. A gente pode dizer “é evidente que é um governo de homens brancos”, mas não é só isso. Eu tento desenvolver uma reflexão sobre aquilo que eu chamo de sabedoria iconográfica, e na internet há uma interessantíssima sabedoria iconográfica. Os personagens desse governo, vários deles, são associados a figuras macabras, a personagens macabros do cinema, da literatura. E isso, que pode parecer uma bobagem à primeira vista, se torna muito interessante quando a gente analisa certos elementos mais profundos</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
em relação à questão estética, digamos assim. A questão estética é a visão da superfície, que a gente não pode negligenciar, porque tem certas coisas que estão aparecendo ali que muitas vezes as pessoas não percebem bem, mas que são muito fundamentais, e que revelam uma coisa infinitamente mais interessante que fica por baixo. Então, não é só o machismo estrutural que está por baixo, tem alguma outra coisa sendo revelada. Michel Temer tem um apelido famoso na história, segundo consta ele foi apelidado por ACM de “mordomo de filme de terror”, alguns o chamam de “mordomo de velório”. Na internet a gente vê muito essas imagens, essa iconografia popular que reúne a figura de Michel Temer com vampiro, Nosferatu, o Drácula de Bela Lugosi. Mas não é só o Michel Temer. Tem também o José Serra que é famoso na história da política brasileira como sendo um vampiro. O Alexandre Moraes, que é o ministro da Justiça, passou a pouco a ser associado ao Frankenstein. A nova presidente do STF, a ministra Carmem Lúcia, foi também associada a Mortícia. Se vocês forem à internet vocês vão ver várias associações da assim chamada iconografia popular, essa associação entre a figura bizarra, personagem bizarro e esses personagens da realidade política do Brasil. A própria Marta Suplicy, que é uma figura que mudou de lado, mudou de partido, em um ato talvez desesperado, também começou a ser associada pela população que elabora esse tipo de imagem com zumbis e outras figuras bizarras.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
E eu acho que tem uma verdade nessa política atual que é o seu aspecto bizarro, que toca o incompreensível, e aquilo que Freud chamava de unheimlich, que é o estranho e que ao mesmo tempo é inquietante, que é o familiar que ao mesmo tempo é estranho, aquilo que a gente entende, mas não entende, compreende, mas não compreende e que nos dá uma sensação de algo luminoso, assustador,</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
aquilo que é provocado na literatura de terror, no filme de terror, e que nos torna reféns. Então, nós somos reféns de alguma coisa, reféns dessas figuras vampirescas, dos lobisomens da política atual. Não sabemos o que fazer com eles. Acho que toda população, independentemente de serem ativistas ou não, se vê bastante refém desse tipo de atmosfera de terror. E terror é um bom nome pra isso, se a gente junta essa iconografia da internet com aquilo que a pesquisadora, jornalista e autora tão interessante Naomi Klein chama de capitalismo de desastre, num livro chamado A ideologia do choque. Quando ela desenvolve este conceito de capitalismo de desastre, ela fala do uso do choque e da construção de um projeto, digamos assim, em que o funcionamento estético da política se dá pelo terror. E nesse caso, lembrando de Marx citando Hegel, “a história primeiro se dá como tragédia e depois se repete como farsa”, nesse momento o que a gente tem é o enredo de um filme de terror. E o terror é funcional, coloca medo nas pessoas. Podemos lembrar também de (Baruch) Spinoza no seu tratado de política falando sobre isso – aliás, (Nicolau) Maquiavel antes já falava disso, da estratégia de se causar medo naquelas pessoas, no povo, nas quais você não conseguiu causar amor e admiração. Então, se você não pode ser amado, que você seja temido, isso é a frase do Maquiavel. Mas diz o Spinoza “se você causar medo na população, você entristece a população, e se você entristece a população você faz com que ninguém mais lute”. Então, eu vejo assim, é um projeto muito bem desenhado, o design dessa política é a do terror em todos os seus sentidos, e se a gente pensar que o terror já foi usado no Brasil na época da ditadura com a tortura, é isso de novo que se anuncia, só que agora, nesse momento pelo menos, não é uma tortura física daquele que é capturado por ter uma ideologia à esquerda, ou comunista, ou socialista, ou crítica – podemos chegar nisso, não está descartado. Mas é um terror mais psicológico, de sustinho em sustinho a gente fica esperando qual é a próxima. É o SUS, é o décimo terceiro, é o Enem, basta você pensar quantas pequenas medidas, quantos pequenos choques, como num filme de terror, vão sendo produzidos para capturar absolutamente as pessoas nos seus corpos. As pessoas estão todas morrendo de medo, e quem morre de medo se despreocupa da democracia, fica a mercê do seu inimigo.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Aray Nabuco – Você enxerga isso afetando a própria esquerda? Me parece que a esquerda está apática ou sem condições de reagir, não só pelo aspecto jurídico institucional que está sendo muito bem manipulado, mas talvez um pouco por essa sensação de terror.</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Claro. Agora, a questão é de método para fazer política. A característica básica do que a gente chama de esquerda ao longo da vida, o que sempre se chamou de esquerda, é uma certa, vamos colocar assim, ingenuidade, inocência... Essas pessoas que pensam sempre no outro, têm uma abertura democrática para com a vida, são pessoas com afetos mais abertos, e, portanto, com menos capacidade de causar o mal – não quer dizer que não tenham. Mas a direita tem essa característica. A esquerda é menos manipuladora do que a direita, eu acho que a gente pode dizer isso. Quer dizer, usa a manipulação com menos violência. Tanto que nós não somos muito bons de propaganda. E as promessas da esquerda são sempre promessas muito libertárias, e a própria palavra liberdade, aliás, foi capturada, sequestrada pelo mundo da direita, virou uma questão liberal e depois neoliberal. A questão da liberdade foi degenerada na direita, e a esquerda não sabe fazer muito uso disso e das suas estratégias. Então, acho que nós ainda funcionamos de um jeito muito aberto, muito ingênuo, muito despreparado para a guerra que faz parte da política. Quando a gente luta por hegemonia dentro da política a gente luta de peito aberto. Aquilo que a gente chama de direita na sua forma neoliberal hoje, não luta de peito aberto. Eles não lutam de peito aberto, eles não estão lutando de um ponto de vista ideológico, eles estão lutando do ponto de vista da violência mesmo, da imposição. Então, é desmedida a luta por hegemonia entre direita e esquerda, porque nós não usamos as mesmas armas. A direita chega e simplesmente decreta, implanta, e faz o jogo da política da terra arrasada. É uma guerra nesse nível de destruição mesmo. Isso em nível cultural, econômico, político, social. O governo vigente neste momento o que faz? Destrói o que o governo anterior plantou. Então, ele não mede consequências, ele quer destruir. Destruir, claro, evidentemente não apenas a esquerda, mas o povo. E nós, os críticos de esquerda, alguns que estão nos movimentos, que olham para a sociedade de uma maneira mais ampla, e digamos, olham para a sociedade pensando que ela é uma sociedade e não o lugar do plantio dos seus próprios interesses privados, somos pouco estratégicos porque nós não usamos as mesmas armas. Para mim é uma questão de termos armas muito diferentes para usar.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Nina Fideles – Em sua opinião, a esquerda, em termos genéricos, consegue decifrar esta iconografia? Entender estes sinais?</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Eu acho que nós podemos também colocar a questão do que é a esquerda hoje, nesse sentido, para responder a sua pergunta. Qual esquerda? Que esquerda está em crise? Porque a esquerda de 2016 surgiu a partir de 2013. Por mais que em 2013 teve muitos problemas, não é a mesma esquerda dos anos 1970, que não é a mesma esquerda de 1917, que não é a mesma esquerda do século 19. A esquerda de hoje é muito mais, vamos dizer, ampla. Então, eu colocaria sob o nome, sob o termo “esquerda” todos os movimentos que lutam hoje por democracia. E aí nós podemos ir dos anarquistas até os comunistas, passando por feministas, pelos sem partido, por aqueles que vivem certa alienação, mas ao mesmo tempo não concordam com o status quo. Tanto que a gente vê na esquerda pessoas que são a favor do golpe e contra o golpe. E, às vezes, você analisa os motivos e eles são todos muito parecidos. Quer dizer, tem uma parte do que a gente chama desse cidadão que não está muito bem resolvido, que não tem pra si mesmo muito rigor categorial, mas ele está situado ali, e faz parte desse amplo espectro, porque a gente não conseguiria colocar essa pessoa dentro de um pensamento de direita clássico. Isso vale também para a direita? Vale, existem também pessoas que são inespecíficas nesse território no</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
campo da direita. Pessoas que vivem um pensamento preconceituoso, mas fica difícil você dizer “esse é um sujeito de direita”, porque não tem tanta certeza nem tanto rigor nas categorias que ele usa. Mas o que acho interessante, que pode também contar dentro desse contexto, é a gente imaginar ou colocar a questão da autocrítica da esquerda. E pensar que hoje nós temos que renovar a esquerda talvez a partir de uma política de escuta da própria esquerda, e talvez essa falta de escuta seja um procedimento mais à direita que acontece dentro da esquerda. Se a gente conseguisse ser uma esquerda tão ampla como a gente deseja e se a gente pudesse vislumbrar as potências da esquerda nesse campo muito amplo, e se a gente conseguisse colocar como método de reconstrução da esquerda essa política da escuta, acho que nós iríamos muito longe. Mas, talvez muito da esquerda tenha se perdido nesses procedimentos que são repetitivos, que são sempre os mesmos. Aquela cara que já está pronta. Aquela cara, por exemplo, dos homens barbudos antigos, que são tão antigos, palavras de ordem, aquele jeito antigo de fazer e que já não contempla mais os movimentos jovens, os movimentos de mulheres... Olha o feminismo. Se a gente usar a questão do feminismo e fizer uma analogia, o feminismo que é bacana hoje é o feminismo que a gente chama de dialógico, não sei se tem gente que chama disso, mas eu chamo. O feminismo dialógico faz dialogar o passado com o presente e as potências que estão aí pra surgir. Então, por que o feminismo está tão impressionante? Porque as mulheres resolveram se juntar. O que acontece com a esquerda? A esquerda se separa. Perdemos muitas eleições, vamos perder demais porque nós nos separamos enquanto esquerda. Falta diálogo para a própria esquerda.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Laís Modelli – Será que a gente não está vivendo um momento de crises de identidades? O Bolsonaro, por exemplo, tem um discurso intelectual extremamente vazio, mas é um discurso de identidade muito forte. Um homem branco, classe média alta, a favor do militarismo. É uma reivindicação de identidade. As mulheres, quando se separam da esquerda, e tem muito movimento feminista fazendo isso, sobrepondo o gênero à classe, por exemplo, também é uma reivindicação de identidade. Então, é um confronto de identidades?</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Você tem razão, eu concordo com você. Eu acho que há confronto de identidade, e se a gente pensar no campo da esquerda é um confronto que não nos ajuda. Então, juntar homens, mulheres, movimentos trans e todo campo LGBT. Juntar gênero com raça e com classe, eu acho que essa é uma questão boa para a esquerda, mas quem levantou isso foram, sobretudo, as feministas interseccionais. Então, a grande discussão da esquerda, a meu ver, é colocada pelas feministas que usam a questão da identidade como método de luta política – a luta antirracial é uma luta na questão da identidade, a luta de gênero é na identidade, e a luta de classes sempre foi na identidade. Nós precisamos juntar essas três lutas, essas três identidades, para recriar também o território da luta e as potências da luta. E sem dúvida, continua sendo esse o embate, em termos de política. É claro que a gente poderia propor, e muitos propõem, uma política que vá além da questão da identidade, mesmo no feminismo a gente vê isso. Estamos para além das identidades, queremos outras coisas, queremos as singularidades, e acho que dá para fazer uma política inserindo a questão das singularidades, mas, enquanto movimento a gente não funciona fora das identidades. Então, é preciso colocar as singularidades para renovar os movimentos, para renovar o sentido das próprias identidades. Eu, enquanto feminista, penso muito no feminismo negro. As feministas negras têm um posicionamento que modifica completamente a questão do feminismo. Então, quando você entra em contato com as feministas negras, se é branca, você se torna uma feminista branca, você é marcada por esse lugar, e esse lugar precisa ser assumido até para você poder desconstruí-lo.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Aray – É o lugar de fala...</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Sim. E essa é uma das grandes contribuições em termos de ativismo, em termos muito concretos, mas também uma grande contribuição em nível teórico. A construção dos textos e das teorias feministas do século 20 todo, aliás, se a gente buscar antes na história do feminismo a gente vai encontrar sempre isso, a construção da teoria a partir de um lugar de fala. Isso é genial, e é totalmente diferente do poder patriarcal, do poder tradicional, de tudo aquilo que a gente conheceu até hoje em termos de política</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Aray Nabuco – Esse novo feminismo traz outra questão para a esquerda, não é Marcia? O esquerdo-macho. Como você define o esquerdo-macho?</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
(risos) Um dia eu estava falando para um grupo de sindicalistas e disse pra eles “vocês têm que fazer um workshop para esquerdo-machos”. Eu saí lá fora e um desses sindicalistas bem antigos me disse assim: “o que é um esquerdo-macho?” Eu disse: “Eu acho que você é um esquerdo-macho”, brinquei com ele, porque ele nem fazia ideia. Claro, é uma terminologia que surgiu hoje em dia, no contexto do feminismo jovem, desconstrutivo, toda essa coisa... Brinquei com ele, mas estava falando sério. Eu acho que é um tremendo de um problema. Por que é um problema tão sério? O povo da esquerda, vamos colocar assim, a esquerda que não leu certos textos, que não se ambientou com certas questões, pode padecer também de ignorância. Então a esquerda que leu Marx, a esquerda que leu Lênin, não corre o risco de virar esquerdo-macho, porque Marx falou coisas importantes sobre as mulheres; Lênin falou muito sobre as mulheres; Engels também falou muito sobre as mulheres. E as feministas de esquerda, as mulheres de esquerda, falaram muito sobre as mulheres também. Rosa Luxemburgo falou coisas muito importantes. Agora, a meu ver, eles não praticavam com a consciência que a gente tem hoje, isso que nós chamamos de feminismo interseccional, que é juntar raça, classe e gênero e sexualidade. Juntar estes aspectos todos e pensar em como eles se atravessam, como eles se constroem juntos. Os homens vão ter que rever isso, porque a esquerda contemporânea é feita também dessas feministas. Eu até colocaria nisso, e eu tenho até certa divergência com várias companheiras, porque eu prefiro colocar a esquerda debaixo do guarda-chuva do feminismo, do que colocar o feminismo dentro da esquerda. Quer dizer, pra mim o feminismo engloba a esquerda. E o feminismo é muito antigo, a primeira reivindicação por direitos não veio da parte dos homens, e não veio da parte dos escravos, veio das mulheres, se a gente pensar em termos históricos. E todas as feministas, cujos textos chegaram pra nós, mesmo antes de se chamarem feministas – porque isso é uma hétero-denominação dada na história –, essas mulheres que reivindicavam direitos, reivindicavam o direito de reconhecimento, o direito à educação, o direito a ter um lugar de respeito na sociedade, todas elas eram muito desconstrutivas. Qualquer texto que você vá buscar na história, você vê análises desconstrutivas desses lugares de identidade, elas perguntando “por que eu, sendo mulher, não posso isso que um homem pode?”. E não apenas os textos das mulheres que na história escreveram, mas os homens também percebiam isso. Se a gente vai buscar nas tragédias gregas a gente vê Eurípedes colocando na boca de Medeia reivindicações que são nossas ainda hoje. Então essa percepção de que existia um problema, de que alguma coisa estava errada no reino do patriarcado. E isso que estava errado era algo concernente à posição das mulheres, em relação justamente aos direitos das mulheres. Acho realmente que uma revisão da esquerda hoje implicaria necessariamente em repensar o lugar das mulheres.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Nina Fideles – O próprio feminismo tem outras linhas, digamos assim, que não fazem o recorte de classe. Concorda?</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Existem feministas que não vão trabalhar com isso, assim como na luta de classes tem gente que esquece a questão de gênero, então essa falta de interseccionalidade é um problema. Mas eu não vejo nenhuma feminista que reivindique raça e que não reivindique classe. Por isso que eu creio nas teorias e na criação dessas mulheres, eu acho que elas têm uma coisa importante para nos ensinar. E claro, no movimento, na ação, as individualidades e as singularidades vêm à tona. Existem pessoas que estão mais preparadas porque viveram mais, estudaram mais, ou tem insights melhores. Por isso que eu gosto de trabalhar com essa ideia de feminismo dialógico, porque onde eu tenho limites a minha companheira feminista pode me ajudar a superá-los; onde ela tenha, eu talvez tenha alguma experiência que possa melhorar o lugar dela. E o termo que a gente usa para designar essa co-criação feminista é a protagonização da outra. Para que serve o feminismo? Para a gente colocar a luta das mulheres em cena, mas a luta de todas as mulheres, que é uma luta concreta, não é uma luta teórica, é uma luta em que se eu sou feminista eu olho pra outra mulher, eu olho pra outra feminista, e antes de pensar no meu brilho, na minha condição de líder, ou qualquer coisa desse tipo, como os homens fazem, eu penso como eu faço para inseri-la num processo de politização, de expansão do nosso diálogo, que implica necessariamente numa expansão do campo.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Laís Modelli – Lembrando que o movimento feminista no Brasil se organiza enquanto movimento na pauta do direito ao voto na década de 1920, depois ele ganha uma força tremenda no processo de anistia e redemocratização do Brasil, e agora, desde 2013, ele vive um momento mais forte, aproximando então o feminismo com a pauta política no Brasil, a gente pode dizer que ele é o termômetro da democracia?</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
É muito interessante a sua hipótese. Acho que sim. O feminismo como nós temos experimentado nesse momento é um feminismo que surge dentro de condições políticas, midiáticas e sociais. A gente pode até dizer que existe uma irrupção nova do feminismo, sendo que o feminismo se mantinha numa certa latência na sociedade, porque esse feminismo não vem do nada, tem um lastro que permite que ele rompa com essa força. E ele é um pouco diferente sim dos feminismos de outros momentos. Você citou dois momentos, na primeira metade do século, e um momento mais próximo, nesse período da segunda metade do século 20. E qual é a grande diferença? A diferença é a questão dos direitos que se renovam. Então as sufragistas se envolviam com o direito ao voto, elas queriam poder votar. Algumas mulheres descobriram naquela época que elas tinham o direito também de ser votadas. Isso é muito fundamental na história do Brasil e temos alguns exemplos históricos, sobretudo no Rio Grande do Norte. A primeira prefeita da América Latina era uma mulher (Luísa Alzira Teixeira Soriano) que, em 1928, antes mesmo da permissão ao voto, da lei do voto que é de 1932, entrou na Justiça para poder ser eleita prefeita de Lajes no Rio Grande do Norte. Olha que coisa mais interessante. Então, hoje nós estamos num movimento bem profundo em relação a essa questão que surgiu lá nos anos 20, o direito de sermos votadas porque somos mais de 50% da população, mas só 10% de parlamentares. Então há uma irrepresentabilidade muito pesada, e não é só de quantidade, é uma questão também da qualidade do voto, da qualidade da política que se faz, que não permite que as mulheres encontrem esse espaço aberto para lutarem no campo político, no campo da política institucional. Se isso não está acontecendo também no campo político, precisamos investigar a correspondência disso no campo da política no sentido mais amplo. Será que as mulheres estão vivendo a política no seu sentido amplo, com toda a sua força? Aqui eu estou separando evidentemente a política institucional da política como um todo, da política como relações diárias, cotidianas em diversos campos do poder, aliás, essa é uma separação que se usa teoricamente, mas que nós temos também que superar.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
E concordo, se a gente olha qual o lugar das mulheres dentro da sociedade, a gente entende de maneira termométrica o que está acontecendo. Só para finalizar, em relação a esse feminismo atual, acho que é um feminismo também que nasce nas condições da reprodução e da transmissão da informação. Parece tudo muito rápido porque nós nos comunicamos muito rapidamente, e emitimos essas informações sobre o feminismo; as mulheres que estavam lá todas quietas, no silêncio, sem perceber o que estava acontecendo, se dão conta, quase num insight, e percebem: É disso que eu preciso, eu estou sendo vítima dessas violências físicas e simbólicas, eu posso ultrapassar isso dentro de um movimento, me reunindo com companheiras, entrando num partido, num movimento, ou simplesmente fazendo parte desse feminismo transcendental que é o feminismo da internet, que funciona muito como uma máquina de protagonização. Muitas vezes você nem sabe direito qual é a linha do feminismo que está defendendo, mas chega e diz “eu sou feminista”. Faz mal nenhum também.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Laís Modelli – Em muitos dos seus textos, você associava Dilma a politicamente estuprada. Você pode dizer mais sobre isso?</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
É, eu falei isso algumas vezes. Eu falei que aquilo que tinha acontecido, que estava acontecendo, o processo que levou ao golpe era comparável, e a gente poderia usar essa metáfora do estupro, era estupro político. Eu fui até criticada por algumas pessoas que disseram que eu não deveria usar essa expressão, porque uma pessoa que é estuprada fisicamente sofre uma violência incomparável. Eu pensei um pouco e cheguei à mesma conclusão: de que todo estupro é político, inclusive o estupro físico vivido por uma pessoa. Óbvio que há uma diferença de caso e uma diferença de sofrimento, e é claro que nós não podemos comparar com a física, mas a metáfora nos serve, infelizmente. E nesse caso também dá pra ver, na existência dos estupros físicos, o caráter político dos estupros, porque o estupro é sempre um tipo de violência que é produzida, atravessada por uma questão que é política, que é o gênero e a sexualidade, essas duas questões.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Então, para analisar o estupro – a questão classe social talvez seja mais difícil de analisar, mas eu não tiraria fora – quais são as mulheres que são mais estupradas, quem é mais estuprada? Mulheres são mais estupradas, mulheres jovens são mais estupradas, mulheres e crianças são muito estupradas, mais do que homens, ainda que haja também estupro de homens. Essa questão quantitativa se torna qualidade, nesse caso também. E no caso de Dilma Rousseff, a nossa presidenta, ela sofreu de fato uma violência que foi uma violência política, uma violência pessoal, e essa violência pessoal foi também uma violência de gênero. O caráter misógino do golpe é evidente. Eu até escrevi um texto que publiquei no blog da Cult, que foi um texto derivado desse tribunal internacional que eu fui testemunha, e nele eu falava da máquina misógina e o fator Dilma Rousseff na política brasileira. Que fator é esse? É o fator gênero. O que uma mulher, o que uma pessoa na sua condição de mulher, e uma mulher que se autoexpressa dessa maneira tão acintosa, ela foi interpretada como uma demente, uma louca, uma pessoa inadequada porque ela se autoafirmou várias vezes como presidenta. E o ódio que causou no machismo conhecido no Brasil e, sobretudo nessa perspectiva conservadora de direita bem machista... Os fascistas então ficaram tremendo de ódio. Eu comecei a perceber como tinham pessoas que ficavam querendo se atirar no abismo porque Dilma dizia “sou presidenta”. Ali você via que tinha um afeto muito machista em cena na simples percepção da pronúncia, essa pronúncia mexia com o jogo de linguagem machista.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Aray Nabuco – O estupro de Dilma se materializou iconicamente naquele selo que a direita distribuiu em que ela tinha perna aberta no tanque de gasolina. É a materialização da ideia do estupro político.</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Eu citei esse exemplo, porque ficava claro, iconograficamente, que ela tinha sido estuprada, e que as pessoas que odiavam Dilma a odiavam também nesse nível de pensar na questão de gênero. “Eu olho para uma mulher que eu odeio e penso que ela merece ser estuprada.” Como a gente viu parlamentares declarando... Tantas cenas que nós poderíamos enumerar.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Aray Nabuco – Algumas medidas do governo interino atingem a mulher diretamente. Por exemplo, o fim da Secretaria de Direitos Humanos e Igualdade, o fim do Minha Casa Minha Vida, em que, atualmente, as escrituras e o financiamento saem no nome da mulher...</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Acho que para aqueles que eram críticos do governo Dilma, eu mesma, se a gente comparar o governo de Dilma e o governo atual, os retrocessos são tantos agora que a gente consegue visualizar melhor os avanços. Mas talvez o governo Dilma não tenha sido tão bom de publicizar os seus feitos. E a manutenção do poder hoje em dia, todos nós sabemos, depende também da publicização, verdadeira ou falsa. Essa publicização tem a ver também com uma certa esperteza de saber manter o poder. Eu tenho que mostrar que eu sou bom, mostrar que eu estou fazendo, que estou interessado... Essa é a dimensão publicitária da política que é típica da nossa época e nós não podemos esquecer. Por quê? Porque estamos no contexto democrático, ou pelo menos em que o povo ainda conta, não sei até quando que o povo ainda contará. Ainda conta pelo menos enquanto voto, não sei até quando que o nosso voto vai ser sustentado. Estamos à espera de novos golpes, ninguém é ingênuo de pensar que não teremos novos desdobramentos pesadíssimos nos próximos tempos. Então, acho que essa é uma questão: comparar o passado com o que tem agora e perceber que havia avanços e que esses avanços são ainda maiores, sobretudo quando os comparamos com os retrocessos desse momento.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Nina Fideles – Essa inconformação que você citou com o termo presidenta, se revelava também em outros sinais. Dilma tomou posse em carro aberto junto com a filha, sem nenhuma figura masculina ao lado... Sem crime algum, ela era odiada...</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Na questão do golpe, o fator Dilma Rousseff é fundamental. Ali a gente consegue avaliar, olhando para ela, e o que aconteceu com ela e como foi montado esse golpe, a gente vê a construção do ódio misógino. O que é o ódio contra as mulheres? É misoginia. Então Dilma, eu mesma me espantava, ela tinha mais de 80% de aprovação no seu primeiro mandato e, à medida que ela foi prometendo ser a nova candidata e foi reeleita – isso também é importante –, os meios de comunicação de massa, claro, já armaram um processo, uma logística, um processo que nos antecede, que antecede a nossa compreensão banal, comum de cidadãos. Ela foi sendo desconstruída como grande estadista, ou grande governante, porque Dilma tem um conhecimento técnico de gestão espantoso, e ela demonstrou isso no dia da votação pelo impeachment, foi o golpe de misericórdia do golpe. Mas ficou evidente nesse caso que essa pessoa tinha conhecimento, mas cuja imagem devia ser desconstruída. Por onde eles podiam desconstruir? Ela não era corrupta, ela não era cocainômona, não tinha roubado nem 5 milhões, nem 10 milhões, nem 23 milhões, não tinha nenhum tipo de enriquecimento ilícito, não tinha helicóptero, não tinha feito absolutamente nada que pudesse ser usado, e ninguém conseguiu, ela devia estar muito bem protegida, colocar nada na vida dela que pudesse sustentar um processo real. Então, o que você podia usar? Uma estratégia banal. Uma estratégia banal que não ia dar em nada para os outros que também fazem, as famosas pedaladas, criminalizar esse procedimento e, a partir daí, conseguir fazer alguma coisa contra ela. Mas nada disso conta, o que conta são os meios de comunicação de massa aliados ao Legislativo e ao Judiciário, e claro, dos empresários que estavam ali por trás dando força e pagando as contas desse grande arranjo, entre aspas, mafioso. O arranjo desses poderes, e poderes que sabem muito bem, nós estamos na era do espetáculo, manipular a imagem. Essa é a função da televisão, sobretudo na nossa época. E a imagem da Dilma, para poder ser desconstruída, deveria pesar sobre o fato de ela ser mulher. E aí vinham os clichês, a mulher louca, como apareceu numa dessas revistas de bancas de esquina, a mulher doente, a mulher sem marido, a mulher amarga, essa mulher que não vale a pena. E quem não admirava Dilma Rousseff, mas tem um pingo de noção, e teve a oportunidade de ver que tipo de personagem político que ela foi, sobretudo no dia do golpe de misericórdia, ficou muito admirado com ela, e talvez os brasileiros que tenham visto aquilo com cuidado tenham percebido que ela não fazia o jogo dos corruptos, não fazia o jogo para agradar ninguém, Dilma nunca fez esse esforço populista. E aí alguns críticos dizem que isso falta para a esquerda. Grandes teóricos da esquerda comentam como falta o populismo à esquerda.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
E Lula subiu, cresceu, é o grande líder e foi o grande líder durante todos esses anos e continua sendo, e é preciso, por isso, agora tentar destruir também a sua imagem, colocando-o como bandido, um ladrão, um corrupto, justamente nesse contexto. Desmontar pessoas, desmontar o personagem, investir na destruição da sua imagem, colocar essas pessoas como figuras que a elas só é permitido o ódio. É uma pena, porque as pessoas não analisam como elas estão tendo os seus afetos manipulados. E a televisão e os meios de comunicação de massa são especialistas em manipular afetos, assim como todo aquele que manipula discurso, o pastor, o padre... E a verdade dos fatos foi deixada de lado.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Nina Fideles – Não por acaso que a bancada evangélica fez uma participação bem ativa no golpe...</strong></div>
<strong style="box-sizing: border-box;"></strong><br />
<div style="text-align: justify;">
<strong style="box-sizing: border-box;"><strong style="box-sizing: border-box;">Aray Nabuco –Tem gente inclusive chamanda de golpe gospel, porque a articulação dos templos evangélicos, dos Cunha, dos Malafaias da vida, dos batistas, foram muito intensas.</strong></strong></div>
<strong style="box-sizing: border-box;">
</strong><br />
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Essa camada da população precisa também ser analisada. E tem mil questões e precisamos parar para pensar o que significa a laicidade do nosso Estado e a presença desses personagens que usam o seu capital religioso para angariar espaço na política. Eu achei ótima a afirmação do padre Marcelo Rossi, que é um padre católico, que as pessoas não deveriam jamais votar em religiosos. Foi muito bom que um padre católico tenha dito isso, considerando também que o catolicismo perde espaço, por ser uma religião com todos os seus defeitos, pelo menos é uma religião mais racional. Essas outras religiões neopentecostais têm usado o irracionalismo e a ignorância como método de construção do seu espaço. Eu até escrevi há pouco tempo um artigo sobre a ignorância populista. Essa cena da ignorância, da irracionalidade que ganha terreno entre nós e que planta na cabeça dos fiéis e dos eleitores, que são os mesmos hoje em dia, uma perspectiva completamente irracional, eu diria até delirante, em relação ao que é política. E essa separação entre política e religião nós deveríamos discutir e levar muito a sério. É preciso promover essa separação, porque a junção dessas duas coisas tem sido muito perigosa para a democracia brasileira, que nesse momento está nas cinzas. Talvez ela tenha força para se recuperar, como aquela ave elíptica, a Fênix, mas não sei se isso será possível...</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Laís Modelli – Então é um mundo de Spinoza, não? Sentimentos que estão à flor da pele, e se os sentimentos estão à flor da pele, não existe mais livre-arbítrio. Como você vê esta questão num processo eleitoral?</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
Vamos chamar tudo isso de grande manipulação. E a grande manipulação faz parte de um sistema, de uma programação geral, e nós somos como indivíduos inseridos nisso. O contexto não facilita, porque vivemos numa sociedade de espetáculo, era digital, paranoia, enfim... Há toda uma manipulação da razão, da emoção, da ação. E essa manipulação geral é promovida por todas as instituições. Em outras palavras eu acho que nós não temos mais, isso que você chamou de livre-arbítrio, essa liberdade de escolha, porque nós fomos esvaziados de nós mesmos, nós fomos sugados. E aí voltamos àquele motivo inicial tétrico do terror que nós estávamos comentando no início da nossa conversa. É algo de terrível que nos acontece, de assustador, de irracional – claro que se a gente for procurar as racionalidades internas tem muita –, mas tem um jogo ao mesmo tempo, mais do que uma racionalidade, que é a destruição daquilo que está feito e a tentativa de enganar todas as pessoas. E como a gente faz para enganar as pessoas? Esse é uma questão muito interessante. Porque nós não somos idiotas. O jogo que se usa para enganar as pessoas, por parte dos políticos, dos donos do poder de modo geral, empresários, políticos, juristas, enfim, ministros do STF, juízes que tem por aí, é o jogo fascista básico, que é o jogo do cinismo. Basta dizer, “Lula é bandido”, “Dilma cometeu um crime”, se eu disser que cometeu um crime de responsabilidade só fica mais sofisticado. O povo que ouviu essa informação pela TV, ou pelo jornal da esquina, fica feliz de poder dizer “crime de responsabilidade”. Parece que ele agora domina uma epistemologia. Um desses juízes que andou falando sobre as boas intenções nas práticas, na ausência de provas temos convicções, não é?! “Nós podemos proceder dessa maneira, porque nós temos boas intenções.” Então nós temos boa-fé, quer dizer, eu posso cometer crime se eu tenho boa-fé. As pessoas não têm condições de analisar a epistemologia que está também em jogo nisso. Aí a gente vai falar para as pessoas, direitos humanos, lei, Constituição, as pessoas não têm condições, porque as pessoas no Brasil, em função da falta de escolarização, dessa lavagem cerebral real que se vive pela televisão, as pessoas usam clichês, pensamentos prontos. E são os pensamentos que são dados a elas, elas vão usando o que tem. Qual é o cenário? O cenário é o do vazio do pensamento, ninguém se esforça para tentar entender. Quem se esforça por tentar entender fica estarrecido, fica ainda mais apavorado com o que está acontecendo. Mas as pessoas se protegem do pavor, elas tendem a tapar o sol com a peneira, a evitar as grandes questões, evitar as perguntas, se contentar com respostas, porque se nós começarmos a fazer perguntas demais não restará pedra sobre pedra. E nós ficaremos, claro, para a história, como aquele bando de malucos, aqueles intelectuais lá, aquela gente que estava preocupada com história, aquela gente doente, aquela gente louca (risos).</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Aray Nabuco – Mas o capitalismo sabe bem como manipular todas as subjetividades.</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
O capitalismo se transformou num regime cultural que transforma tudo, inclusive o desejo, em mercadoria. O direito ao desejo, o desejo como uma coisa solta, já não existe. Se a gente pensar na Antiguidade, por exemplo, o desejo do herói, o desejo como luta de vida e morte como aparece nos textos de Hegel, não existe. Hoje existe o desejo pela mercadoria e o próprio desejo transformado numa mercadoria. É a sociedade toda, a vida toda, todas as dimensões da vida reduzidas, humilhadas na forma mercadoria. Acho que esse é o horror do capitalismo. E aí o capitalismo acaba sendo religião porque é ritual, acaba sendo estética porque é um jeito também das coisas serem colocadas, de elas aparecerem, o capitalismo é uma ética que é a ética do mercado, é uma política que acaba com a política, transforma tudo em pura economia, quer dizer, a vida não vale mais a pena fora daquilo que é econômico</div>
Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-64948201820545937742018-01-07T09:16:00.001-02:002018-01-07T09:16:09.825-02:00Pequena reflexão sobre os elementos de fascismo na linguagem midiática brasileira, por Carlos CoimbraCarlos Coimbra<br />
Fonte: GGN<br />
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
Uma vez Bertold Brecht disse que “a cadela do fascismo está sempre no cio” e que “não há nada mais parecido a um fascista que um burguês assustado”.</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
Posso estar completamente errado, mas às vezes parece que a nossa mídia leva muito a sério a sua missão de manter o telespectador assustado. De “ateus sem coração” a “comunistas infanticidas”, da “arte degenerada” a “bandido bom é bandido morto”, os exemplos diários estão nas bocas e nas letras de colunistas, comentaristas ou convidados “especiais”.</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
Muitas vezes o fascismo parece distante, coisa do século passado. E muitos acham que deve ser item histórico a ser esquecido e enterrado.</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
Nada disso, ele deveria ser item presente e diariamente relembrado. Para que não se repita.</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
No Brasil temos essas dicotomias do povo simpático que é raivoso, de pequenos pensadores que apreciam o aroma do cio fascista como fina iguaria, dos pequenos burgueses que defendem o esmagamento dos direitos (sejam humanos, civis, trabalhistas) para se sentirem menos pequenos.</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
A banalização da força policial é vista diariamente, para defender um projeto golpista. O cheiro de cio é forte e tudo aparenta calma. Uma calma pregada pela TV nesta semana, que repete o mantra perigoso de que “tudo está bem” e que “o crescimento foi retomado”.</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
O cheiro do cio está realmente forte. Mas a glândula pituitária, quando se satura, não sente mais cheiro nenhum, apesar de ele estar lá</div>
Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-5960653165994212202017-12-28T08:55:00.003-02:002017-12-28T08:56:11.013-02:00Revolução e Democracia<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Revista Caros Amigos</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px;">
<strong style="box-sizing: border-box;">Por Boaventura de Sousa Santos</strong></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px;">
</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; text-align: justify;">
Tenho vindo a escrever que um dos desenvolvimentos políticos mais fatais dos últimos cem anos foi a separação e até contradição entre revolução e democracia como dois paradigmas de transformação social. Tenho afirmado que esse facto é, em parte, responsável pela situação de impasse em que nos encontramos. Enquanto no início do século XX dispúnhamos de dois paradigmas de transformação social e os conflitos entre eles eram intensos, hoje, no início do século XXI, não dispomos de nenhum deles. A revolução não está na agenda política e a democracia perdeu todo o impulso reformista que tinha, estando transformada numa arma do imperialismo e tendo sido em muitos países sequestrada por antidemocratas.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; text-align: justify;">
Esta tensão entre revolução e democracia percorreu todo o século XIX europeu mas foi na Revolução Russa que a separação, ou mesmo incompatibilização, tomou forma política. É debatível a data precisa em que tal ocorreu, mas o mais provável é que tenha sido em Janeiro de 1918, quando Lenine ordenou a dissolução da Assembleia Constituinte onde o Partido Bolchevique não tinha maioria. A grande revolucionária Rosa Luxemburgo foi a primeira a alertar para o perigo da ruptura entre revolução e democracia. Estando na prisão, Rosa Luxemburgo escreveu em 1919 um panfleto sobre a revolução russa cujo destino foi turbulento, só muito mais tarde tendo sido publicado na íntegra. Nesse texto, Rosa Luxemburgo escreve de modo lapidar que a liberdade só para os apoiantes do governo ou só para os membros de um partido não é liberdade. A liberdade é sempre e exclusivamente a dos que pensam diferentemente, e acrescenta: “Com a repressão da vida política no país todo, a vida dos sovietes (o poder popular ou conselhos de operários, camponeses e soldados) definhará mais e mais. Sem eleições gerais, sem total liberdade de expressão e de reunião, sem a disputa livre entre as opiniões, a vida morre nas instituições públicas, torna-se uma mera aparência de vida em que a burocracia é o único elemento activo. A vida pública adormece aos poucos, e uns poucos líderes partidários, dotados de uma energia sem limites e com grande experiência, são quem governa. Entre eles, apenas um pequeno numero de notáveis dirige enquanto a elite da classe operária é convidada de tempos a tempos a participar em encontros para aplaudir os discursos dos líderes e aprovar por unanimidade as resoluções propostas—no fundo, o trabalho de uma clique, uma ditadura, não certamente do proletariado, mas de um pequeno grupo de políticos… Estas condições causarão inevitavelmente a brutalização da vida pública: tentativas de assassinato, liquidação de reféns.” Um texto premonitório de alguém que seria, ela própria, assassinada dois anos depois.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; text-align: justify;">
Vivemos um tempo de possibilidades desfiguradas. A revolução seguiu uma trajectória que foi dando cada vez mais razão às previsões de Rosa Luxemburgo e foi levando a cabo uma transição que, em vez transitar para o socialismo, acabou por transitar para o capitalismo, como bem ilustra hoje o caso da China. Por sua vez, a democracia (reduzida progressivamente à democracia liberal) perdeu o impulso reformista e provou não ser capaz de se defender dos fascistas, como mostrou a eleição democrática de Adolfo Hitler. Aliás, o “esquecimento” da injustiça socio-económica (para além de outras, como a injustiça histórica, racial, sexual, cultural e ambiental) faz com que a maioria da população viva hoje em sociedades politicamente democráticas mas socialmente fascistas.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; text-align: justify;">
Se o drama político do século XX foi separar revolução e democracia, atrevo-me a pensar que o século XXI só começará politicamente no momento em que unir revolução e democracia. A tarefa pode ser assim resumida: democratizar a revolução e revolucionar a democracia. Vejamos como. Dados os limites de espaço, as orientações são formuladas em termos de princípios com escassa explicação.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; text-align: justify;">
Democratizar a revolução. Primeiro, são por vezes necessárias rupturas que quebram a ordem política existente. Esta, quando se auto-designa democrática, é certamente uma democracia de minorias para as minorias, em suma, uma falsa democracia ou uma democracia de baixíssima intensidade. A ruptura só se justifica quando não há outro recurso para pôr fim a este estado de coisas e o seu objectivo principal é o de construir uma democracia digna do nome, uma democracia de alta intensidade para as maiorias, com respeito pela acomodação das minorias. A revolução não pode correr o risco de se perverter na substituição de uma minoria por outra. Segundo, a ruptura, como o nome indica, rompe com uma dada ordem, mas romper não significa fazê-lo com violência física. No dia da tomada do Palácio de Inverno morreram poucas pessoas e os teatros funcionaram normalmente. Tal como na Revolução de 25 de Abril de 1974, em que morreram quatro pessoas e houve um ferido grave. Terceiro, os fins nunca justificam os meios. A coerência entre uns e outros não é mecânica mas devem equivaler-se nos tipos de acção e de sociabilidade política que promovem. Neste sentido, não é admissível que se sacrifiquem gerações inteiras em nome de um futuro radioso que hipoteticamente virá. O futuro daqueles que mais precisam da revolução são as maiorias empobrecidas excluídas, discriminadas e lançadas pela sociedade injusta em zonas de sacrifício. O seu futuro é amanhã e é amanhã que devem começar a sentir os efeitos benéficos da revolução. Terceiro, historicamente muitas revoluções foram rápidas em despolarizar as suas diferenças com os inimigos e antigas classes dominantes, ao mesmo tempo que polarizaram, por vezes de forma brutal, as suas diferenças com grupos revolucionários, cuja linha política fora derrotada. Chamou-se a isso sectarismo e dogmatismo. Esta perversão dominou toda a esquerda política do século XX. Quarto, a luta de classes é uma luta importante mas não é a única. As lutas contra as injustiças e discriminações raciais (colonialismo) e sexuais (hétero-patriarcado) são igualmente importantes, e a luta de classes nunca terá êxito se as outras também não tiverem. Vivemos em sociedades capitalistas, colonialistas e patriarcais e as três formas de dominação actuam articuladamente. Ao contrário, os homens e as mulheres que lutam contra a injustiça concentram-se, em geral, numa das lutas, negligenciando as outras. Enquanto as lutas se mantiverem separadas, nunca terão êxito significativo. Quinto, não há uma única forma de emancipação social. Há múltiplas formas e, por isso, a libertação ou é intercultural ou nunca será</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box;">
<div style="color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; text-align: justify;">
Revolucionar a democracia. Primeiro, não há democracia, há democratização progressiva da sociedade e do estado. Segundo, não há uma única forma legítima de democracia, há várias, e o conjunto delas forma o que designo por demodiversidade. Tal como não podemos viver sem a biodiversidade, também não podemos viver sem demodiversidade. Terceiro, nos diferentes espaços-tempos da nossa vida colectiva, as tarefas de democratização têm de ser levadas a cabo de modo diferente, e os tipos de democracia serão igualmente distintos. Não é possível a democratização do estado sem a democratização da sociedade. Distingo seis espaços-tempo principais: família, produção, comunidade, mercado, cidadania e mundo. Em cada um destes espaços a necessidade de democratização é a mesma, mas os tipos e os exercícios de democracia são diferentes. Quarto, seguindo o pensamento político do liberalismo, as sociedades capitalistas, colonialistas e patriarcais em que vivemos reduziram a democracia ao espaço-tempo da cidadania, o espaço que designamos por político, quando todos os outros são igualmente políticos. Por isso, a democracia liberal é uma ilha democrática num arquipélago de despotismos. Quinto, mesmo reduzida ao espaço da cidadania, a democracia liberal, também conhecida por representativa, é frágil, porque não pode defender-se facilmente dos anti-democratas e dos fascistas. Para ser sustentável, tem de ser complementada e articulada com a democracia participativa, ou seja, com a participação organizada e apartidária de cidadãos e cidadãs na vida política muito para além do exercício do direito de voto, que obviamente é precioso; apenas não é suficiente. Sexto, os próprios partidos têm de se reinventar como entidades que combinam dentro de si formas de democracia participativa entre os seus militantes e simpatizantes, sobretudo na formulação dos programas dos partidos e na escolha de candidatos a cargos electivos. Sétimo, a democracia de alta intensidade deve distinguir entre legalidade e legitimidade, entre o primado do direito (que inclui os direitos fundamentais e os direitos humanos) e o primado da lei (direito positivado), ou seja, entre rule of law e rule by law. O primado da lei (rule by law) pode ser respeitado por ditadores, não assim o primado do direito (rule of law). Oitavo, hoje em dia governar democraticamente significa governar contra a corrente, já que as sociedades nacionais estão sujeitas a um duplo constitucionalismo: o constitucionalismo nacional, que garante os direitos dos cidadãos e as instituições democráticas, e o constitucionalismo global das empresas multinacionais, dos tratados de livre-comércio e do capital financeiro. Entre os dois constitucionalismos há enormes contradições, já que o constitucionalismo global não reconhece a democracia como um valor civilizacional. E o mais grave é que, na maioria das situações, em caso de conflito entre eles, é o constitucionalismo global que prevalece. Quem controla o poder do governo não é necessariamente quem controla o poder social e económico. É o que sucede com os governos de esquerda. Para que estes sustentem, não podem confiar exclusivamente nas instituições. Devem saber articular-se com a sociedade civil organizada e com os movimentos sociais interessados em aprofundar a democracia e dispor de meios de comunicação próprios que rivalizem com os média corporativos em geral subordinados aos ditames do constitucionalismo global.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "roboto" , "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="color: #333333; font-family: "roboto" , "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "roboto" , "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif;">Democratizar a revolução e revolucionar a democracia não são tarefas fáceis, mas são a única via para travar o caminho ao crescimento das forças de extrema-direita e fascistas que vão ocupando o campo democrático, aproveitando-se das debilidades estruturais da democracia liberal. A miséria da liberdade será patente quando a grande maioria da população só tiver liberdade para ser miserável.</span></div>
<span style="color: #333333; font-family: "roboto" , "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif;">
</span></div>
Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-77460329521396471982017-12-23T09:14:00.001-02:002017-12-23T09:14:12.579-02:00O golpe valeu a pena para 1% da população<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
Manfredo de Oliveira</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O ano se aproxima do fim e a direção que está sendo dada ao país está tornando possível às pessoas entenderem que o que estava em jogo no afastamento do governo anterior era, na realidade, mais uma versão de uma característica do <strong>Brasil</strong> marcado, desde a primeira metade do século XX, pelas mudanças estruturais das sociedades modernas”, escreve <a href="http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/573990-nova-dinastia" rel="noopener noreferrer" style="color: #772124; font-weight: 700; text-decoration-line: none;" target="_blank">Manfredo Araújo de Oliveira</a>, professor da <strong>Universidade Federal do Ceará (UFC)</strong>.</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Como afirma <a href="http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/572004-escravidao-e-nao-corrupcao-define-sociedade-brasileira-diz-jesse-souza" rel="noopener noreferrer" style="color: #772124; font-weight: 700; text-decoration-line: none;" target="_blank">Jessé Souza</a>: “… a vida política do <strong>Brasil</strong>, desde então, é dominada por <a href="http://www.ihu.unisinos.br/noticias/554065-quem-deu-o-golpe-e-contra-quem" rel="noopener noreferrer" style="color: #772124; font-weight: 700; text-decoration-line: none;" target="_blank">golpes de Estado</a> movidos pela <a href="http://www.ihu.unisinos.br/espiritualidade/comentario-do-evangelho/78-noticias/553296-crise-politica-e-sobre-dinheiro-diz-jesse-souza-presidente-do-ipea" rel="noopener noreferrer" style="color: #772124; font-weight: 700; text-decoration-line: none;" target="_blank">elite do dinheiro</a> com o apoio da imprensa e da base social da classe média, sempre que a soberania popular ameaçar ou efetivar, por pouco que seja, interesses das classes populares”. Trata-se sempre de um amplo acordo de interesses entre as diversas elites que agora é comandado pela elite financeira.</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Por isto, o primeiro interesse a ser considerado é o interesse econômico uma vez que a elite econômica pode comprar todas as outras elites através de diferentes estratégias. Por exemplo, ela apoiou sua sócia no saque da sociedade, que é a mídia, e tentou comprar as eleições através do financiamento das campanhas e pela cooptação de um aliado de ocasião dentro do Estado, o aparato jurídico-policial. Para ele, o golpe não teria acontecido sem a <a href="http://www.ihu.unisinos.br/noticias/555251-a-justica-politizada-e-o-acirramento-das-polarizacoes-politicas-entrevista-especial-com-rodrigo-ghiringhelli-de-azevedo" rel="noopener noreferrer" style="color: #772124; font-weight: 700; text-decoration-line: none;" target="_blank">politização do judiciário</a> o que agora aparece em nova luz: a Constituição é deixada de lado, direitos são negados. Isto faz aparecer a natureza do que se articulou: a junção de <a href="http://www.ihu.unisinos.br/noticias/531913-o-capitalismo-selvagem-esta-de-volta-e-nao-ira-se-domesticar" rel="noopener noreferrer" style="color: #772124; font-weight: 700; text-decoration-line: none;" target="_blank">capitalismo selvagem</a> de rapina e do enfraquecimento das garantias democráticas. A execução do plano foi um jogo de mestres: em nome da justiça e da moralidade se fez um violento ataque à democracia e às garantias constitucionais. Uma vez consumado o golpe, todos os interesses articulados partem para a rapina e o saque do espólio: vender as riquezas brasileiras, em primeiro lugar o <a href="http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/574496-enquanto-o-mundo-reve-a-exploracao-de-petroleo-o-brasil-da-subsidio" rel="noopener noreferrer" style="color: #772124; font-weight: 700; text-decoration-line: none;" target="_blank">petróleo</a>, cortar <a href="http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/571573-revisao-do-brasil-na-onu-governo-rejeita-mudar-congelamento-de-gastos-sociais" rel="noopener noreferrer" style="color: #772124; font-weight: 700; text-decoration-line: none;" target="_blank">gastos sociais</a> já que o que vale primeiro é o interesse do 1% mais rico.</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Onde ficam os <a href="http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/565149-numero-de-pobres-no-brasil-tera-aumento-de-no-minimo-2-5-milhoes-em-2017-aponta-estimativa-do-banco-mundial" rel="noopener noreferrer" style="color: #772124; font-weight: 700; text-decoration-line: none;" target="_blank">pobres</a> neste projeto? No esquecimento, na marginalidade, com salários aviltantes por serviços à classe média e às empresas dos endinheirados. Os juros bancários estão entre os maiores do mundo e constituem uma espécie de taxa universal que se adiciona a todos os preços de mercado, pesando arbitrariamente sobre todas as classes sociais, proporcionalmente mais sobre os pobres, a fim de drenar o produto do trabalho de todos para o bolso da elite do dinheiro. Como diz <a href="http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/573251-o-poder-do-sistema-financeiro-e-a-insustentabilidade-das-desigualdades-sociais-entrevista-especial-com-ladislau-dowbor" rel="noopener noreferrer" style="color: #772124; font-weight: 700; text-decoration-line: none;" target="_blank">Dowbor</a>: “Os bancos e outros intermediários financeiros demoraram pouco para aprender a drenar o aumento da capacidade de compra do andar de baixo da economia, esterilizando em grande parte o processo redistributivo e a dinâmica e o crescimento estimulado pela demanda”.</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 13px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Esta é, diz <strong>Jessé</strong>, a verdadeira “<a href="http://www.ihu.unisinos.br/160-noticias/cepat/566633-para-alem-da-corrupcao-o-erro-estrategico-na-politica-externa-brasileira" rel="noopener noreferrer" style="color: #772124; font-weight: 700; text-decoration-line: none;" target="_blank">corrupção brasileira</a>”, escandalosa, mas invisível, que faz com que o trabalho de todos vá parar no bolso de menos de <a href="http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/561028-no-topo-da-piramide-brasileira-270-mil-compoem-o-1-mais-rico-entrevista-especial-com-rodrigo-orair" rel="noopener noreferrer" style="color: #772124; font-weight: 700; text-decoration-line: none;" target="_blank">1%</a> e privilegiados “que não apenas vampirizam a sociedade e sua capacidade produtiva, mas colonizam a democracia e a sociedade para seus fins”. Estes podem afirmar tranquilos: o golpe valeu a pena!</div>
Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-30930276612290167172017-12-19T18:18:00.003-02:002017-12-19T18:18:43.348-02:00Uma nova Idade Média e o seu fim inevitável, por Fábio de Oliveira RibeiroFábio de Oliveira Ribeiro<br />
Fonte: GGN<br />
<br />
<div dir="ltr" style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span id="docs-internal-guid-7dc5be1e-6404-71a4-320e-c91b4ebd147e">Um dos aspectos mais curiosos da crise brasileira é a aparente unidade das Forças Armadas do Brasil. O programa de modernização da Marinha, baseado na construção de submarinos nucleares, foi abortado pela Lava Jato com a condenação e prisão do Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva. O projeto de renovação da Força Aérea está sendo ameaçado pelo MPF. Mesmo assim, os almirantes e brigadeiros sempre aparecem sorridentes ao lado do comandante do Exército.</span></div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
Dentro do Exército as coisas são ainda mais estranhas. Num dia centenas de generais se reúnem reforçando o discurso oficial de preservação da democracia (muito embora ela tenha sido atropelada por um golpe parlamentar/judicial). No outro, um general falastrão vai à imprensa cogitar a possibilidade de <em style="margin: 0px; padding: 0px;">intervenção militar</em>(eufemismo utilizado para disfarçar o aprofundamento do golpe de 2016). A estranha tranquilidade que reina entre os militares, não pode ser vista nem no Legislativo nem no Supremo Tribunal Federal.</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
No Legislativo o mal-estar é provocado pelo crescimento da candidatura de Lula e pela proposta do ex-presidente petista de realizar um plebiscito para revogar todas reformas neoliberais impostas ao Brasil pelos golpistas. No STF, que certamente será convocado a decidir sobre a possibilidade e/ou validade do resultado do plebiscito desejado por Lula caso ele seja realizado, as acusações e ofensas trocadas por membros Corte durante sessões de julgamento se tornaram mais frequentes, bizarras e desagradáveis. Todavia, as discussões entre os Ministros do STF não resultaram em rompimento (ou seja, nenhum deles convocou militares para prender seus adversários).</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
Tudo isso, parece confirmar a opinião de professor da Faculdade de Direito de Lyon que tentou interpretar o Brasil:</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;">“A solução de um conflito entre o Exército e a Marinha poderia ter conseqüências mais perigosas. O Govêrno dos Juízes pode ser meio durável de governo, porque no interior de tribunais imiscuídos na política, a lei da maioria permite suprimir os conflitos ou sumprimi-los de maneira muito mais segura e pacífica do que em outras assembléias. Quando os chefes de um Exército são levados a tomar decisões políticas, a lei da maioria dificilmente pode evitar os conflitos de opinião e, mesmo conseguindo impor-se, o espírito militar sairia enfraquecido.” </em>(Os Dois Brasis, Jacques Lambert, Brasiliana - volume 335, Companhia Editora Nacional, 1969, p. 273/274)</div>
<div dir="ltr" style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
Lambert, porém, não deixou de fazer uma advertência importante. Quando os juízes assaltam o poder político <em style="margin: 0px; padding: 0px;">“... a diversidade de opinião dêstes últimos não oferece grandes perigos, a não ser talvez, para a serenidade da justiça.”</em> (Os Dois Brasis, Jacques Lambert, Brasiliana - volume 335, Companhia Editora Nacional, 1969, p. 273). O estudioso francês, porém, não foi capaz de perceber o verdadeiro alcance de um regime político centralizado nas mãos do Poder Judiciário.</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
Os juízes brasileiros constituíram casta e vem sua atividade como uma espécie de sacerdócio que passa de pai para filho. Eles preferem se manter apartados da população e cultuam uma exagerada fidelidade corporativa. No Brasil, o corporativismo dos juízes chega a ser tóxico. Tanto que eles defendem um privilégio que não existe em nenhum outro lugar: a aposentadoria remunerada compulsória como maior punição imposta a um juiz que comete crimes no exercício da função.</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ciosos dos privilégios senhoriais que desfrutam, os juízes alimentam a crença de que pertencem a uma elite, de que eles são o que existe de melhor intelectual e moralmente na sociedade. Em razão de sua origem familiar e econômica, os juízes brasileiros demonstram arraigada aversão à Política e ódio à Democracia. Eles desejam limitar o espaço da primeira e controlar a livre expressão da segunda, pois no imaginário deles ambas (Política e Democracia) são ou podem ser fontes daquilo que eles mais temem: uma inversão na hierarquia social. Eles gostam de julgar, mas detestam ser julgados. Não foi por acaso que eles apoiaram o golpe de 2016.</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
A mim parece evidente que, com exceção da hereditariedade, os juízes se assemelham, de certa maneira, aos clérigos da Idade Média. Isso explica os métodos medievais que alguns deles passaram a usar para destruir lideranças petistas e interromper programas de inclusão sociais criados pelo PT. E já que estamos falando desse assunto nunca é demais lembrar as palavras de outro estudioso:</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;">“... a próxima Idade Média deveria durar cerca de um século. A duração deveria ser ligeiramente maior nos Estados Unidos, onde a nova era se iniciará antes do que outros lugares. O renascimento seguinte poder-se-ia iniciar quase que em qualquer lugar - no Brasil, no México, na Argentina, na China, no Japão, na Suécia - mas parece mais provável que se verifique uma convergência de fenômenos similares em lugares muito distantes uns dos outros, já que, verossimilmente, um dos frutos da presente civilização que não se desperdiçará será o das comunicações rápidas, pelo menos, por via do rádio (ainda que não por meio do satélite, porque não mais existirá uma organização capaz de assegurar a periódica substituição dos satélites ‘estáveis’ para telecomunicações). E se as idéias poderão ser comunicadas rapidamente, a nova civilização poderá surgir com aspectos uniformes em países diversos e longínquos, visto que o único renascimento que poderemos imaginar deve implicar necessariamente na existência de um movimento de idéias novas.</em></div>
<div dir="ltr" style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;">Nos primeiros meses de 1971, algum indício econômico sugeriu que a retração experimentada em grande parte do Ocidente poderia encaminhar-se para o seu final: se, em lugar disso, o slump continuar, a crise final poderá ser retardada por alguns anos. Após a retração, ver-se-á um novo boom e isso (o que se verificará a seguir) poderá levar à instabilidade e ao abalo.</em></div>
<div dir="ltr" style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span id="docs-internal-guid-7dc5be1e-6404-71a4-320e-c91b4ebd147e"><em style="margin: 0px; padding: 0px;">Entre 1985 e 1995, a Idade Média já estará se iniciando.”</em></span> (A Próxima Idade Média, Roberto Vacca, Pallas S/A, Rio de Janeiro, 1975, p. 128)</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
A nova Idade Média chegou, mas pelas mãos do neoliberalismo e não por causa da crise sistêmica do capitalismo imaginada por Roberto Vacca. A catástrofe que nós vivemos não é fruto de uma hecatombe econômica e sim do colapso da idéia da igualdade social. A desigualdade crescente entre ricos e pobres começou nos EUA durante o governo Ronald Reagan (anos 1980) e de lá se espalhou pelo Ocidente. Nos países em que essa desigualdade já existia e começava a declinar (caso do Brasil), a chegada da nova Idade Média ocorreu pelas mãos dos juízes: foram eles que em 2016 se encarregaram de apoiar e legitimar a interrupção do processo de inclusão social e de construção da igualdade social por intermédio da Política e da Democracia.</div>
<div dir="ltr" style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span id="docs-internal-guid-7dc5be1e-6404-71a4-320e-c91b4ebd147e">Toynbee acreditava o o homem </span><em style="margin: 0px; padding: 0px;">“...deveria viver para amar, compreender e criar.”</em> (A Sociedade do Futuro, Zahar Editores, 3a. edição, Rio de Janeiro, 1976, p. 13) e que o <em style="margin: 0px; padding: 0px;">“... amor verdadeiro é um sentimento que supera o egocentrismo, que se expressa numa atividade extrapessoal em benefício dos outros.” </em> (A Sociedade do Futuro, Zahar Editores, 3a. edição, Rio de Janeiro, 1976, p. 15). Mas ele também sabia que o <em style="margin: 0px; padding: 0px;">“...sentimento racial é uma ameaça à paz mundial e um obstáculo à unidade da humanidade.”</em> (A Sociedade do Futuro, Zahar Editores, 3a. edição, Rio de Janeiro, 1976, p. 160).</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
Movidos pelo egoísmo, os juízes brasileiros criaram um regime infame que se apóia tanto no racismo criminoso quanto no ódio à igualdade social manifestado pelos neo-escravocratas que apoiam as reformas neoliberais. A guerra movida aos pobres e aos seus líderes fica mais evidente quando prestamos atenção na maneira como os juízes se posicionam. Lula foi condenado por um crime que ele não cometeu e não poderia ter cometido (o Triplex era da construtora e havia sido dado em garantia a CEF), os juízes delatados como beneficiários de propinas pagas no âmbito da Lava Jato nem foram investigados. Os juízes apoiam a reforma da previdência, desde que os benefícios previdenciários deles (que já são maiores do que os dos demais cidadãos) não sofram qualquer corte.</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
<a href="http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/83819-carmen-lucia-diz-que-preso-custa-13-vezes-mais-do-que-um-estudante-no-brasil" style="color: #336688; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration-line: none; transition: all 0.1s linear;">A presidenta do STF disse há algum tempo que um estudante custa 13 vezes menos do que um preso</a>. A racionalidade do argumento econômico que ela utilizou em favor da educação esconde algo importante. Se não existisse uma guerra movida contra a juventude brasileira pelas gerações mais velhas (inclusive e principalmente a dos juízes) os jovens não seriam vistos como um peso para a sociedade. Advogado, jornalista, professor e político, Freitas Nobre disse que:</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;">“O jovem vive da esperança e do ideal.</em></div>
<div dir="ltr" style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;">Não matemos nele o que a juventude sempre traz de melhor, para que a sociedade não venha a morrer de tédio nem afogar-se na melancolia do arrependimento tardio.</em></div>
<div dir="ltr" style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span id="docs-internal-guid-7dc5be1e-6404-71a4-320e-c91b4ebd147e"><em style="margin: 0px; padding: 0px;">Ou compreendemos o jovem na sua função renovadora e nas responsabilidades de todas as épocas pelas mais justas mudanças da estrutura social, ou estaremos matando na sua fonte, o espírito de atualização que é a característica dos moços de todas as épocas.” </em></span>(Constituinte, Freitas Nobre, Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1978, p. 120)</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
A nova Idade Média imposta ao Brasil pelos juízes adeptos do neoliberalismo é ainda mais cruel em relação aos jovens pobres. Os investimentos em educação foram congelados e as universidades públicas estão sendo sucateadas, mas os empregos criados após a Reforma Trabalhista não proporcionam e não proporcionarão renda suficiente para que eles possam pagar universidades privadas. Vítimas do racismo e da violência policial e ruralista, os jovens de origem indígena, mestiços e negros são os que se tornaram mais vulneráveis após o golpe neoliberal legitimado por juízes medievais. Eles não tem mais o direito de sonhar com a libertação através da educação.</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
Abandonados à própria sorte pelo regime neoliberal infame criado com ajuda dos juízes medievais, os jovens brasileiros que recorrerem à violência serão processados, condenados e encarcerados por homens brancos, cultos e bem-sucedidos de meia idade. <a href="http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/61806-pesquisa-do-cnj-aponta-perfil-dos-magistrados-brasileiros" style="color: #336688; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration-line: none; transition: all 0.1s linear;">O perfil socioeconômico da magistratura brasileira</a> (transcrito abaixo) revela um dado importante: gostemos ou não, no Brasil a guerra entre o Judiciário e a sociedade é sobretudo uma guerra racial e programaticamente racista.</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;">“A magistratura brasileira é composta majoritariamente por homens. Segundo os números preliminares do Censo dos Magistrados, realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no final do ano passado, 64% dos magistrados são do sexo masculino. Eles chegam a representar 82% dos ministros dos tribunais superiores. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (16/6), no Plenário do CNJ, durante a 191ª Sessão Ordinária do Conselho.</em></div>
<div dir="ltr" style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;">Realizado pelo Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ/CNJ) entre 4 de novembro e 20 de dezembro de 2013, o levantamento também aponta que a maioria da magistratura é casada ou está em união estável (80%) e tem filhos (76%). A idade média de juízes, desembargadores e ministros é de 45 anos. Na Justiça Federal estão os juízes mais jovens, com 42 anos, em média. Em geral, a carreira dos magistrados começa aos 31,6 anos de idade, enquanto a das magistradas começa aos 30,7 anos.</em></div>
<div dir="ltr" style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;">Em relação à composição étnico-racial da carreira, juízes, desembargadores e ministros declararam ser brancos em 84,5% dos casos. Apenas 14% se consideram pardos, 1,4%, pretos e 0,1%, indígenas. Segundo o censo, há apenas 91 deficientes no universo da magistratura, estimado em pouco mais de 17 mil pessoas, segundo o anuário estatístico do CNJ Justiça em Números, elaborado com base no ano de 2012.”</em></div>
<div dir="ltr" style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span id="docs-internal-guid-7dc5be1e-6404-71a4-320e-c91b4ebd147e">O que fazer? A resposta dos golpistas ao previsível aumento da criminalidade juvenil nos próximos anos será o aumento da repressão policial e do encarceramento. A supremacia do Direito Penal do Inimigo sobre os princípios constitucionais do Direito Penal e do Direito Processual Penal já era uma triste realidade antes do golpe de 2016. Tudo indica que isso vai piorar, razão pela qual segue sendo relevante a advertência feita por um eminente político norte-americano: </span></div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;">“Alguns - talvez já agora uma maioria de americanos - apregoarão que a resposta ao nosso problema criminal está em ‘ser duro’ com os criminosos, voltando aos tempos em que os métodos de repressão estavam inteiramente fora do âmbito da supervisão judicial. Há uma crença amplamente difundida que ‘tribunais estão mimando os criminosos’ e que os ‘direitos do indivíduo estão destruindo os direitos da sociedade’. êstes pontos de vista, por mais preponderantes que sejam são errôneos e perigosos. São errôneos porque consideram a relação entre liberdade individual e crime; são perigosos porque ameaçam direitos constitucionais vitais, sem fornecer nenhuma solução real ao aumento do crime.” </em>(Decisões para uma década, Edward M. Kennedy, Editora Expressão e Cultura, Rio de Janeiro, 1968, p. 81/82)</div>
<div style="background-attachment: initial !important; background-clip: initial !important; background-image: initial !important; background-origin: initial !important; background-position: initial !important; background-repeat: initial !important; background-size: initial !important; color: #333333; font-family: Verdana, Geneva, "DejaVu Sans", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify;">
A única solução viável para o Brasil é resgatar a dignidade da Política e da Democracia proporcionando inclusão social inclusive e principalmente pela expansão e melhoria do sistema público de educação. E o sistema de justiça brasileiro - notoriamente caro, ineficiente e programaticamente racista - terá que ser obrigado a ajudar a pagar esta conta. A guerra movida aos pobres, pardos, índios e negros com ajuda dos juízes tem que necessariamente resultar numa ampla reforma do Poder Judiciário, com a extinção de privilégios, redução dos salários nababescos, equivalência previdenciária entre as autoridades judiciárias e os demais servidores públicos e a punição efetiva e dura dos abusos que foram e que serão praticados pelos sacerdotes togados da nova Idade Média brasileira. Mas para que isso ocorra, a esquerda terá que contar com o apoio das Forças Armadas ou, pelo menos, da maioria dos oficiais das três armas.</div>
Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-14600973300101414442017-12-13T07:56:00.000-02:002017-12-13T07:56:26.408-02:00"A Operação Condor foi um pacto criminal dos regimes militares"<h2 class="nitfSubtitle" style="background-color: white; color: #ad1b1e; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; letter-spacing: -0.05em; line-height: 1.5em; margin: 0.5em 0px; padding: 0px;">
Entrevista - Cleonildo Cruz</h2>
<div>
Fonte: Carta Capital</div>
<div>
<div class="documentByLine" id="plone-document-byline" style="background-color: white; color: #666666; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10.88px; margin: 0px; padding: 0px;">
<span class="documentAuthor" style="margin: 0px; padding: 0px;">por Marsílea Gombata — </span><span class="documentPublished" style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="margin: 0px; padding: 0px;">publicado</span> 22/08/2016 04h58, </span><span class="documentModified" style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="margin: 0px; padding: 0px;">última modificação</span> 22/08/2016 10h15</span></div>
<div class="documentDescription" id="parent-fieldname-description" style="background-color: white; color: #656565; font-family: "Helvetica Neue", Arial, FreeSans, sans-serif; font-size: 20px; font-stretch: normal; font-style: italic; line-height: normal; margin: 15px 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Em documentário, diretor brasileiro resgata atrocidades cometidas no âmbito da aliança entre países do Cone Sul</div>
</div>
<div class="documentDescription" id="parent-fieldname-description" style="background-color: white; color: #656565; font-family: "Helvetica Neue", Arial, FreeSans, sans-serif; font-size: 20px; font-stretch: normal; font-style: italic; line-height: normal; margin: 15px 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<img alt="martin almada" src="https://www.cartacapital.com.br/sociedade/operacao-condor-foi-um-pacto-criminal-dos-regimes-militares/martin-almada/@@images/3f453896-b95a-4a9e-823d-473b8c42e5af.jpeg" /></div>
<div class="documentDescription" id="parent-fieldname-description" style="background-color: white; color: #656565; font-family: "Helvetica Neue", Arial, FreeSans, sans-serif; font-size: 20px; font-stretch: normal; font-style: italic; line-height: normal; margin: 15px 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13.6px; font-style: normal;">Martin Almada revelou nos anos 1990 o maior acervo documental já descoberto sobre a ditadura de Alfredo Stroessner no Paraguai (1954-1989) e a Operação Condor</span></div>
<div class="documentDescription" id="parent-fieldname-description" style="background-color: white; color: #656565; font-family: "Helvetica Neue", Arial, FreeSans, sans-serif; font-size: 20px; font-stretch: normal; font-style: italic; line-height: normal; margin: 15px 0px; padding: 0px;">
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px;">Desvendar a aliança entre países do Cone Sul que, com apoio logístico e financeiro dos Estados Unidos, perseguiram, torturaram e mataram militantes de esquerda contrários aos regimes militares desses países é uma tarefa necessária para contar a história do continente. N</span><span style="margin: 0px; padding: 0px;">ão apenas para mostrar a confluência ideológica entre vizinhos, mas a maneira como a tomada de decisões – a exemplo da tortura pelas mãos do Estado – foram orientadas pelo governo americano.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px;">Foi na tentativa de resgatar evidências e a complexidade da aliança que o cineasta Cleonildo Cruz viajou para Argentina, Uruguai, Paraguai, Peru, Chile e Bolívia, onde pesquisou à exaustão documentos e realizou entrevistas com sobreviventes e parentes das vítimas. O resultado foi o <a class="external-link" href="https://www.youtube.com/watch?v=VDgZDd6aPvY" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">filme </a></span><i style="margin: 0px; padding: 0px;"><a class="external-link" href="https://www.youtube.com/watch?v=VDgZDd6aPvY" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">Operação Condor - Verdade inconclusa</a></i><span style="margin: 0px; padding: 0px;">, primeiro documentário a percorrer todos os países que compactuaram com os EUA.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px;">Foi na tentativa de resgatar evidências e a complexidade da aliança que o cineasta Cleonildo Cruz viajou para Argentina, Uruguai, Paraguai, Peru, Chile e Bolívia, onde pesquisou à exaustão documentos e realizou entrevistas com sobreviventes e parentes das vítimas. O resultado foi o <a class="external-link" href="https://www.youtube.com/watch?v=VDgZDd6aPvY" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">filme </a></span><i style="margin: 0px; padding: 0px;"><a class="external-link" href="https://www.youtube.com/watch?v=VDgZDd6aPvY" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">Operação Condor - Verdade inconclusa</a></i><span style="margin: 0px; padding: 0px;">, primeiro documentário a percorrer todos os países que compactuaram com os EUA.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
Apesar de elogiar a Comissão Nacional da Verdade brasileira, Cruz observa em entrevista a <b style="margin: 0px; padding: 0px;">CartaCapital</b> que o <a class="external-link" href="http://www.cnv.gov.br/index.php/2-uncategorised/417-operacao-condor-e-a-ditadura-no-brasil-analise-de-documentos-desclassificados" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">Brasil ainda tem muito a esclarecer sobre a aliança</a>, que simbolizou a atuação dos EUA por trás das ditaduras latino-americanas.</div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
Cruz considera que estamos atrasados em relação aos nossos vizinhos no que diz respeito à responsabilização dos algozes do Estado. R<span style="margin: 0px; padding: 0px;">epassar o passado, para ele, é o primeiro passo para compreender o presente e não repetir violações no futuro.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px;">“Não podemos nos calar frente às arbitrariedades dos órgãos de repressão que praticam a criminalidade estatal”, diz. </span>O filme, que foi lançado em novembro no Chile e teve pré-estreia em São Paulo, agora será exibido em nova sessão de pré-estreia no próximo dia 24, no <a class="external-link" href="http://culturabancodobrasil.com.br/portal/belo-horizonte/" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte</a>. </div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;">CartaCapital</b>: <i style="margin: 0px; padding: 0px;">Como surgiu a ideia de fazer o documentário?</i></div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;">Cleonildo Cruz</b>: Realizar <i style="margin: 0px; padding: 0px;">Operação Condor - Verdade Inconclusa </i>foi algo inexorável. Na condição de cineasta que é historiador, venho descortinando o regime militar no Brasil e não poderia fechar o ciclo sem tratar da <a class="internal-link" href="https://www.cartacapital.com.br/sociedade/comissao-da-verdade-cria-grupo-para-investigar-operacao-condor" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">Operação Condor</a> para desvendar bastidores e verdades não reveladas da aliança político-militar entre vários regimes militares da América do Sul: Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Paraguai e Uruguai, com apoio logístico e financeiro dos EUA, formalizada em 1975, em Santiago do Chile.</div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
É um complemento, ao lado do documentário <i style="margin: 0px; padding: 0px;">Olhares Anistia, </i>finalizado neste mês com a jornalista Micheline Américo. O filme revisitará o movimento de luta pela anistia, seus desdobramentos históricos e questões ambíguas durante a sua aprovação ambientada ainda na ditadura, em 28 de agosto de 1979, até sua recente polêmica validação pelo Supremo Tribunal Federal. </div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;">CC</b><span style="margin: 0px; padding: 0px;">: </span><i style="margin: 0px; padding: 0px;">Qual foi o processo para a execução do filme em termos de entrevistas e viagens?</i></div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;">CC</b>: O processo foi denso e envolveu as etapas de pré-produção, produção e pós-produção, totalizando mais de 30 entrevistas. Realizamos várias pesquisas primárias e secundárias nos sítios históricos do <a class="internal-link" href="https://www.cartacapital.com.br/politica/documentos-comprovam-que-jango-era-monitorado-pela-operacao-condor" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">Brasil</a>, Argentina, Uruguai, Paraguai, Peru, Chile e Bolívia. Tenho plena certeza que Condor é o melhor que temos na filmografia da América Latina sobre o tema. Além do componente da pesquisa histórica, temos o emocional, que é muito forte. </div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
Buscamos documentos, relatos, ouvindo familiares e vítimas sobreviventes das torturas dentro da Operação Condor. Quando estamos frente a frente com cada um dos entrevistados, temos de ter controle emocional para ouvir, perguntar e conduzir a filmagem. Mas quando estamos na etapa de pós-produção não conseguimos segurar a emoção e choramos profundamente. </div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
O filme é dedicado aos familiares latino-americanos que, com seus testemunhos, recompilam o que foi a Operação Condor: Aide Rita, Sara Basso, Elisa Cerqueira, Edgardo Binstock, Lilian Celiberti, Roberto Perdia, Andrés Habegger, Gustavo Molfino Giannetti, Julio Abreu, Alicia Cadenas Ravela, Elba Rama, Roger Rodriguez,Mateo Gutiérrez, Sofia Prats, Fran Uruguay, Macarena Gelmán, Martin Almada, Flor Hernandez Zazpe, Dora Careno, Laura Elgueta, Errandonea, Paulina Veloso e Juan Pablo Letelier. </div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;">CC</b><span style="margin: 0px; padding: 0px;">: </span><i style="margin: 0px; padding: 0px;">O que ainda falta ser esclarecido sobre a Operação Condor?</i></div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;">CC</b>: Acredito que falta esclarecer a verdade sobre muitos latino-americanos sequestrados, torturados e assassinados, assim como seus restos mortais, para que suas famílias possam colocar um ponto final à história. Não restam mais dúvidas que a Operação Condor foi um pacto criminal dos regimes militares do países do Cone Sul. </div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;"></b></div>
<dl class="image-inline captioned" style="color: black; float: none; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin: auto auto 1em; max-width: 660px !important; padding: 0px; width: 1200px;"><b style="margin: 0px; padding: 0px;">
<dt style="margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;"><img alt="" class=" lazyloaded" data-src="https://www.cartacapital.com.br/sociedade/operacao-condor-foi-um-pacto-criminal-dos-regimes-militares/FRAMECARTAZ02.jpg/image" height="800" src="https://www.cartacapital.com.br/sociedade/operacao-condor-foi-um-pacto-criminal-dos-regimes-militares/FRAMECARTAZ02.jpg/image" style="border: 1px solid rgb(221, 221, 221); height: auto; margin: 0px; max-width: 100%; padding: 0px; vertical-align: text-bottom;" title="" width="1200" /></dt>
<dd class="image-caption" style="color: #666666; font-size: 13.6px; line-height: 1.6em; margin: 0px 0px 1em 2em; max-width: 100%; padding: 0px 0px 0px 3px; text-align: justify; width: 1200px;">Imagem que representa morto e desaparecido político no Museu da Memória: Ditadura e Direitos Humanos, do Paraguai (Foto: Reprodução)</dd></b></dl>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px;"><b style="margin: 0px; padding: 0px;">CC</b><span style="margin: 0px; padding: 0px;">: </span><i style="margin: 0px; padding: 0px;">Conhecer melhor a Operação Condor pode trazer que tipo de esclarecimento sobre o presente?</i></span></div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
</div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;">CC</b>: Mostra que não podemos nos calar frente às arbitrariedades dos órgãos de repressão que praticam a criminalidade estatal ou pela omissão de órgãos designados para investigar e encaminhar os responsáveis à Justiça. Quando um agente do Estado comete arbitrariedades <a class="internal-link" href="https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-lei-de-organizacoes-criminosas-contra-os-movimentos-sociais" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">criminalizando movimentos sociais</a> e prendendo inocentes está cometendo o mesmo crime hediondo que foi praticado nos porões da ditadura no Brasil. </div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;">CC</b>:<i style="margin: 0px; padding: 0px;"> O quanto a Comissão Nacional da Verdade brasileira conseguiu avançar para desvendar o que ocorreu na Operação Condor, em sua opinião?</i><b style="margin: 0px; padding: 0px;"> </b></div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;">CC</b>:<b style="margin: 0px; padding: 0px;"> </b>A Comissão Nacional da Verdade é um órgão de governo estabelecido para determinar os fatos, causas e consequências de violações de direitos humanos sobre o passado recente. Mas muito falta a ser esclarecido sobre a Operação Condor.</div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
Trago o exemplo do sequestro da argentina Noemí Molfino. Obtive acesso ao documento que revela que a ditadura brasileira participou do sequestro da militante no Peru em 12 de junho de 1980, que apareceu morta dia 19 de junho de 1980 em seu apartamento em Madri. A ação da Operação Condor envolveu o Brasil, e seu filho, Gustavo Molfino, espera até hoje uma resposta da Comissão Nacional da Verdade.</div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;">CC</b><span style="margin: 0px; padding: 0px;">: </span><i style="margin: 0px; padding: 0px;">Como enxerga as investigações de outros países da região em relação ao período ditatorial? Eles avançaram mais do que nós?</i><i style="margin: 0px; padding: 0px;"> </i></div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;">CC</b>:<i style="margin: 0px; padding: 0px;"> </i>O Brasil foi o último país a criar uma<a class="internal-link" href="https://www.cartacapital.com.br/politica/201ce-preciso-que-haja-julgamento201d-defende-coordenadora-da-comissao-nacional-da-verdade-3654.html" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title=""> Comissão Nacional da Verdade</a>. Só esse ponto explica o resultado de apenas esclarecer os fatos e resgatar a memória do que foi o regime civil-militar no País. Os outros países avançaram muito mais que nós. Talvez seja essa a explicação de não termos caminhado para a responsabilização dos agentes do Estado que praticaram a criminalidade estatal.</div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
Vivemos um regime entre 1964 e 1985. Tivemos a<a class="internal-link" href="https://www.cartacapital.com.br/sociedade/lei-de-anistia-nao-e-obstaculo-para-julgar-torturadores-8107.html" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title=""> Lei de Anistia </a>6.683 de 1979, a Constituição de 1988, e as leis 9.140/95 e 10.559/02, pela implantação da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos e da Comissão de Anistia. O conceito de justiça de transição, no entanto, vai muito além da busca pela verdade e memória, da reparação às vítimas do regime civil-militar.</div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
Significa a responsabilização dos agentes do Estado que agiram criminalmente sequestrando, torturando, assassinando e ocultando os mortos. A Comissão Nacional fez a opção mais cômoda de apenas resgatar a verdade e a memória como política de Estado. É preciso caminharmos para uma justiça de transição efetiva e não apenas um resgate histórico. </div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;">CC</b><span style="margin: 0px; padding: 0px;">: </span><i style="margin: 0px; padding: 0px;">Além de aliados políticos, o que ganhavam os EUA apoiando governos de direita em nome da luta contra o comunismo?</i><b style="margin: 0px; padding: 0px;"> </b></div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;">CC</b>: O controle hegemônico da política e economia do mercado de capitais da região. A interligação dos aparatos repressivos dos vários regimes militares da América do Sul (como Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Paraguai e Uruguai) não seria possível sem o apoio logístico e financeiro dos EUA. Embaixadas interligadas em comunicados permanentes, trocas de correspondências e monitoramentos. Tinham todos os movimentos da esquerda na América Latina monitorados. Era tempo da Guerra Fria, e a Doutrina de Segurança Nacional norteou a unificação dos aparatos repressivos de forma oficial em 1975.</div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
É uma grande mentira dizer que essa relação dos EUA com as ditaduras na região se deu de forma mais efetiva após a oficialização da Operação Condor, em 25 de novembro de 1975. Os EUA gestaram em suas embaixadas todos os golpes militares dos países da América Latina, agindo além das suas fronteiras para desestabilizar as democracias.</div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;">CC</b>: <i style="margin: 0px; padding: 0px;">Qual a herança que nos deixa a Operação Condor? Como superá-la?</i></div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px;"></span></div>
<div style="color: black; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;">CC</b>: Existe a herança do pacto criminal que foi a Operação Condor, que ainda hoje carregamos não só subjetivamente, mas com a prática do autoritarismo dentro das nossas corporações políticas e policias. É uma constatação de que os direitos humanos não são convertidos em política de Estado na América Latina. </div>
</div>
<div class="documentDescription" id="parent-fieldname-description" style="background-color: white; color: #656565; font-family: "Helvetica Neue", Arial, FreeSans, sans-serif; font-size: 20px; font-stretch: normal; font-style: italic; line-height: normal; margin: 15px 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="documentDescription" id="parent-fieldname-description" style="background-color: white; color: #656565; font-family: "Helvetica Neue", Arial, FreeSans, sans-serif; font-size: 20px; font-stretch: normal; font-style: italic; line-height: normal; margin: 15px 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="documentDescription" id="parent-fieldname-description" style="background-color: white; color: #656565; font-family: "Helvetica Neue", Arial, FreeSans, sans-serif; font-size: 20px; font-stretch: normal; font-style: italic; line-height: normal; margin: 15px 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="documentDescription" id="parent-fieldname-description" style="background-color: white; color: #656565; font-family: "Helvetica Neue", Arial, FreeSans, sans-serif; font-size: 20px; font-stretch: normal; font-style: italic; line-height: normal; margin: 15px 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="documentDescription" id="parent-fieldname-description" style="background-color: white; color: #656565; font-family: "Helvetica Neue", Arial, FreeSans, sans-serif; font-size: 20px; font-stretch: normal; font-style: italic; line-height: normal; margin: 15px 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-72862558164955335902017-12-10T08:43:00.000-02:002017-12-10T08:43:06.389-02:00Esse é genial.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/zTD1FgKcJs4/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/zTD1FgKcJs4?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br />Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-73529744306827367222017-12-08T09:18:00.003-02:002017-12-08T09:19:51.475-02:00Os brasileiros têm uma percepção equivocada da realidade?<div class="documentByLine" id="plone-document-byline" style="background-color: white; color: #666666; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10.88px; margin: 0px; padding: 0px;">
<span class="documentAuthor" style="margin: 0px; padding: 0px;">por <a href="https://www.cartacapital.com.br/Plone/autores/caroline-oliveira" style="border-bottom: none; color: black; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;">Caroline Oliveira</a> — </span><span class="documentPublished" style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="margin: 0px; padding: 0px;">publicado</span> 07/12/2017 17h01 Carta Capital</span></div>
<div class="documentDescription" id="parent-fieldname-description" style="background-color: white; color: #656565; font-family: "Helvetica Neue", Arial, FreeSans, sans-serif; font-size: 20px; font-stretch: normal; font-style: italic; line-height: normal; margin: 15px 0px; padding: 0px;">
O Brasil está entre os primeiros países em que a população menos tem noção da realidade em que vive, segundo a pesquisa “Os Perigos da Percepção”</div>
<div class="documentDescription" id="parent-fieldname-description" style="background-color: white; color: #656565; font-family: "Helvetica Neue", Arial, FreeSans, sans-serif; font-size: 20px; font-stretch: normal; font-style: italic; line-height: normal; margin: 15px 0px; padding: 0px;">
<br /></div>
<div class="documentDescription" id="parent-fieldname-description" style="background-color: white; color: #656565; font-family: "Helvetica Neue", Arial, FreeSans, sans-serif; font-size: 20px; font-stretch: normal; font-style: italic; line-height: normal; margin: 15px 0px; padding: 0px;">
<img alt="Intervenção Militar" height="266" src="https://www.cartacapital.com.br/sociedade/os-brasileiros-tem-uma-percepcao-equivocada-da-realidade/intervencao-militar/@@images/f665aa6c-df77-4c39-ade9-d991da21c0e7.jpeg" width="400" /><span style="background-color: transparent; font-size: 16px;">No Brasil, acredita-se que a cada 100 pessoas presas, 18% são</span><span style="background-color: transparent; font-size: 16px;"> </span><a class="external-link" href="https://cartacapital.com.br/politica/o-que-muda-com-a-nova-lei-de-migracao" style="background-color: transparent; border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; font-size: 16px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">provenientes de outro país</a><span style="background-color: transparent; font-size: 16px;">, quando o dado oficial é de apenas 0,4%. Assim como acredita-se que o percentual de garotas entre 15 e 19 anos que dão à luz anualmente é de 48%, mas na realidade é de 6,7%.</span></div>
<main id="main-content" style="float: none; margin: 0px; padding: 10.0625px; width: 1007px;"></main><br />
<div class="" style="margin: 0px; padding: 0px;">
<div id="content" style="clear: both; font-size: 12.8px; line-height: 1.5em; margin: 1em 0.25em 2em; padding: 0px;">
<div id="content-core" style="font-size: 16px; line-height: 28px; margin: 0px; padding: 0px;">
<div id="textstructured" style="margin: 0px; padding: 0px;">
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">As comparações são da pesquisa “Os Perigos da Percepção”, divulgada nesta quarta-feira, 6 de dezembro, e realizada pelo Instituto Ipsos Mori, que mede do Índice de Percepção Equivocada. Dentre 38 nações, os brasileiros são a segunda maior população com uma percepção do contexto da sociedade diferente da realidade do País.</span></div>
</div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Segundo Danilo Cersosimo, diretor da Ipsos Public Affairs, o deslocamento da realidade a partir da percepção está relacionado à desigualdade no acesso à formação educacional e cultural. “Quando observamos os itens da pesquisa, como população carcerária, imigração e <a class="external-link" href="https://cartacapital.com.br/sociedade/so-uma-mulher-sabe-o-que-e-ter-uma-gravidez-indesejada" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">gravidez entre jovens</a>, vemos que a população não se apropria desses temas”, afirma Cersosimo, cuja análise também aponta a falta de acesso à informação como um dos pontos estruturantes deste quadro.</span></div>
</div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“Existe uma questão crônica de falta de debate, que deveria começar na escola para formar pessoas com mais senso crítico. Qual modelo de sociedade estamos formando? Quais ferramentas o Brasil está provendo para seus cidadãos?”, questiona.</span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Para realizar a pesquisa, entre setembro e outubro de 2017, mais de 29 mil pessoas ao redor do mundo responderam a perguntas sobre dados da realidade, posteriormente comparados aos números oficiais. Ainda que as perguntas fossem diferentes em 2016, naquele ano o Brasil alcançou a posição do sexto lugar.</span></div>
</div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“A mudança de perguntas é uma maneira de tornar a pesquisa dinâmica de um ano para o outro. Mas a lógica é a mesma: testar a percepção em relação à realidade, até porque nem todos os dados mudam anualmente. Existem informações do IBGE (<a class="external-link" href="https://cartacapital.com.br/economia/Desemprego%20vai%20a%2013%20em%20junho%2C%20primeira%20queda%20desde%202014" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas</a>) que serão atualizadas daqui a dez anos”.</span></div>
</div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Cersosimo explica que o perigo maior da percepção equivocada é o “tornar-se um cidadão vulnerável a qualquer tipo de discurso e informação que não necessariamente seja correta”, ainda mais em um contexto de novas tecnologias.</span></div>
</div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<div style="text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">“Os Perigos da Percepção”</strong></div>
</div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Segundo a pesquisa, no Brasil acredita-se que num universo de 100 pessoas do sexo feminino, entre 15 e 24 anos, 24% <a class="external-link" href="http://cartaeducacao.com.br/reportagens/oito-filmes-que-retratam-o-suicidio/" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">cometeram suicídio</a>. O dado oficial é 4,3%. Quando analisadas pessoas do sexo masculino, a percepção sobe para 25% e o número real desce para 3,3%.</span></div>
</div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Quando do assunto é acesso a itens eletrônicos. Os brasileiros têm a percepção de que, num universo de 100 pessoas, 47% possuem smartphones. Quando na realidade, o dado oficial cai para 38%.</span></div>
</div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Quanto a homicídios, 76% dos entrevistados acreditam que atualmente a taxa é maior do que no ano 2000. No entanto, o percentual é igual ao daquele ano.</span></div>
</div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">"Em todos os 38 países analisados, cada população erra muito em sua percepção. Temos percepção mais equivocada em relação ao que é amplamente discutido pela mídia, como <a class="external-link" href="https://cartacapital.com.br/revista/857/o-terrorismo-sem-fronteiras-663.html" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">mortes por terrorismo</a>, taxas de homicídios, imigração e gravidez de adolescentes", afirmou Bobby Duffy, diretor de pesquisas do instituto, em entrevista à Folha de S. Paulo.</span></div>
</div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Na mesma esteira de percepção da realidade, uma pesquisa realizada pela Oxfam e o Instituto DataFolha mostra que para 46% dos brasileiros é necessário ter uma renda de pelo menos 20 mil reais para fazer parte dos 10% mais ricos do País. Quando o valor oficial é de apenas três salários mínimos, 2.811 reais.</span></div>
</div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<div style="text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Perfil</strong></div>
</div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">A pesquisa foi realizada online, o que limita o alcance do estudo à percepção da população com acesso à Internet no País. De acordo com a Pnad do IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), o Brasil alcançou 102,1 milhões de <a class="external-link" href="https://cartacapital.com.br/blogs/intervozes/201ca-internet-democratizou-tudo201d-para-quem" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">pessoas na Internet</a>. Essa amostragem tende a ser urbana, estar mais presente em capitais e regiões metropolitanas. No entanto, “isso não significa que não tenham sido contempladas cidades do interior”, afirma Cersosimo.</span></div>
</div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
Os números representam “o público conectado, ou seja, da classe A e B majoritariamente. É uma população, digamos, com um perfil de mais acesso à informação, o que é contraditório se olharmos para a posição do Brasil no ranking”</div>
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><div style="text-align: justify;">
.</div>
</span></div>
</div>
</div>
<div id="viewlet-below-content-body" style="margin: 0px; padding: 0px;">
<div class="visualClear" style="clear: both; margin: 0px; padding: 0px;">
</div>
<div class="documentActions" style="margin: 0px; padding: 0px;">
</div>
<div id="blueline-belowcontentbody" style="margin: 0px; padding: 0px;">
</div>
</div>
</div>
</div>
<div id="viewlet-below-content" style="clear: both; margin: 0px; padding: 0px;">
<div id="category" style="color: #666666; font-size: 12px; margin: 0px 0px 1em; padding: 0px; text-align: right;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
</div>
Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-35632767903046106932017-12-05T08:50:00.002-02:002017-12-05T08:50:28.438-02:00"Mídias sociais favoreceram a imbecilidade"<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="color: #656565; font-family: "Helvetica Neue", Arial, FreeSans, sans-serif; font-size: 20px;">Cortella comenta a cultura do ódio que se disseminou pelo país: na internet todos têm uma opinião, mas poucos têm fundamentos para ancorá-la</span></em></div>
<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="color: #656565; font-family: "Helvetica Neue", Arial, FreeSans, sans-serif; font-size: 20px;">Fonte: Carta Capital</span></em></div>
<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;">Por Renata Martins</em></div>
<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
A instantaneidade e conectividade das <a class="external-link" href="https://cartacapital.com.br/revista/956/e-hora-de-despoluir-as-redes-sociais" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">mídias sociais</a> fomentam um ambiente hostil em que todos têm "alguma opinião sobre algo, mas poucos têm fundamentos refletidos e ponderados para iluminar as opiniões", diz o filósofo e professor universitário <a class="external-link" href="http://envolverde.cartacapital.com.br/sas-apresenta-palestra-de-mario-sergio-cortella-em-congresso-nacional-de-educadores/" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">Mario Sergio Cortella</a>, em entrevista à DW Brasil. </div>
<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
Cortella é uma figura influente na sociedade brasileira como palestrante, debatedor e comentarista de rádio. Com mais de um milhão de livros vendidos entre seus 33 títulos lançados, Cortella traduz à linguagem coloquial e adapta à realidade atual do Brasil complexos temas filosóficos, existenciais e políticos como "se você não existisse, que falta faria?" ou "o caos político brasileiro". Nesta entrevista, ele analisa como a cultura do ódio é alimentada por "analfabetos políticos".</div>
<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">DW Brasil: </strong><em style="margin: 0px; padding: 0px;">Etimologicamente, a palavra "cultura" (culturae, em latim) originou-se a partir de outro termo, colere, que indica o ato de "cultivar". Podemos considerar que a "cultura do ódio", que se vê eclodir na sociedade brasileira, é algo que já estava presente nas relações sociais, vem sendo cultivado e agora encontrou o tempo ideal para a "colheita"?</em></div>
<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Mario Sergio Cortella:</strong> O ódio é uma possibilidade latente, mas não é obrigatório. Contudo, não havia tanta profusão de ferramentas e plataformas para que fosse manifestado e ampliado como nos tempos atuais no Brasil. A instantaneidade e a conectividade digital permitiram que um ambiente reciprocamente hostil – como o da fratura de posturas nas eleições gerais do final de 2014 – encontrasse um meio de expressão mais veloz e disponível, sem restrição quase de uso e permitindo que tudo o que estava aprisionado no campo do indivíduo revoltado pudesse emergir como expressão de discordância virulenta e de vingança repressiva<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">.</strong></div>
<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">DW: </strong><em style="margin: 0px; padding: 0px;">Qual o papel das redes sociais nesse fenômeno? Você concorda com Umberto Eco, para quem as mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis?</em></div>
<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">MSC</strong>: As mídias sociais favoreceram, sim, o despontar de um palanque também para a imbecilidade e a idiotia. Antes delas, era preciso, para se manifestar, algum poder mais presente ou a disponibilidade de uma tribuna mais socialmente evidente. Agora, como efeito colateral da democratização da comunicação, temos o adensamento da comunicação superficial, na qual todos têm (e podem emprestar) alguma opinião sobre algo, mas poucos têm fundamentos refletidos e ponderados para iluminar as opiniões. Como dizia Hegel: "quem exagera o argumento, prejudica a causa".</div>
<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">DW: </strong><em style="margin: 0px; padding: 0px;">Por que pensar e se expressar de forma distinta daquilo "com o que eu concordo" passou a ser o estopim para reações de ódio exacerbado no Brasil?<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"></strong></em></div>
<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">MSC</strong>: Uma sociedade antes fragmentada concentrou-se em ser mais dividida. Isto é, dois lados em confronto, agora dispondo de arsenais mais contundentes de propagação e, por outro lado, vitimadas por poderes comunicacionais dos quais desconhece a face e o interesse. O salvacionismo moral sugerido por alguns em meio a uma crise de valores republicanos e à degradação econômica encontrou fácil disseminação. Como se diz em português: "para quem está com o martelo na mão, tudo é prego..."</div>
<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">DW: </strong><em style="margin: 0px; padding: 0px;">Como explicar casos de "<a class="external-link" href="https://cartacapital.com.br/sociedade/quatro-mitos-sobre-o-cidadao-de-bem-armado" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">cidadãos de bem</a>" sendo atores de ações de censura, de extrema intolerância e violência, verbal e física, contra outros cidadãos, igualmente "de bem"?<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"></strong></em></div>
<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">MSC</strong>: O "cidadão de bem", entendido como aquele que não faz o que faz por maldade, é a encarnação do que Bertolt Brecht chamava de "analfabeto político". Isto é, alguém que, portador de boas intenções, age em consonância desconhecida com as más intenções de quem almeja uma situação disruptiva e oportunista.</div>
<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">DW: </strong><em style="margin: 0px; padding: 0px;">Quem se beneficia dessa explosão de ódio?</em></div>
<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">MSC</strong>: Todos os "liberticidas" e todos os "democracidas" são herdeiros dessa seara incendiadora que exclui o conflito (divergência de ideias ou posturas) e alimenta o confronto (busca de anulação do divergente).</div>
<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">DW: </strong><em style="margin: 0px; padding: 0px;">Aonde essa cultura do ódio e intolerância no país pode nos conduzir? Tempos sombrios estão por vir?<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"></strong></em></div>
<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">MSC</strong>: Tempos sombrios podem vir, sempre. Contudo, podem ser evitados se houver uma aliança autêntica em meio às diferenças entre aqueles e aquelas que recusam a brutalidade simbólica e física como instrumento de convivência. Não há um caminho único para o futuro. Não há a impossibilidade de esse caminho parecer único. Não há inevitabilidade de que um caminho único venha.</div>
<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">DW:</strong> <em style="margin: 0px; padding: 0px;">"Até nos tempos mais sombrios temos o direito de ver alguma luz", disse a filósofa alemã <a class="external-link" href="http://justificando.cartacapital.com.br/2015/10/05/a-atualidade-brutal-de-hannah-arendt/" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">Hanna Arendt</a>. Qual seria a luz para começar a responder a essa cultura do ódio?</em><strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><em style="margin: 0px; padding: 0px;"> </em></strong></div>
<div style="background-color: white; font-family: "Open Sans", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; padding: 0px;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">MSC</strong>: A luz mais forte é a da resistência organizada e persistente de quem deseja escapar das trevas e não quer fazê-lo sozinha, nem excluir pessoas e muito menos admitir que impere o malévolo princípio de "cada um por si e Deus por todos". Seria praticando cotidianamente o "um por todos e todos por um". Afinal, como dizia <a class="external-link" href="https://cartacapital.com.br/internacional/o-mundo-precisa-de-mais-mandelas-2327.html" style="border-bottom: none; color: rgb(173, 27, 30) !important; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;" target="_blank" title="">Mahatma Ghandi</a>, "olho por olho, uma hora acaba.</div>
Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-25207717246180718662017-11-26T09:17:00.001-02:002017-11-26T09:22:56.134-02:00A Diva Negra<div class="ODICHE00812" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", sans-serif; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">
<h3 id="noticia-olho" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; color: #585858; font-size: 22px; font-weight: 400; letter-spacing: -1px; line-height: 26px; margin: 0px 0px 30px; outline: none; padding: 0px; text-rendering: optimizeLegibility;">
carioca que enfrentou o racismo e virou cantora lírica</h3>
<h4 class="date-view" id="date-view" itemprop="datePublished" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; color: #b4b4b4; font-size: 11px; font-weight: normal; margin: 0px 0px 10px; outline: none; padding: 0px; text-rendering: optimizeLegibility; text-transform: uppercase;">
<div class="EJENEA00304" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">
Fonte O Dia</div>
</h4>
<h5 id="noticia-credito" itemprop="author" itemscope="" itemtype="http://schema.org/Person" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-size: 11px; font-weight: normal; margin: 0px 0px 30px; outline: none; padding: 0px; text-rendering: optimizeLegibility; text-transform: uppercase;">
<div class="ODIJNI00209" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">
<span itemprop="creator" itemscope="" itemtype="http://schema.org/Person" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;"><span id="authors-box" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;"><span itemprop="name" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-weight: bolder; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">DELMA PACÍFICO</span></span><span class="complemento-credito" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-weight: bolder; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;"></span></span></div>
</h5>
</div>
<div class=" area-texto content" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", sans-serif; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">
<div class="noticia" id="noticia" itemprop="articleBody" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-size: 18px; line-height: 1.6; margin-bottom: 18px; margin-top: 18px; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">
Rio - O sorriso largo da foto ao lado e o carinhoso beijo do tenor francês Albert Lance retratavam a triunfante volta por cima de Maria D'Apparecida. A cantora lírica carioca nascera Maria de Aparecida Marques em 1935 e, até se firmar na difícil e excludente música erudita, enfrentou o racismo sem jamais desistir de seu sonho. D'Apparecida retornava ao Brasil em agosto de 1965 para a montagem da ópera 'Carmen', de Bizet. Eram tantas as expectativas e os elogios que o Theatro Municipal teve de programar uma apresentação extra. Os ingressos se evaporaram em questão de horas.</div>
<br />
<figure class="ODICHE00912" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; margin: 0px 0px 20px; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;"><img src="http://ejesa.statig.com.br/bancodeimagens/0h/jg/gi/0hjggiofjspdmpq2whgkhogem.jpg" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border-style: none; box-sizing: border-box; display: block; height: auto; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility; width: 599.328px;" /><figcaption style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;"><span style="box-sizing: border-box; color: #383838; display: block; font-size: 13px; margin-top: 6px; outline: none;">Maria D'Apparecida e o tenor Albert Lance, EM entrevista na Maison de France, no Rio, um dia da estreia companhia da Opera de Paris no Theatro Municipal, com 'Carmen'</span><small style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; color: #9a9a9a; display: block; font-size: 13px; margin-top: 6px; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">Arquivo O Dia</small></figcaption></figure><br />
<div class="" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-size: 18px; line-height: 1.6; margin-bottom: 18px; margin-top: 18px; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">
Maria foi criada na Tijuca, por uma família que a adotou. Professora formada no tradicional Instituto de Educação, chegou a lecionar em uma escola pública na Pavuna e ainda trabalhou como modelo e locutora de rádio, funções 'toleradas' para uma jovem negra na segunda metade do século 20. Mas o desejo de cantar era maior. Maria se formou no Conservatório Brasileiro de Música do Rio, apesar de ouvir de muitos que uma negra não poderia ser cantora de ópera do Municipal.</div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-size: 18px; line-height: 1.6; margin-bottom: 18px; margin-top: 18px; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">
Foi aí que começou a metamorfose de Maria em D'Apparecida. A mezzo-soprano foi em 1961 para a França, onde adotou o nome artístico pomposo que, no entanto, não lhe tirou o amor pela cultura brasileira e ajudou a moldar seu repertório.</div>
<br />
<figure class="ODICHE00306" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; float: left; margin: 0px; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;"><img src="http://ejesa.statig.com.br/bancodeimagens/5z/p5/nl/5zp5nl4y4icr91dbnejdwubna.jpg" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border-style: none; box-sizing: border-box; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;" /><figcaption style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; margin-right: 30px; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility; width: 350px;"><span style="box-sizing: border-box; color: #383838; display: block; font-size: 13px; margin-top: 6px; outline: none;">Maria aos 30 anos</span><small style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; color: #9a9a9a; display: block; font-size: 13px; margin-top: 6px; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">Arquivo O Dia</small></figcaption></figure><br />
<div class="" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-size: 18px; line-height: 1.6; margin-bottom: 18px; margin-top: 18px; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">
Lá fora, cantou eruditos brasileiros como Villa-Lobos e Ernani Braga. Com o disco 'Chants Brésiliens', com participação do músico Turíbio Santos, conquistou em 1967 o prêmio Orfeu de Ouro da Academia Nacional de Disco Lírico de Paris. Também foi condecorada com a Medalha da Legião de Honra, entregue pelo presidente François Mitterrand.</div>
<div class="" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-size: 18px; line-height: 1.6; margin-bottom: 18px; margin-top: 18px; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">
O jornalista Henrique Marques Porto tinha 15 anos naquele 1965 e estava na plateia com o pai, Marques Porto, então crítico de música do <span style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-weight: bolder; letter-spacing: -1px; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">DIA</span>. "Era um desafio, e ela fez uma Carmen absolutamente original, uma Carmen negra, com a sensualidade da mulher carioca", lembra.<br />
Um acidente de carro nos anos 1970, que lhe custou cirurgias em um dos olhos acabou por afastar a cantora da música erudita, mas a aproximou da música popular brasileira. Gravou um disco com Baden Powell em 1977. Ao Brasil voltou algumas vezes, para reencontrar irmãos e sobrinhos,e em uma delas, 1981, foi jurada do desfile das escolas de samba.</div>
<div class="materia-2" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; float: left; margin: 0px; outline: none; padding-right: 30px; text-rendering: optimizeLegibility; width: 629.328px;">
<div class=" area-texto content" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">
<div class="noticia" id="noticia" itemprop="articleBody" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-size: 18px; line-height: 1.6; margin-bottom: 18px; margin-top: 18px; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">
O fim de Maria foi melancólico. Ela morreu este ano, em 4 de julho, sozinha em Paris, aos 82 anos. Seu corpo correu o risco de ser sepultado como indigente. O funeral só ocorreu dois meses depois por causa da demora em se localizar um familiar dela no Brasil.</div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-size: 18px; line-height: 1.6; margin-bottom: 18px; margin-top: 18px; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">
<span style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: border-box; font-weight: bolder; letter-spacing: -1px; outline: none; text-rendering: optimizeLegibility;">Reportagem da estagiária Luana Dandara, sob supervisão de Eduardo Pierre</span></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-50988220619176864782017-11-24T07:55:00.000-02:002017-11-24T07:55:31.665-02:00Um País Chamado Desastre<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 1em; vertical-align: baseline; width: 589px;">
<em style="background: transparent; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Por Renato Cortez</em></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 1em; vertical-align: baseline; width: 589px;">
O mundo está assombrado com o Brasil. Pelo menos esta é a conclusão após a leitura de um pesado artigo publicado no portal The Conversation. O título, em tom grave, dá a medida do assombro: Brasil, desastre à vista. Os motivos? Uma perversa aliança entre o neoliberalismo, a direita religiosa e o Macartismo tropical com a sua surreal paranoia anticomunista visando eleger um presidente em 2018 para terminar de retroceder nos tímidos avanços experimentados pela população brasileira nos últimos 13 anos.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 1em; vertical-align: baseline; width: 589px;">
Sustentado pelas afirmações do ex-Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, o artigo diz que o Brasil é atualmente administrado por uma quadrilha criminosa responsável pela deposição de uma presidente eleita de forma legítima em eleições livres e plurais, afirmando categoricamente que Michel Temer participou ativamente da conspiração que resultou no golpe de Estado de 2016. Completa dizendo que este grupo criminoso está disposto a qualquer coisa para se manter no poder.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 1em; vertical-align: baseline; width: 589px;">
Um breve inventário dos crimes de Temer e seu grupo político ilustram as afirmações, com destaque para as duas recentes denúncias enviadas pela PGR solicitando autorização da Câmara dos Deputados para dar início às investigações da quadrilha. Os R$ 51 milhões de Geddel e os R$ 500 mil na mala de Rocha Loures, bem como a promiscuidade na liberação de verbas para aliados em troca de proteção, terminam de desenhar a situação.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 1em; vertical-align: baseline; width: 589px;">
Em tom irônico, o artigo afirma que Michel Temer não terá a oportunidade de se defender das acusações, visto que literalmente comprou a sua proteção via recursos públicos transferidos para aliados na forma de emendas parlamentares. Aqui, citam 8 bilhões de Euros gastos na operação, aproximadamente R$ 30 bilhões. O afrouxamento na fiscalização do trabalho escravo e a tentativa de entregar as riquezas do nosso subsolo para os estrangeiros completam a saída encontrada pela organização criminosa para fugir da justiça.</div>
<h2 style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: grey; font-family: "Fjalla One"; font-size: 25px; font-weight: 400; line-height: 1.3em; margin-bottom: 0px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; margin-top: 0.8em; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 10px; vertical-align: baseline; width: 589px;">
Perseguição política</h2>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 1em; vertical-align: baseline; width: 589px;">
A miopia da imprensa corporativa e de setores do Poder Judiciário não ficaram de fora da análise. Causa espanto aos gringos a desenvoltura com que Aécio Neves desfila pelos espaços, mesmo sendo acusado – com provas – de diversos atos ilícitos praticados ao longo da vida, incluindo os pedidos de propinas a Joesley Batista flagrados em áudios. Em contraste, citam a implacável perseguição ao ex-presidente Lula e a condenação referente ao “triplex do Guarujá”, apontado no artigo como mera denúncia que carece de comprovação.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 1em; vertical-align: baseline; width: 589px;">
Assim com foi feito um histórico dos crimes de Temer, o artigo também procura situar quem foi Luis Inácio Lula da Silva para o povo brasileiro. Citam a sua saída da presidência com a aprovação recorde de 87% da população, as mais de 30 milhões de pessoas que deixaram a pobreza absoluta durante os seus governos, o pleno emprego e a inserção do Brasil como player importante nas relações internacionais.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 1em; vertical-align: baseline; width: 589px;">
Embora seja alvo de uma sistemática campanha de difamação, o artigo afirma que Lula segue firme como um forte candidato para as eleições de 2018 e que, até o momento, não foi viabilizado um opositor com chances de derrotá-lo. Entretanto, o artigo também afirma que dificilmente Lula terá condições de se candidatar em virtude desta sistemática perseguição política.</div>
<h2 style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: grey; font-family: "Fjalla One"; font-size: 25px; font-weight: 400; line-height: 1.3em; margin-bottom: 0px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; margin-top: 0.8em; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 10px; vertical-align: baseline; width: 589px;">
Desfile do arbítrio</h2>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 1em; vertical-align: baseline; width: 589px;">
O vale-tudo proporcionado pela direita conservadora para garantir sucesso nas eleições de 2018 e seus reflexos na sociedade mereceram destaque no artigo. Tendo PSDB e DEM à frente, a composição política acabou por fortalecer a ultradireita com a ascensão de Jair Bolsonaro e seu elogio à tortura, ao racismo, à homofobia e misoginia. O pouco apreço aos preceitos democráticos e a defesa do assassinato sumário contra pessoas acusadas de crimes completam o perfil daquele que materializou o ódio patrocinado por partidos que, incapazes de derrotarem os adversários nas urnas, militam pela sua extinção.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 1em; vertical-align: baseline; width: 589px;">
A aceitação deste discurso preconceituoso e assassínio é vista com preocupação, especialmente em face de um temor irracional do “comunismo” manifestado pelos simpáticos aos ideais fascis</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 1em; vertical-align: baseline; width: 589px;">
tas propagados por Bolsonaro. Movimentos como o MBL são apontados como responsáveis por instigar no seio da sociedade tais ideais extremistas fazendo uso de uma agenda ultra neoliberal e um moralismo ultra conservador, dialogando diretamente com os medos e preconceitos enraizados no senso comum da população. A recente investida contra artistas e obras de arte, arrogando a defesa dos valores da “família tradicional”, seria um exemplo desta conduta.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 1em; vertical-align: baseline; width: 589px;">
O avanço do conservadorismo é articulado. Além de ideais extremistas e uma pueril defesa dos bons costumes, iniciativas que visam cercear o pensamento e a sua manifestação seguem avançando dentro da sociedade. A mordaça conhecida como “Escola Sem Partido”, que visa abolir a crítica e a contextualização do conhecimento produzido e propagado nas salas de aula, é uma realidade em muitos municípios. Com o objetivo declarado de impedir a “doutrinação” de nossa juventude, o que de fato está por trás é impedir o debate de temas fundamentais que constituem a vida em sociedade, criando adultos acríticos docilmente adestrados para exploração sistemática do tal “mercado”.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 1em; vertical-align: baseline; width: 589px;">
Dando suporte a este cordel de retrocessos, a direita religiosa abarcada sob o nome genérico de “Igrejas Evangélicas”. Com uma pauta muito bem definida, não escondem o que desejam: restringir liberdades, retirar direitos das mulheres e minorias e a destruição do que resta de secularismo no Brasil (se um dia existiu). Ataques às religiões de matriz africana ou o vago combate à “cultura pagã” foram utilizados como balão de ensaio durante as eleições municipais de 2016 no Rio de Janeiro, quando um membro da Igreja Universal do Reino de Deus venceu a disputa para a prefeitura.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 1em; vertical-align: baseline; width: 589px;">
Desde então, cresce o movimento que prega trocar a Constituição Federal pela Bíblia. Pasmem, mas pelas ruas da capital carioca podem ser vistos carros ostentado adesivos com esta ideia! Tal situação é ainda mais bizarra se lembrarmos que os funcionários públicos do Rio de Janeiro há meses não recebem seus salários em dia.</div>
<h2 style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: grey; font-family: "Fjalla One"; font-size: 25px; font-weight: 400; line-height: 1.3em; margin-bottom: 0px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; margin-top: 0.8em; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 10px; vertical-align: baseline; width: 589px;">
Desastre iminente</h2>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 1em; vertical-align: baseline; width: 589px;">
O artigo finaliza com um panorama nada animador para o Brasil. Cita a fragmentação da esquerda e as manobras empreendidas pela organização criminosa instalada no Palácio do Planalto e os partidos políticos que a sustentam no Congresso Nacional para se perpetuarem no poder e fugirem das investigações de seus crimes.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 1em; vertical-align: baseline; width: 589px;">
A operação Lava-Jato, em curso desde 2014, já deu sinais de que tem como única preocupação criminalizar a Esquerda e lideranças políticas do campo progressista. O pouco apreço do povo brasileiro à Democracia e a inclinação por soluções fáceis empreendidas pelo herói nacional da vez, somadas às sucessivas revelações de escândalos e a seletividade na punição de corruptos e corruptores, podem levar a população brasileira a ser seduzida pelo discurso vazio e moralista que toma força na sociedade.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px 0px 1em; vertical-align: baseline; width: 589px;">
Mas ao contrário da Itália, que serve de inspiração para a inquisição irradiada desde Curitiba e que resultou em uma figura controversa como Berlusconi, para dizer o mínimo, por aqui esta política do vale-tudo empreendida pelos derrotados de 2014 pode gerar como resultado uma aliança entre o neoliberalismo mais agressivo e o evangelismo mais hipócrita que poderiam existir.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline; width: 589px;">
Que as deusas tenham piedade do Brasil.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: "Droid Serif"; font-size: 18px; margin-left: auto !important; margin-right: auto !important; max-width: 600px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline; width: 589px;">
Fonte: mídia Ninja</div>
Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-65260008003513477292017-11-23T08:42:00.001-02:002017-11-23T08:42:50.030-02:00Canalhice<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Agora de manhã, no Bom Dia Brasil, a Globo sendo a Globo, defendendo com veemência a reforma da previdência, alegando que será boa para os mais pobres. Isso depois de , estes dias, mostrar uma reportagem colocando a culpa da crise nas contas públicas nos salários pagos aos funcionários públicos. É, não existe corrupção nem desmandos com o dinheiro publico.</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Imagine um trabalhador braçal ter que trabalhar 40 anos -para se aposentar. Não se aposentará nunca. </span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Na realidade a refo</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">rma é o fim da aposentadoria do brasileiro. Seguem as perguntas: políticos se aposentam com quantos mandatos mesmo? Quantos assessores cada deputado mantém com o dinheiro público? Quanto do dinheiro público é gasto com os auxílios inúmeros que os deputados recebem? Quanto o "presidente" Temer já gastou para conseguir a aprovação da reforma trabalhista e da reforma da presidência?</span>Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-55474206201171408192017-11-19T11:12:00.001-02:002017-11-19T11:12:13.808-02:00O PODER DA IGNORÂNCIA NA MANUTENÇÃO DO STATUS QUO<div style="background: white; line-height: 20.4pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="border: 1pt none windowtext; font-family: inherit, serif; font-size: 10.5pt; padding: 0cm;">Disseram certa feita que podem
tirar tudo de nós, menos o nosso conhecimento. A capacidade que o ser humano
tem de refletir criticamente sobre a vida é o que determinada em grande medida
a sua liberdade. Dito isso, caso o indivíduo esteja preso em círculos de
pensamentos que não são seus, isto é, seja tão somente um reprodutor de um
discurso que lhe é passado, torna-se impossível ser livre e, consequentemente,
será um escravo do sistema.</span><span style="font-family: "Open Sans","serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; box-sizing: border-box; color: rgba(0, 0, 0, 0.5); font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 20.4pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; vertical-align: baseline; word-break: break-word; word-wrap: break-word;">
<span style="box-sizing: border-box; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; color: black; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Na contemporaneidade, a
escravidão não se dá nos moldes antigos, baseada na coerção e na força, mas
sim, no controle do pensamento, alienando o indivíduo e transformando-o em um
autômato incapaz de escrever uma linha da sua vida com suas próprias mãos.
Sendo assim, a classe dominante cria amarras invisíveis, a fim de que os indivíduos
se mantenham subjugados sem que percebam a prisão que os envolve.</span></span><span style="font-family: "Open Sans","serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; box-sizing: border-box; color: rgba(0, 0, 0, 0.5); font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 20.4pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; vertical-align: baseline; word-break: break-word; word-wrap: break-word;">
<span style="box-sizing: border-box; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; color: black; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Essa cegueira se dá em virtude
da falta de reflexão crítica que os indivíduos possuem, de modo que se torna
muito fácil moldá-los à realidade que os dominantes julgam como necessária à
manutenção do status quo. O enquadramento ao modus vivendi determinado pela
classe dominante se dá pelo que George Orwell chama de controle da realidade ou
duplipensar que “quer dizer a capacidade de guardar simultaneamente na cabeça
duas crenças contraditórias, e aceitar ambas”.</span></span><span style="font-family: "Open Sans","serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; box-sizing: border-box; color: rgba(0, 0, 0, 0.5); font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 20.4pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; vertical-align: baseline; word-break: break-word; word-wrap: break-word;">
<span style="box-sizing: border-box; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; color: black; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Dessa forma, a realidade é
construída pelos detentores do poder nas relações de força na sociedade de
maneira que ela seja modificada e ajustada de acordo com os interesses do
momento histórico. Os dominados ou a “prole”, como Orwell prefere, apenas
aceita a verdade imposta, ainda que esta seja contraditória e vise à manutenção
das discrepâncias sociais.</span></span><span style="font-family: "Open Sans","serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; box-sizing: border-box; color: rgba(0, 0, 0, 0.5); font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 20.4pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; vertical-align: baseline; word-break: break-word; word-wrap: break-word;">
<span style="box-sizing: border-box; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; color: black; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Posto que não há como aceitar
duas crenças simultaneamente, os indivíduos, confusos, não conseguem entender a
verdade por trás do que lhes passam como realidade, de modo que permanecem em
uma ignorância contínua. Essa ignorância é apresentada como sinônimo de força
pelo Partido na obra 1984. Não é preciso dizer que o lema do Partido realmente
produza força, mas apenas para os que detêm o monopólio dela nas micro-relações
de poder no âmbito social.</span></span><span style="font-family: "Open Sans","serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; box-sizing: border-box; color: rgba(0, 0, 0, 0.5); font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 20.4pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; vertical-align: baseline; word-break: break-word; word-wrap: break-word;">
<span style="box-sizing: border-box; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; color: black; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Estendendo à nossa realidade, o
Partido pode ser lido não somente como a classe política, mas como todos
aqueles que se propõem a subjugar as classes inferiores a fim de manterem-se no
poder. Para tanto, fazem de tudo para que sejamos massa de manobra em suas
mãos, nos modelando de acordo com os seus interesses. Somos despersonalizados
para que não consigamos exercer a capacidade reflexiva, o que levaria a
questionar as mazelas sociais.</span></span><span style="font-family: "Open Sans","serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; box-sizing: border-box; color: rgba(0, 0, 0, 0.5); font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 20.4pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; vertical-align: baseline; word-break: break-word; word-wrap: break-word;">
<span style="box-sizing: border-box; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; color: black; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">O pensamento, dessa maneira, é
controlado através de elementos como a mídia e a publicidade. Exerce-se,
portanto, o poder da polícia do pensamento, como aparece no livro, mas sem o
uso da coerção física, como já foi dito. Utilizam-se outros elementos, como a
sedução da sociedade de consumo, com as suas inúmeras fórmulas de felicidade e
prazer apresentadas nas propagandas.</span></span><span style="font-family: "Open Sans","serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; box-sizing: border-box; color: rgba(0, 0, 0, 0.5); font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 20.4pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; vertical-align: baseline; word-break: break-word; word-wrap: break-word;">
<span style="box-sizing: border-box; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; color: black; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Todavia, o controle do
pensamento se dá do mesmo modo, sendo, inclusive, mais eficaz, visto que
inexistindo uma coerção física para os que se afastam da linha, há um trabalho
muito mais forte de sedução, para que voluntariamente os indivíduos tornem-se
servos e abdiquem do seu direito de pensar.</span></span><span style="font-family: "Open Sans","serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; box-sizing: border-box; color: rgba(0, 0, 0, 0.5); font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 20.4pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; vertical-align: baseline; word-break: break-word; word-wrap: break-word;">
<span style="box-sizing: border-box; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; color: black; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Assim, excetuando poucos
indivíduos que ousam questionar o sistema e procuram exercer a sua capacidade
reflexiva, a grande maioria está totalmente adequada ao sistema, vivendo
felizes em sua ignorância. Vivendo vidas mecânicas, são incapazes de tirar as
vendas que os dominantes, sob os seus consentimentos, colocam em seus olhos.</span></span><span style="font-family: "Open Sans","serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; box-sizing: border-box; color: rgba(0, 0, 0, 0.5); font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 20.4pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; vertical-align: baseline; word-break: break-word; word-wrap: break-word;">
<span style="box-sizing: border-box; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; color: black; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Ainda que as condições sejam
difíceis, há a possibilidade de não se condicionar a esse sistema opressor.
Todavia, cada vez mais facilmente as pessoas têm aceitado as crenças
contraditórias da classe dominante, permanecendo imersas na sua pobreza e
ignorância, mesmo que não percebam ou não queiram perceber a venda nos seus
olhos.</span></span><span style="font-family: "Open Sans","serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; box-sizing: border-box; color: rgba(0, 0, 0, 0.5); font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 20.4pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; vertical-align: baseline; word-break: break-word; word-wrap: break-word;">
<span style="box-sizing: border-box; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; color: black; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Embora livres e pensativos,
estamos condicionados a viver de forma servil, sendo oprimidos por um sistema
que apenas visa ao bem-estar de poucos. No entanto, se mudarmos as condições,
podemos mudar as respostas e, assim, tomaremos as rédeas das nossas vidas,
podendo pensar por nós mesmos e não sendo meros reprodutores de um discurso
opressor e hierarquizante.</span></span><span style="font-family: "Open Sans","serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; box-sizing: border-box; color: rgba(0, 0, 0, 0.5); font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 20.4pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; vertical-align: baseline; word-break: break-word; word-wrap: break-word;">
<span style="box-sizing: border-box; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; color: black; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Quando aprendermos, como diz
Orwell, que a verdade não é questão de estatística, seremos seres pensantes e
como indivíduos capazes de produzir o próprio conhecimento, seremos livres,
pois deixaremos de ser condicionados e ignorantes, uma vez que:</span></span><span style="font-family: "Open Sans","serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; box-sizing: border-box; color: rgba(0, 0, 0, 0.5); font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 20.4pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; vertical-align: baseline; word-break: break-word; word-wrap: break-word;">
<span style="box-sizing: border-box; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit;"><strong style="box-sizing: border-box; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; color: black; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">“De maneira permanente, uma sociedade hierárquica só é possível na
base da pobreza e da ignorância.”</span></strong></span><span style="font-family: "Open Sans","serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; box-sizing: border-box; color: rgba(0, 0, 0, 0.5); font-stretch: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: 20.4pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; vertical-align: baseline; word-break: break-word; word-wrap: break-word;">
<span style="box-sizing: border-box; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; color: black; font-family: "inherit","serif"; font-size: 10.5pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Por Erick Morais</span></span><span style="font-family: "Open Sans","serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-51825960826061878352017-11-12T18:46:00.002-02:002017-11-12T18:46:57.943-02:00<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
"O Brasil pode estar caminhando para uma fase que no futuro chamaremos de "2º Período Colonial", no qual a soberania popular foi substituída pela partilha do país entre as grandes corporações estrangeiras, a escravidão foi reimplantada de forma mais sofisticada e as igrejas fundamentalistas passaram a doutrinar ideologicamente a massa emburrecida pelo jogo de aparências das redes sociais.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Da mesma forma que o Chile de Pinochet foi o laboratório do neoliberalismo via "doutrina de choque", o Brasil de Temer é um tubo de ensaio para um novo colonialismo com a destruição dos Estados e nações, tendo o consentimento das oligarquias locais que rejeitaram um projeto de país e que aceitaram serem sócias menores do grande capital apátrida.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Enquanto isso, grupos privados bilionários financiam "movimentos" de direita para convencerem pessoas desinformadas a acreditarem que a agenda dos bilionários de privatização e desmanche do Estado é boa para a população.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Agora, até grupos separatistas aparecem como se surgissem por geração espontânea, sem sequer ser investigado quem os financia.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
O Brasil sangra enquanto sua riqueza é roubada e seu povo explorado. Proliferam oportunistas de toda espécie e a resistência está no Facebook, preocupada em saber quantas curtidas terá, sem se ligar que esta rede social é parte central no processo de controle social e ideológico das massas.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Se tenho esperanças? Sim, por que enxergo as coisas numa perspectiva histórica. Mas já estou preparado para viver uma idade das trevas e a dar a contribuição que for possível para revertê-la no longo prazo."</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Thomas de Toledo</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
Professor de Relações Internacionais da UNIP, historiador pela USP, mestre em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp e especialista em BRICS</div>
Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-57410465858574641792017-11-10T18:51:00.001-02:002017-11-10T18:52:09.602-02:00Retrocesso<div style="text-align: justify;">
Após três anos de ausência minha esperança era, após o período, retornar com notícias melhores, pessoas melhores, cenário melhor. Doce ilusão. Nunca vi um período tão pobre no Brasil, e infelizmente não falo apenas do setor econômico.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu, sinceramente, não sei se o que houve foi a derrubada das barreiras que represavam a falta de educação, o racismo, o machismo; ou se parcela do povo brasileiro mudou para pior.</div>
<div style="text-align: justify;">
O que vemos são pessoas incapazes do diálogo, com a certeza de que a opinião individual é a única válida; homens convictos de que matar uma mulher que se nega a ele é extremamente válido. Os que não chegam a tanto espancam e ameaçam para a manutenção de suas vontades. De qualquer modo, violência é violência.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ser diferente virou também motivo para a ereção dos tribunais populares: gordos, deficientes, homossexuais, transexuais, negros, todos são vistos como o alvo fácil da vez. E o pior que tudo isso em um país no qual boa parte da população se afirma cristã. Não consigo localizar em nenhuma parte dos evangelhos pregação cristã para a morte de gays, discriminação de negros, destruição de locais religiosos de culto diferente do do agressor, para a pena de morte de bandidos (destaque-se os negros e pobres, pois ninguém fala em pena de morte para os bandidos de colarinho brancos, para os filhos da elite).</div>
<div style="text-align: justify;">
Sendo assim, contraditoriamente, não me causa espanto ouvir pessoas que se dizem cristãs, ouvir pessoas que são, teoricamente esclarecidas, declarando seu voto em Bolsonaro, ou pedindo o retorno da ditadura. A opção pelo viés autoritário é a opção dos preguiçosos, daqueles que não querem se dar ao trabalho de lutar pelos seus direitos, lutar contra a corrupção, analisar a política de forma profunda antes de fazer suas escolhas. O segredo é o seguinte: se voltar a ditadura e as coisas não derem certo,a culpa não é minha, mas do governo. Afinal, é uma ditadura. Se Bolsonaro for eleito, idem, afinal, não tenham dúvida, será um governo autoritário. Ninguém assume nada, assim como os que bateram panelas não assumiram o baticum, assim como os que fizeram campanha para Aécio "nunca a fizeram".</div>
<div style="text-align: justify;">
Ah, você então é petralha. Nem petralha nem coxinha. Enquanto os bobos perdem tempo nessa batalha patrocinada pela mídia, os políticos "deitam e rolam". Perde-se tempo, e mais uma vez ninguém analisa profundamente a situação.</div>
<div style="text-align: justify;">
Agora, se a eleição do ano que vem se polarizar, use a cabeça. Vote no candidato com histórico favorável ao trabalhador ( a não ser que você seja banqueiro, empresário ou coisa que o valha).</div>
Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-63537000656664203052014-08-05T09:22:00.001-03:002014-08-05T09:22:34.648-03:00Fernando Leite & Outros Quintais: A ESTRANHA JUSTIÇA INGLESA<a href="http://blogfernandoleite.blogspot.com/2014/08/a-estranha-justica-inglesa.html?spref=bl">Fernando Leite & Outros Quintais: A ESTRANHA JUSTIÇA INGLESA</a>: (Recebi de leitores do blog por sua oportunidade, replico) Em 2003, um deputado inglês chamado Chris Huhne foi pego por um radar dirigi...Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-62707537324389625062014-02-25T08:31:00.001-03:002014-02-25T08:31:16.995-03:00Fernando Leite & Outros Quintais: O ÔNUS DA COPA NO BRASIL<a href="http://blogfernandoleite.blogspot.com/2014/02/o-onus-da-copa-no-brasil.html?spref=bl">Fernando Leite & Outros Quintais: O ÔNUS DA COPA NO BRASIL</a>: (Por e-mail) Renato César Arêas Siqueira compartilhou a foto de Luiz Surianni . REVISTA FRANCESA, RESUME O BRASIL EM TODOS OS SENTI...Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-76666389367212274392013-12-08T11:07:00.000-02:002013-12-08T11:07:02.350-02:00Conflitos entre professores e alunos: por um código de ética docenteBlog da REA<br />
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<b style="background-color: transparent; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">RAYMUNDO DE LIMA</b><a href="http://espacoacademico.wordpress.com/Documents%20and%20Settings/Antonio%20Oza%C3%AD/Meus%20documentos/Dropbox/BLOG/REA/LIMA,%20Rymundo%20de.%20Conflitos%20entre%20professores%20e%20alunos%20por%20um%20c%C3%B3digo%20de%20%C3%A9tica%20docente.doc#_ftn1" sl-processed="1" style="background-color: transparent; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; border: 0px; color: #00adef; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;" title="">*</a></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
No início de novembro/2013, um professor de História da Escola Estadual Maria Montessori, de São Paulo, foi afastado depois de ser flagrado abraçando e beijando uma aluna de 11 anos dentro da sala de aula. Em outubro, um professor da Universidade Federal de Minas Gerais, doutor pela Universidade de Sorbonne (Paris) e há 16 anos na UFMG, foi acusado de assédio sexual por alunas universitárias. Elas disseram que “Ele usa os alunos para exemplificar a matéria. Disse que a nossa colega era atraente [...] e que ele gostaria de ficar na horizontal com ela”. Sua atitude foi considerada pelas alunas como “sexista”, quando disse “ela não passava de uma costela”. O primeiro caso acima foi flagrado, fotografado, mas o segundo parece mera acusação.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Outro professor está sob sindicância porque teria dito, em uma rede social “Desafio alguém a mostrar aqui o depoimento de algum pai aceitando seu filho gay.” Ora, frase como esta aparece no filme “Orações para Bobby”, usado nos meios escolares e pedagógicos para analisar a tendência homoafetiva na juventude com a família, e representa uma parcela significativa da população ainda não preparada para lidar com tal problemática.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Nossa justiça tem sido implacável na condenação de professores. Foi noticiado o caso do professor de uma universidade particular de Minas Gerais condenado a indenizar alunas porque teria dito que o trabalho “estava horrível, um lixo” (15ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de MG); a faculdade Z foi obrigada a pagar R$5.450 à ex-estudante por danos morais. (Uol:14/06/2011). Em Maringá, Paraná, um professor universitário, doutor, com mais de vinte anos de profissão, também foi obrigado a pagar um elevado valor porque teria impedido uma aluna de assistir um evento coordenado por ele.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
PARA PROBLEMATIZAR: Está faltando ética [<i style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">êthos</i>] na atuação docente? No livro “A ética no campo educativo”, o professor de Filosofia na França e doutor em ciências da educação, Francis Imbert (2001), questiona: “Os professores estão bastante impregnados de moral, mas será que possuem uma ética?” Então, estaria faltando<i style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> ética</i>na atuação docente? Ou os alunos estão mais vigilantes, críticos e conscientes dos seus direitos? Alguns alunos/as não estariam confundindo a adoção de atitude ‘crítica’ com atitude ‘cínica’ ao acusar, caluniar ou difamar um professor <i style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">outsider</i>? O professor está totalmente livre para expressar ideias, opiniões, usar metáforas ou ‘brincar’ com palavras ou metáforas durante a aula? Ou a liberdade docente é relativa? A vítima de difamação – professor/a – consegue reparar o dano psicológico ou moral? O professor em atitude íntima com uma menor de idade caracteriza transgressão da função docente, no mínimo. Mas se a aluna for maior de idade, ou seja, namoro entre professor e aluna, pode?</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Médicos, psicólogos, entre outras categorias profissionais, seguem um código de ética, código moral ou deontologia (“deon” = obrigatório, dever). Por que os professores ainda não têm seu próprio código de ética? Ética situa-se antes de qualquer conformidade moral. Na época de apagamento das fronteiras (certo/ errado, pode/ deve, pessoal/ profissional), a formação ética no campo da docência poderia contribuir para melhor preparar o professor para agir corretamente no dia a dia da sala de aula? Noutros termos, como vivemos um tempo de <i style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">interregno</i>, como deve ser a conduta deste profissional: sob o ponto de vista físico (modo de vestir), discursivo (modo de falar, argumentar), e o ético e estético durante as aulas?</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Está em extinção o estilo professoral carrancudo, isto é, aquele professor que só pela presença causava nos alunos pavor durante a aula e pesadelos no sono. Ele sempre tinha razão. Ora, o professor hoje se sente desamparado, despreparado para lidar com alunos desatentos, hiperativos, desrespeitosos, agressivos, ameaçadores, prontos para explosão de ira diante de um não, ou prontos para lesar o sentido do projeto educativo. Antigamente os pais confiavam nos professores, hoje não. (Sugiro ver os filmes: “O substituto”, “Infâmia”). <i style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Quando eu era aluno, os professores sempre tinham razão. Hoje, que sou professor, a tendência é sempre dar razão aos alunos</i>, observa o professor Leandro Karnal, em conferência do CPFL-videos. Por que hoje muitos tendem a dar razão ao aluno? Por que o aluno virou cliente, conforme o ideário neoliberal? E o cliente sempre tem razão!</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
VIVÊNCIA E SOBREVIVÊNCIA DOCENTE</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Conforme o interessante estudo de Marilda da Silva (2005), os professores aprendem mais com a prática docente do que com as teorias da didática e das metodologias de ensino. Ou seja, o “<i style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">habitus</i> professoral” [sic] é aprendido independentemente da formação didática específica; é aprendido no ensaio-erro da atuação profissional. Durante a formação universitária o máximo que é aprendido é o “<i style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">habitus</i> estudantil”, porque nos cursos de formação de docentes os alunos lêem e discutem o tema “[in]disciplina na sala de aula”, por exemplo, mas não praticam a ação de manter a classe disciplinada como se fossem professores. Também ainda não existe uma matéria para formação de professores sobre ética docente.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
De acordo com esta pesquisa, acumulamos algumas preocupações: a) a formação de professores não funciona na prática, só na teoria; b) a nova geração de professores corre pior risco de estar em colapso mental durante o exercício profissional porque está totalmente despreparada para lidar ou ‘trabalhar com’ a nova geração de alunos de tendência incivilizada, indisciplinada ou até mesmo cínica. Alguns sindicatos de professores vêm alertando para o crescente número de professores afastados do trabalho, licença médica ou psicológica, por <i style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">burnout</i>, depressão, fobia escolar, distúrbios psicossomáticos, síndrome loco-neurótica<a href="http://espacoacademico.wordpress.com/Documents%20and%20Settings/Antonio%20Oza%C3%AD/Meus%20documentos/Dropbox/BLOG/REA/LIMA,%20Rymundo%20de.%20Conflitos%20entre%20professores%20e%20alunos%20por%20um%20c%C3%B3digo%20de%20%C3%A9tica%20docente.doc#_ftn2" sl-processed="1" style="background-color: transparent; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; border: 0px; color: #00adef; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;" title="">[1]</a>, etc.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
No livro “Adoro odiar meu professor: o aluno entre a ironia e o sarcasmo pedagógico”, Antonio Zuin (2008) reconhece como sádica a função docente ao longo da sua história. Ou seja, o sadismo professoral sempre foi uma<i style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> habitus</i>, jamais criticado ou questionado. Pierre Bourdieu (1998 e outros) reconhece o quanto a escola e a universidade exercem violência simbólica sobre os alunos, desde sua entrada até sua formação. Então, como não odiar o professor que atua com violência camuflada? Como gostar de uma escola ou universidade que atuam ora excluindo ora sendo omissa ou indiferente?</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Ainda no século passado a escola aplicava instrumentos punitivos (palmatória) ou castigos físicos, e hoje ainda existem professores que estigmatizam alguns alunos com palavras ofensivas, tais como “burro”, “idiota”, etc. Ou usam atos constrangedores, por exemplo, uma professora e uma monitora obrigaram dois alunos da escola a ficarem nus em sala de aula, para averiguação de sumiço de dinheiro. Como não odiar esta professora?</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Hoje são produzidas formas sofisticadas de violência simbólica, em que o aluno é estigmatizado [rotulado], mas ele não se dá conta. Ou mesmo os professores não fazem autocrítica de seu posicionamento violento. Dizer que fulano é “TDAH”, muitas vezes é reproduzido pelos pais como modo de proteger o/a filho/a; e parece que todos os agentes não se reconhecem fazendo uso desta forma de violência simbólica.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
A universidade por séculos cumpriu a tradição autoritária repressora; os professores eram considerados arrogantes, irônicos, sarcásticos, até exerciam algo de sádico durante provas e bancas examinadoras. De certa forma, até hoje tal sadismo ainda é autorizado nas bancas de seleção e exame.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Mas ser docente universitário hoje implica antes de tudo ser “professor-pesquisador”. Isso significa ser prudente na fala e nos gestos. Ele não pode confundir ironia – que é uma virtude, segundo Comte-Sponville (2005) com sarcasmo, durante aulas, palestras, bancas. Também os alunos – feitos ‘clientes’ – deveriam saber mais sobre como funciona o <i style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">habitus </i>docente: brincadeirinhas e exemplos de boa fé [didática] podem ser usados para ilustrar um conteúdo compõem tal <i style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">habitus</i>, ainda que a onda politicamente correta exagere nas denúncias.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Nos EUA e Canadá, o regulamento escolar proíbe o professor ‘tocar’ aluno (abraço, beijinho no rosto). Algumas instituições de nível superior recomendam ao professor atender aluno/a com porta aberta, para não causar mal entendido, constrangimento ou processo judicial. Certamente são indícios ou sintomas de ruptura da confiança entre professores e alunos, cujo ambiente escolar e universitário, no mínimo, produz efeitos danosos para ambos. A discussão sobre um código de ética docente poderia esclarecer e prevenir melhor nossa atuação. É uma proposta.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<b style="background-color: transparent; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Referências</b></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
ALEVATO, Hilda. <i style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Síndrome loconeurótica revisitada: </i>o cotidiano de docentes. Rev. Psicol., Organ. Trab. v. 12 nº.2, Florianópolis, ago. 2012. Disponível em:<a href="http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1984-66572012000200008&script=sci_arttext" sl-processed="1" style="background-color: transparent; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; border: 0px; color: #00adef; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1984-66572012000200008&script=sci_arttext</a></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
BOURDIEU, Pierre. <strong style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Escritos de educação</strong>. Petrópolis: Vozes, 1998.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
COMTE-SPONVILLE, André. <strong style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Pequeno tratado das grandes virtudes</strong>. São Paulo: Martins Fontes, 1995.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
IMBERT, Francis. <strong style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">A questão da ética no campo educativo</strong>. Petrópolis: Vozes, 2001.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
SILVA, Marilda da. <i style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">O habitus professoral</i>: o objeto dos estudos sobre o ato de ensinar na sala de aula. In: Revista Brasileira de Educação. maio/jun/jul/ago, 2005. Disponível em:</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
UOL. <strong style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Professor classifica trabalho de ‘lixo’, e universidade é condenada a indenização</strong>. 14/06/2011. Disponível em: <a href="http://educacao.uol.com.br/noticias/2011/06/14/professor-classifica-trabalho-de-lixo-e-universidade-e-condenada-a-indenizacao.htm" sl-processed="1" style="background-color: transparent; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; border: 0px; color: #00adef; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">http://educacao.uol.com.br/noticias/2011/06/14/professor-classifica-trabalho-de-lixo-e-universidade-e-condenada-a-indenizacao.htm</a></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
ZUIN, Antonio. <strong style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Adoro odiar meu professor: o aluno entre a ironia e o sarcasmo pedagógico</strong>. Campinas: Autores Associados, 2008.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<div style="background-color: transparent; border: 0px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
</div>
<hr size="1" style="background-color: #e9e9e9; border: 0px; height: 1px; margin: 0px 0px 13px; text-align: left;" width="33%" />
<div style="background-color: transparent; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<div style="background-color: transparent; border: 0px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<a href="http://espacoacademico.wordpress.com/Documents%20and%20Settings/Antonio%20Oza%C3%AD/Meus%20documentos/Dropbox/BLOG/REA/LIMA,%20Rymundo%20de.%20Conflitos%20entre%20professores%20e%20alunos%20por%20um%20c%C3%B3digo%20de%20%C3%A9tica%20docente.doc#_ftnref1" sl-processed="1" style="background-color: transparent; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; border: 0px; color: #00adef; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;" title="">*</a> <b style="background-color: transparent; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">RAYMUNDO DE LIMA</b> é Professor-doutor do Departamento de Fundamentos da Educação (DFE), da Universidade Estadual de Maringá. É colunista da revista eletrônica Espaço Acadêmico.</div>
</div>
<div style="background-color: transparent; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<h3 style="background-color: transparent; border: 0px; clear: both; font-size: 18px; margin: 0px 0px 15px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<a href="http://espacoacademico.wordpress.com/Documents%20and%20Settings/Antonio%20Oza%C3%AD/Meus%20documentos/Dropbox/BLOG/REA/LIMA,%20Rymundo%20de.%20Conflitos%20entre%20professores%20e%20alunos%20por%20um%20c%C3%B3digo%20de%20%C3%A9tica%20docente.doc#_ftnref2" sl-processed="1" style="background-color: transparent; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; border: 0px; color: #00adef; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;" title="">[1]</a> Cf.: ALEVATO, 2002.</h3>
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Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-15030668413162517582013-12-03T07:46:00.004-02:002013-12-03T07:46:50.445-02:00Lei Para Quê???<div style="text-align: justify;">
Se um operador do direito posiciona-se contra a lei, imagine o resto da população...</div>
<div style="background-color: white; color: #303030; font-family: arial, helvetica; font-size: 14px; line-height: 18px;">
<br /></div>
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<br /></div>
<h1 id="noticia-titulo" itemprop="name" style="background-color: white; color: #303030; font-family: arial; font-size: 34px; letter-spacing: -1px; line-height: 36px; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Direito de greve: Ministro diz que é 'demagogia'</h1>
<h2 id="noticia-olho" style="background-color: white; color: #646464; font-family: arial; font-size: 24px; font-weight: normal; letter-spacing: -1px; line-height: 26px; margin-bottom: 16px; text-align: justify;">
Paralisação de professores, como a que ocorreu no Rio, foi criticada por Fux</h2>
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O Dia</div>
<div class="barra-superior" id="barra-superior" style="background-color: white; clear: both; color: #303030; font-family: arial, helvetica; font-size: 12px; height: 21px; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<strong itemprop="name" style="color: #df0000; font-size: 11px; text-transform: uppercase;">STEPHANIE TONDO</strong></div>
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<br /></div>
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Rio - Responsável pelo acordo entre o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) e os governos municipal e estadual que pôs fim à greve da categoria no Rio, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux declarou ontem que permitir a greve de servidores públicos é “demagogia” e “desatino”. Durante discurso em seminário no Rio, Fux criticou a Constituição Federal de 1988, por garantir o direito de greve no funcionalismo.</div>
<div style="background-color: white; color: #303030; font-family: arial, helvetica; font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: justify;">
Segundo ele: “a greve do servidor não tem eficácia. Só prejudica aqueles que dependem do serviço público”. Além disso, o ministro disse ser contra a paralisação dos professores e as manifestações.</div>
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Diretora do Sepe, Vera Nepomuceno caracteriza como lamentáveis as declarações. “A Constituição de 88 foi a que mais avançou no direito do trabalhador. E servidores não são sacerdotes, são trabalhadores”, disse. </div>
<div style="background-color: white; color: #303030; font-family: arial, helvetica; font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: justify;">
Para o presidente do Sindicato dos Servidores das Justicas Federais no Rio, Valter Nogueira Alves, a postura do ministro foi incoerente, já que o Supremo reconhece o direito de greve dos servidores. “Ele disse que a lei vale para uns e não para outros”, exclamou.</div>
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<strong>POSTURA ATRASADA</strong></div>
<div style="background-color: white; color: #303030; font-family: arial, helvetica; font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: justify;">
Secretário-geral da Condsef, Josemilton Costa entende a postura do ministro como atrasada. “Somos trabalhadores como qualquer outra categoria. Pagamos impostos, contribuimos para o país”, alegou.</div>
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<strong>PROJETO DE LEI</strong></div>
<div style="background-color: white; color: #303030; font-family: arial, helvetica; font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: justify;">
Segundo Josemilton Costa, o projeto do senador Romero Jucá (PMDB/RR) que regulamenta o direito de greve do servidor público ainda está sendo discutido pelas centrais sindicais.</div>
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<strong>REUNIÃO DIA 10</strong></div>
<div style="background-color: white; color: #303030; font-family: arial, helvetica; font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: justify;">
No próximo dia 10, representantes das centrais sindicais se encontram novamente com o senador para discutir sobre o projeto. “Queremos que seja levada em consideração a proposta dos sindicatos”, disse Josemilton.</div>
Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512636810449048364.post-7313455465563183712013-12-03T07:22:00.001-02:002013-12-03T07:22:07.042-02:00Estou Procurando o que Fazer...: Rosinha vaiada em "casa", de novo<a href="http://www.estouprocurandooquefazer.com/2013/12/rosinha-vaiada-em-casa-de-novo.html?spref=bl">Estou Procurando o que Fazer...: Rosinha vaiada em "casa", de novo</a>: Por Gustavo Matheus, em 02-12-2013 - 18h38 Folha da Manhã online Neste último sábado, em parceria com a orquestra sinfônica de Ca...Sorellahttp://www.blogger.com/profile/10663705959264507769noreply@blogger.com0